Edifício São Pedro deve ser desapropriado para receber espaço cultural, diz Secretaria do Turismo
Realização do projeto depende de decreto para dar autonomia ao Estado sobre a estrutura
Da indefinição sobre o tombamento à possibilidade de reforma, o futuro do Edifício São Pedro pode ter um novo desfecho com a criação de um espaço cultural e turístico. O Distrito Criativo é a proposta da Secretaria de Turismo do Ceará (Setur), divulgada nesta quinta-feira (17), mas que depende da desapropriação do prédio histórico.
Por isso ainda não há definição sobre quando as obras devem começar na edificação da Praia de Iracema. Quando concluído, o Distrito Criativo deve ter espaço para artesanato, artes visuais, design, gastronomia, literatura, música e cultura popular.
Veja também
O equipamento será reformado pelo potencial turístico e a relevância histórica do Edifício São Pedro, estabelecido na década de 1950, com gerenciamento feito pelo Setur. Essa decisão acontece também tomando exemplos internacionais de distritos criativos.
O Edifício São Pedro está comprometido pela falta de reformas e a Prefeitura de Fortaleza considerou “inviável economicamente recuperar a estrutura do imóvel”, quando indeferiu o tombamento do local em agosto de 2021.
Francisco Philomeno Junior, um dos proprietários do Edifício São Pedro, foi consultado pela reportagem, mas não tinha conhecimento sobre a decisão na tarde desta quinta-feira (17).
“Nós não temos informações sobre isso, nada foi tratado com a gente até o momento, nenhuma manifestação de interesse no prédio (repassada) para a gente não”, frisou.
Philomeno lembra que a situação da estrutura passa por análise. “Estamos na seara judicial ainda, trabalhando na Justiça, para liberar a questão do tombamento”, informou.
Possibilidades de intervenção
As condições do Edifício também já foram analisadas pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE) que avaliou a estrutura como na iminência de um colapso, em abril de 2021. Naquela época, o presidente do Crea, Emanuel Mota, explicou que a ausência de manutenção encarece a reforma.
"É de fundamental importância que o poder público seja ágil na tomada dessas decisões. Afinal de contas, esses prédios já estão aí há muito tempo. Vivemos em Fortaleza, uma cidade com atmosfera muito agressiva, sem espaço para ampliação urbana, e os prédios históricos, antigos, vão se deteriorando mais rapidamente. São alvo da especulação imobiliária e chega ao ponto de a recuperação se tornar inviável para o empreendedor”, analisou em entrevista ao Diário do Nordeste.