De 10 hospitais municipais de Fortaleza, 3 ainda carecem de melhorias estruturais e aguardam obras

Frotinhas e Gonzaguinhas têm mais de 30 anos de construção e, há anos, precisam de modernização. Desafio é garanti-las e não afetar ainda mais a oferta dos serviços de saúde

Escrito por Thatiany Nascimento , thatiany.nascimento@svm.com.br
gonzaguinha do jose walter
Legenda: O Gonzaguinha do José Walter foi completamente reformado e a população aguarda a entrega do equipamento
Foto: Kid Júnior

Quando se fala nos hospitais públicos municipais de Fortaleza, dois pontos são destacados por serem desafiadores: um, o fato de a Capital ter 10 unidades, número alto; e outro, a idade dos equipamentos e carência histórica de obras de modernização. A lista de unidades inclui o Instituto Dr. José Frota (IJF), os hospitais Dra. Zilda Arns Neumann (da Mulher), da Criança de Fortaleza, o Nossa Senhora da Conceição, 3 Gonzaguinhas e 3 Frotinhas. Na grande maioria, construídos há mais de 30 anos. 

Nos últimos anos, após algumas intervenções feitas pela Prefeitura, o diagnóstico da gestão municipal, segundo a titular da Secretaria Municipal de Saúde, Ana Estela, é que 3 unidades, das 10, ainda carecem de melhorias estruturais. 

Destas, uma passa por obras desde 2021, mas não foi entregue completamente. Outras duas têm a promessa de passar por grandes intervenções. São elas: 

  • Frotinha de Messejana (está fechado para obras)
  • Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana (Gonzaguinha de Messejana) 
  • Frotinha da Parangaba

Iniciativas necessárias, mas que não deixam de causar impasses, tendo em vista as demandas numerosas e contínuas da rede hospitalar. Além disso, cada obra requer planejamento e execução adequados, justamente, para que nem pacientes, nem profissionais fiquem prejudicados. 

Isso porque há situações em que as intervenções ocorrem em paralelo ao funcionamento do hospital, e outras nas quais a gestão decide paralisar a oferta de atendimento e remanejá-los para outras unidades. Em ambos os casos, o serviço acaba por sofrer impactos. 

No cenário mais recente, a Prefeitura informou que irá fechar o Hospital Distrital Gonzaga Mota Messejana (Gonzaguinha de Messejana) tão logo, o novo Gonzaguinha do José Walter esteja em funcionamento. A nova unidade no José Walter deve ser entregue em julho. Mas não foi anunciada ainda uma data específica. 

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No bairro, a Prefeitura construiu um novo Gonzaguinha, por R$ 25 milhões, atrás do antigo prédio que, durante a obra, atuou com a capacidade reduzida, apenas com leitos de clínica médica.

Outro desafio nas obras da rede secundária, a exemplo do caso do José Walter, são os prazos. Foram, ao menos, 22 meses de construção, quando a estimativa inicial de conclusão era de um ano. A pandemia, e todos os efeitos decorrente dela também na construção civil, afetaram o andamento, argumenta a Prefeitura.  

gonzaguinha josé walter
Legenda: A Prefeitura ainda estuda o que será feito com a antiga estrutura do Gonzaguinha do José Walter
Foto: Kid Júnior

Obras na rede secundária

Os hospitais públicos da rede municipal, com exceção do IJF e do Hospital da Mulher, são de nível secundário e atendem a média complexidade. Isso significa que os serviços são intermediários entre o que é garantido nos postos de saúde e os grandes hospitais de alta complexidade com atendimento especializado. Os equipamentos secundários, têm, dentre outros, atendimentos como clínica geral,  traumatologia,  pediatria, ginecologia e obstetrícia. 

Em Fortaleza, há mais de 10 anos se fala em modernização da rede secundária.

Nos últimos 6 anos, alguns hospitais foram reformados e outros totalmente reconstruídos e entregues, como o Hospital da Criança. A secretária municipal de Saúde, Ana Estela Leite, acrescenta que, nesse caso, “entregamos o hospital de 104 leitos, antes tínhamos um de 30 leitos”. 

As demais já passaram recentemente por obras. Dentre outras alterações, as intervenções contemplaram os setores de emergência, centro cirúrgico, enfermarias, além de incremento na quantidade de leitos, a recuperação das instalações elétricas  e hidráulicas. 

O Hospital da Criança terá 104 leitos
Legenda: O Hospital da Criança foi uma das unidades secundária construída pela Prefeitura nos últimos anos
Foto: Kid Júnior

Ana Estela reforça que a compreensão é que “estamos precisando fazer intervenções e ampliações nos hospitais”, mas explica que cada unidade tem especificidades no processo, logo, é preciso analisar se há condições de executar as obras com a unidade em funcionamento ou é necessário interromper os serviços de atendimento. 

No caso da intervenção no Gonzaguinha de Messejana, desde o anúncio do possível fechamento da unidade, em maio - a data da paralisação dos atendimentos ainda será divulgada oficialmente- os funcionários têm chamado atenção para o fato. 

“Os hospitais secundários historicamente foram reformados em andamento. O centro cirúrgico do Antônio Bezerra foi reformado e ampliado com o hospital funcionando, assim como o IJF. Não há necessidade de fechar um hospital como o Gonzaguinha para fazer uma reforma”.
Regina Cláudia Neri
Diretora setorial de Saúde do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort)

Além disso, ela também destaca que o Gonzaguinha de Messejana, é um dos hospitais que mesmo antigo, já passou por algumas reformas. Isso faz com que os servidores questionem a real necessidade de reconstruir completamente a unidade.  

Necessidade de melhorias

A representante do sindicato também enfatiza que a gestão municipal anterior teve um olhar mais voltado para a rede primária e “somente ao final do mandato foi olhar para as secundárias. Ele fez muitas unidades básicas, reformou, e os hospitais ficaram deixados de lado”. 

frotinha de messejana
Legenda: Frotinha de Messejana já passou por algumas etapas de obras e está fechado para conclusão das intervenções.
Foto: Fabiane de Paula

Do que ainda precisa passar por intervenções, ela ressalta como exemplo o Frotinha da Parangaba. “A parte do prédio antigo está muito precária. São as enfermarias, a parte dos leitos de retaguarda. Na parte nova tem a UTU (Unidade de Terapia de Urgência) e centro cirúrgico. Copa, dormitório é tudo no prédio velho que está sem condições”. 

A  titular da SMS, Ana Estela, garante que esse é um dos equipamentos que deve ser reestruturado. "Na linha do trauma, Fortaleza praticamente absorve uma grande demanda de quase todo o Estado do Ceará. As intervenções e ampliações são direcionadas pela necessidade da população". 

"O Frotinha de Parangaba, após o de Messejana, será o hospital que passará por uma nova intervenção. Nós fizemos a emergência, o centro cirúrgico, mas toda área da enfermaria é muito antiga, com uma estrutura muito precária. Vamos construir uma nova área no local onde está o estacionamento e depois vamos demolir a área das enfermarias". 
Ana Estela
Secretária de Saúde de Fortaleza

Confira situação das unidades secundárias

Obras concluídas 

  • Hospital Nossa Senhora da Conceição

Idade: cerca de 30 anos
Atendimento em obstetrícia e clínica médica para adultos e crianças, com emergências funcionando 24 horas. Com a obra passou a ter, dentre outros, um novo centro de parto normal, uma unidade de cuidado intermediário para o recém nascido e leitos de alojamento conjunto. 
Ordem de serviço assinada: 20/06/2016
Reforma entregue: 15/06/2018. 

  • Hospital da Criança de Fortaleza 

Primeiro hospital pediátrico clínico e cirúrgico do município tem pronto atendimento 24h, salas de observação com consultórios, e 104 leitos, destinados a internação e observação. Foi um dos hospitais construídos. 
Ordem de serviço assinada: 29/05/2018
Obra entregue: 18/08/2020

  • Gonzaguinha da Barra 

Idade: 30 anos
Passou por uma reforma geral da coberta. Com a obra teve, dentre outros, 30 leitos de alojamento conjunto, um centro de parto normal e novas unidades de cuidados intermediários. 
Ordem de serviço assinada: 24/07/2018
Obra entregue: 07/10/2020

  • Frotinha do Antônio Bezerra

Idade: cerca de 40 anos
2ª Frotinha do Antônio Bezerra 
Centro cirúrgico ampliado, salas de recuperações amplaidas e recuperação em enfermarias
Ordem de serviço assinada: 21/06/2016
Obra entregue: 05/12/2017

Obra concluída, mas não entregue

  • Hospital Distrital Gonzaga Mota do José Walter (Gonzaguinha José Walter) 

Unidade hospitalar que atende demanda espontânea 24 horas e realiza pronto-atendimento obstétrico, clínico e pediátrico. O hospital ocupará um prédio novo. Uma das grandes mudanças é o aumento do número de leitos, passou de 54 para 154.  
Ordem de serviço assinada: 26/06/2020
Previsão de entrega: 07/2022

Passa ou vai passar por obras

  • Frotinha de Messejana

Idade: cerca de 40 anos
Fechado desde maio de 2021 para obras. Em anos anteriores, já passou por requalificação da farmácia. É um hospital para atendimento a pacientes com fraturas de pequeno e médio portes, também recebe demandas de clínicas médicas. A unidade deve ganhar uma nova emergência. 
Ordem de serviço assinada: 04/11/2019
Previsão de entrega: Emergência, ainda em 2022 e centro cirúrgico no início de 2023.

  • Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana (Gonzaguinha de Messejana) 

Já passou por reforma em anos anteriores, mas ainda precisa de continuidade. No local foi concluída a reforma da enfermaria. 
Previsão: não há prazo certo para iniciar a terceira etapa. Com a abertura do Gonzaguinha do José Walter, o Gonzaguinha de Messejana será fechado para obras. 

  • Frotinha da Parangaba

Idade: cerca de 40 anos
Segundo a Prefeitura, em obras anteriores ganhou uma área nova para o centro cirúrgico, sala de recuperação e nova emergência. Nas obras futuras toda a área da enfermaria, que é muito antiga, deve ser refeitas em um novo espaço dentro do atual terreno da unidade. 

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