Chuvas de 'eventos isolados' devem afetar o Ceará em junho e julho, diz Funceme
Com o fim da estação chuvosa, é normal as precipitações diminuírem no Estado, mas as próximas semanas ainda podem ter registros repentinos
Os meses de junho e julho devem ter redução das precipitações no Ceará, mas ainda podem registrar eventos isolados de chuvas, principalmente na Faixa Litorânea. As informações foram repassadas pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) em coletiva nesta quinta-feira (1º).
Com o fim da quadra chuvosa, que acontece entre fevereiro e maio, há uma redução natural das chuvas no Estado. O período pós-estação, de junho a julho, tem uma média histórica de 52,9 milímetros (mm). Em maio, por exemplo, esse valor é de 90,6 mm.
No entanto, em entrevista, o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, explicou que "sistemas de instabilidade locais" e "sistemas de brisas" induzem as chuvas mais repentinas, como as registradas na manhã desta quinta-feira (1º), em Fortaleza.
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Também podem acontecer os eventos isolados no interior do Estado, mas o especialista não especificou as localidades. Os primeiros dias de junho devem ter chuvas pontuais também na região Jaguaribana e no Cariri.
As chuvas são relacionadas às áreas de instabilidade vindas do leste da região Nordeste. Umidade, temperatura e relevo são outros fatores que contribuem para as chuvas pontuais.
"São sistemas mais localizados e nós não temos uma expectativa de chuvas expressivas no Ceará. Pode acontecer, claro, eventos isolados e expressivos, mas não de caráter generalizado, como tivemos em março", pondera.
Março de 2023 foi o mês mais chuvoso dos últimos 15 anos no Ceará, com registro de 288.9 mm, um desvio positivo de 42%, quando a média histórica é de 203.4 milímetros. O período foi menor apenas do que março de 2008, quando os 332.8 mm de água representaram um volume quase 64% superior ao normal.
Balanço da quadra chuvosa
As chuvas de março, inclusive, puxaram os acumulados da quadra chuvosa para ser a melhor dos últimos 3 três anos, com registros em torno da média histórica para o período, conforme dados da Funceme coletados pelo Diário do Nordeste nesta quarta-feira (31).
O intervalo de fevereiro a maio marcou um acumulado de 642 milímetros, quando a média histórica é de 600,7mm. O resultado concretiza o último prognóstico climático do órgão, que indicava 40% de probabilidade para chuvas em torno da normalidade; havia ainda 40% de chance de ficar acima dela, ou 20% abaixo.
Nos últimos 10 anos, o período só fica atrás de 2020, que registrou 727,4mm, e de 2019, com 671,9mm. Além disso, manteve tendência de chuvas em torno da média verificada nos últimos anos.
Impacto nos açudes
Os meses chuvosos foram positivos para os reservatórios de água: 71 chegaram a sangrar durante o período. Além disso, o Ceará encerra a quadra chuvosa com 51% da capacidade de armazenamento, o que corresponde a 9,1 bilhões de metros cúbicos. O principal reservatório do Estado, o Açude Castanhão está em 31,85% da capacidade.
No começo deste ano, o percentual era de 31,4%, conforme o Portal Hidrológico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). A Bacia do Banabuiú, no Sertão Central, foi a região de destaque.
Depois de uma sequência com baixos aportes, foi registrado o maior volume dos últimos 10 anos, passando de 9% para 41% do volume armazenado. Ainda assim, passou da classificação "muito crítica" para "em alerta".