Chilena passa mal em voo, pousa em Fortaleza e é atendida pelo SUS: 'Senti que não estava sozinha'

Daniela Paz Caro Galvez, 36, tem diabetes tipo 1. Ela voltava de férias da Espanha com a família quando sofreu um pico glicêmico no avião e precisou desembarcar de maneira emergencial

Escrito por
Luana Severo luana.severo@svm.com.br
(Atualizado às 18:51)
Daniela em um leito do Hospital Leonardo da Vinci acompanhada da filha
Legenda: A paciente pôde receber visita dos familiares durante a internação
Foto: Divulgação/Sesa

Uma chilena de 36 anos passou mal durante um voo com destino a Santiago e precisou desembarcar de maneira emergencial em Fortaleza, no Ceará. Daniela Paz Caro Galvez estava com a família em Madri, na Espanha, passando férias, quando, no retorno ao Chile, no último 9 de julho, sofreu um pico glicêmico — com vômitos e dificuldade para respirar.

"Estava sentindo muita dor no estômago. No voo de Madri para Santiago, vomitei e comecei a ter dificuldade para respirar. Eu não aguentava mais. Administraram toda a solução salina disponível [no avião], mas eu não melhorava. Minha glicemia estava em 450", contou a chilena.

O mal-estar, segundo ela, foi provocado por falta de insulina durante o voo. "Passei muito mal. Um médico que estava no avião me examinou e recomendou o pouso de emergência em Fortaleza", narrou.

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Na Capital cearense, a mulher foi atendida por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) Ceará que a aguardava no aeroporto e foi transferida para o Hospital Geral de Fortaleza (HGF). "Não imaginava que seria atendida tão rapidamente e com tanto cuidado. Estou muito grata por todo o acolhimento", disse.

Daniela tem diabetes tipo 1. Do HGF, ela precisou ser transferida para o Hospital Estadual Leonardo da Vinci (Helv) no dia seguinte, onde ficou internada por quase uma semana — tempo suficiente para fazer amizade com a técnica de enfermagem que a atendeu.

A Maritza [técnica de enfermagem do Helv] não me tratou como mais uma paciente, mas como uma pessoa com medos, dores e emoções. Ela se importou não apenas com a minha saúde física, mas, também, com o meu bem-estar emocional. Senti que não estava sozinha, mesmo estando longe do meu país".
Daniela Paz Caro Galvez
Paciente chilena atendida em Fortaleza

Durante o período em que Daniela ficou internada, o marido dela, Hernandes Galvez, e a filha do casal, de sete anos, também receberam "assistência integral" pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo o governo do Estado.

Atualmente, a paciente segue em processo de estabilização clínica no Chile. Ela recebeu alta do Helv no último dia 16.

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Acesso de estrangeiros ao SUS

O acesso de estrangeiros ao SUS é garantido pela Lei nº 8.080/1990, que regula as ações e serviços de saúde no Brasil. A legislação afirma que o atendimento universal e igualitário é um dos princípios do SUS, sendo garantido a todos os indivíduos no território nacional, independentemente de nacionalidade ou status migratório.

A coordenadora da Clínica Médica do Hospital Leonardo da Vinci, Renata Leitão, ressaltou que os cuidados com a chilena reforçam a essência da saúde pública brasileira: "Acolher e cuidar de todos, sem distinção. Mesmo em meio a uma situação delicada e inesperada, em um país desconhecido, ela [Daniela] pôde contar com uma rede pública de saúde comprometida com a vida. Recebeu toda a assistência especializada necessária, inclusive, com suporte psicológico e social", afirmou.

O suporte à família da chilena também foi destacado pela equipe que a atendeu. "Um ponto importante foi garantir que a filha pudesse visitar a mãe durante a internação, enquanto direito do paciente e da criança em visitá-la, o que contribuiu para o bem-estar emocional de ambas em um momento tão delicado", relatou a coordenadora do Serviço Social do hospital, Danielle Cláudia de Brito.

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