Chefes de família: mulheres são responsáveis por mais da metade dos lares do CE, mostra IBGE
Em 2015, os homens eram os responsáveis por 58% dos domicílios. Foi na virada de 2020 para 2021 que elas assumiram mais de 50% dos lares cearenses
Mais da metade dos lares cearenses são chefiados por mulheres. No Ceará, elas são as responsáveis por aproximadamente 56% dos mais de 3,2 milhões de domicílios. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua): Características gerais dos domicílios e dos moradores 2024, divulgada nesta sexta-feira (22), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Uma década atrás, em 2015, o cenário era o contrário: os homens eram os responsáveis por 58% dos domicílios. Foi na virada de 2020 para 2021 que a situação se inverteu e, pela primeira vez desde 2012, as mulheres assumiram mais de 50% dos lares cearenses.
Considerando os diferentes arranjos familiares, elas também são a maioria no comando dos lares em que vivem famílias nucleares e estendidas. Entre os domicílios com arranjo unipessoal ou composto, são os homens que estão à frente da maior proporção dos lares.
Entenda os tipos de arranjo familiar considerados pelo IBGE:
- Unipessoal: Quando constituída por uma única pessoa
- Nuclear: Constituída por um casal; um casal com filho(s) ou enteado(s); uma pessoa (homem ou mulher) com filho(s) ou enteado(s), independentemente da pessoa que foi indicada como responsável pelo domicílio.
- Estendida: Constituída pela pessoa responsável com pelo menos um parente, formando uma família que não se enquadra em um dos tipos descritos como nuclear.
- Composta: Constituída pela pessoa responsável, com ou sem parente(s), e com pelo menos uma pessoa sem parentesco – agregado(a), pensionista, convivente, empregado(a) doméstico(a), parente do(a) empregado(a) doméstico(a).
As famílias nucleares são definidas pelo IBGE como aquelas constituídas por um casal com ou sem filhos ou enteados ou por uma pessoa, seja homem ou mulher, com filhos ou enteados. Esse é o principal tipo de arranjo entre os cearenses e ocorre em mais de 2,1 milhões de domicílios do Estado. As mulheres são responsáveis por mais de 1,1 milhão deles (55%).
Essa é a maior proporção de lares chefiados por mulheres no Estado entre as famílias nucleares. Em 2012, elas eram responsáveis por quase 30% e os homens, cerca de 70%. Em 2021, as proporções ficaram praticamente iguais, e em 2022 elas chegaram a chefiar 53% desses domicílios.
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O arranjo de família estendida, por sua vez, é formado pela responsável e pelo menos um parente que não seja cônjuge, filho ou enteado, diferenciando-se da nuclear. As famílias estendidas estão em 580 mil lares cearenses, e 392 mil (68%) são chefiadas por mulheres.
No caso das famílias estendidas, as mulheres são maioria entre os responsáveis pela casa desde o primeiro ano considerado pelo IBGE na série histórica analisada. Em 2012, elas já representavam 54% dos chefes de família.
Homens são maioria à frente de lares unipessoais e compostos
Por outro lado, os homens são a maioria dos chefes dos domicílios cearenses quando se considera aqueles onde vivem a pessoa responsável e pelo menos uma pessoa sem parentesco, seja agregado, pensionista, entre outros. No Estado, são 37 mil unidades que se enquadram nesse modelo, com os homens à frente de 20 mil delas (54%).
Entre 2012 e 2024, as mulheres foram maioria em nove anos, como em 2014 (57%) e 2019 (60%).
Já entre quem mora sozinho, as mulheres sempre foram minoria. Em 2024, foram 234 mil dos 519 mil existentes no Estado (45%). Mas, em números absolutos, a quantidade de mulheres chefiando lares unipessoais atingiu, no ano passado, o maior valor da série histórica. Houve um aumento de 144% em relação às 96 mil registradas em 2012.
Ranking nacional
Em 2024, o Ceará teve a 6ª maior proporção de mulheres chefiando os lares, entre todos os estados brasileiros: 55,9%. Todos os seis primeiros lugares são ocupados por estados nordestinos.
Em primeiro está Pernambuco, onde três em cada cinco domicílios têm uma mulher como responsável — o que equivale a cerca de 60% do total.
Em seguida, vem Maranhão, com praticamente a mesma proporção. Um pouco atrás está Sergipe (57,7%), seguido por Alagoas (57,2%) e Rio Grande do Norte (56,5%).
Entre os lares com famílias nucleares, o Ceará ocupa a mesma colocação (55,5%) e cai para o 7º lugar entre as famílias estendidas.
Nos lares com arranjo composto, por outro lado, o Estado cai para a 22ª colocação — ou 6º lugar com mais homens responsáveis por esses domicílios.
Naqueles domicílios em que mora apenas uma pessoa, todos os estados têm maioria masculina. Apenas no Rio de Janeiro, que lidera o ranking da proporção de mulheres responsáveis por esses lares, há certa igualdade: 50,7% são mulheres e 49,3%, homens.
Sobre a pesquisa
As informações da PNAD Contínua 2024 representam a consolidação de dados de aproximadamente 168 mil domicílios que participaram da amostra da pesquisa ao longo dos quatro trimestres do ano de referência.
Para o levantamento, o IBGE visita os domicílios selecionados por cinco trimestres consecutivos, uma vez a cada trimestre. Nessa programação, as características gerais dos domicílios são investigadas somente na primeira visita.
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Já as informações sobre as características gerais dos moradores são pesquisadas em todas as cinco entrevistas nos domicílios selecionados.
A PNAD Contínua também levanta informações sobre sexo, idade e cor ou raça dos moradores em domicílios particulares permanentes, ajudando a entender e caracterizar o mercado de trabalho, aspectos sociais e demográficos do País.