Ceará teve novembro com mais focos de calor em 20 anos; veja locais

Dos 184 municípios do estado, 161 apresentaram ocorrências.

Escrito por
Nícolas Paulino nicolas.paulino@svm.com.br
Bombeiro cearense de camisa vermelha usando mangueira para combater um foco de fumaça ou pequeno incêndio em área gramada, com palmeiras ao fundo.
Legenda: Focos de calor indicam ou favorecem a ocorrência de incêndios em vegetação.
Foto: Kid Júnior.

Os últimos quatro meses do ano costumam ser de temperaturas mais acentuadas no Ceará, e dados oficiais vêm confirmando incremento nesses índices: o maior número de focos de calor para um mês de novembro, no Ceará, foi registrado neste ano. Foi o pior valor em 20 anos.

De acordo com os dados do satélite Aqua, em novembro de 2025, foram detectados 2.902 focos de calor sobre o território cearense, o maior valor registrado para o mês desde 2005. As informações têm como base as detecções diárias do equipamento, utilizado como satélite de referência no monitoramento desses eventos.

Os dados, analisados e disponibilizados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), revelam que esse total representa um aumento de quase 56% em relação à média histórica do mês, que é de 1.858 focos. 

Quando comparado ao mesmo período do ano anterior, observa-se um acréscimo de cerca de 17% nas detecções: novembro de 2024 teve 2.475 ocorrências.

Veja as cidades com mais registros:

  1. Santa Quitéria 123
  2. Crateús 113
  3. Icó 98
  4. Boa Viagem 92
  5. Tauá 91
  6. Mombaça 68
  7. Pedra Branca 68
  8. Monsenhor Tabosa 61
  9. Granja 58
  10. Quiterianópolis 58
  11. Ipueiras 57
  12. Canindé 52
  13. Hidrolândia 49
  14. Tamboril 45
  15. Parambu 44
  16. Viçosa do Ceará 44
  17. Quixeramobim 43
  18. Ipu 40
  19. Nova Russas 36
  20. Mauriti 35

Veja também

Comparando as regiões de planejamento do Ceará, em primeiro, ficou o Sertão dos Crateús, seguido pela área formada por Sertão de Sobral, Serra da Ibiapaba e parte do Litoral Norte. Em terceiro, vem o Cariri. 

Fortaleza registrou apenas um foco no mês. Conforme o levantamento, outros 23 municípios não registraram nenhum foco.

Já no ranking nacional de registros de focos de calor, o Ceará ocupou a terceira posição no mês, ficando atrás só dos estados do Maranhão (5.784 focos) e Pará (5.659 focos).

O aumento neste período está relacionado às condições climáticas típicas do fim da estação seca: calor intenso, baixa umidade relativa do ar, ventos fortes e escassez de chuvas. Esse conjunto torna o solo e a vegetação mais vulneráveis, facilitando a propagação rápida de incêndios.

Representação cartográfica e gráfica dos focos de calor identificados nas bacias hidrográficas do Estado do Ceará em novembro de 2025, indicando a localização dos incidentes e a quantidade em cada região.
Legenda: Focos de calor distribuídos por bacia hidrográfica do Ceará, com destaque para ocorrências na área oeste do Estado.
Foto: Funceme.

O que são focos de calor?

Os focos de calor correspondem a dados obtidos pelos satélites de monitoramento, que identificam temperaturas da superfície do solo superiores a 47°C, indicando a possível presença de fogo sobre a vegetação. 

Esses focos são detectados quando há frentes de fogo com dimensões mínimas de 30 metros de extensão por 1 metro de largura, o que limita a captação de queimadas urbanas de pequenas proporções e curta duração.

O mapeamento dessas ocorrências auxilia no planejamento de ações de prevenção e resposta da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, das Coordenadorias Municipais de Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, especialmente no combate às queimadas irregulares e aos incêndios florestais.

Análise a longo prazo

Segundo a Funceme, os registros entre 1º de janeiro de 2020 e 30 de novembro de 2025 apontam um crescimento significativo dos focos de calor no Ceará, especialmente nos últimos meses do ano.

“Os dados indicam um cenário atípico e preocupante, com intensificação das condições favoráveis à ocorrência de queimadas e incêndios”, considera.

De 1º de janeiro ao dia 16 de dezembro, o Ceará acumula 7.075 focos de calor na plataforma do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A uma quinzena do fim do ano, o número se aproxima de todos os meses de 2024, quando o satélite Aqua registrou um total de 7.166 focos de calor.

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