Ceará teve novembro com mais focos de calor em 20 anos; veja locais
Dos 184 municípios do estado, 161 apresentaram ocorrências.
Os últimos quatro meses do ano costumam ser de temperaturas mais acentuadas no Ceará, e dados oficiais vêm confirmando incremento nesses índices: o maior número de focos de calor para um mês de novembro, no Ceará, foi registrado neste ano. Foi o pior valor em 20 anos.
De acordo com os dados do satélite Aqua, em novembro de 2025, foram detectados 2.902 focos de calor sobre o território cearense, o maior valor registrado para o mês desde 2005. As informações têm como base as detecções diárias do equipamento, utilizado como satélite de referência no monitoramento desses eventos.
Os dados, analisados e disponibilizados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), revelam que esse total representa um aumento de quase 56% em relação à média histórica do mês, que é de 1.858 focos.
Quando comparado ao mesmo período do ano anterior, observa-se um acréscimo de cerca de 17% nas detecções: novembro de 2024 teve 2.475 ocorrências.
Veja as cidades com mais registros:
- Santa Quitéria 123
- Crateús 113
- Icó 98
- Boa Viagem 92
- Tauá 91
- Mombaça 68
- Pedra Branca 68
- Monsenhor Tabosa 61
- Granja 58
- Quiterianópolis 58
- Ipueiras 57
- Canindé 52
- Hidrolândia 49
- Tamboril 45
- Parambu 44
- Viçosa do Ceará 44
- Quixeramobim 43
- Ipu 40
- Nova Russas 36
- Mauriti 35
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Comparando as regiões de planejamento do Ceará, em primeiro, ficou o Sertão dos Crateús, seguido pela área formada por Sertão de Sobral, Serra da Ibiapaba e parte do Litoral Norte. Em terceiro, vem o Cariri.
Fortaleza registrou apenas um foco no mês. Conforme o levantamento, outros 23 municípios não registraram nenhum foco.
Já no ranking nacional de registros de focos de calor, o Ceará ocupou a terceira posição no mês, ficando atrás só dos estados do Maranhão (5.784 focos) e Pará (5.659 focos).
O aumento neste período está relacionado às condições climáticas típicas do fim da estação seca: calor intenso, baixa umidade relativa do ar, ventos fortes e escassez de chuvas. Esse conjunto torna o solo e a vegetação mais vulneráveis, facilitando a propagação rápida de incêndios.
O que são focos de calor?
Os focos de calor correspondem a dados obtidos pelos satélites de monitoramento, que identificam temperaturas da superfície do solo superiores a 47°C, indicando a possível presença de fogo sobre a vegetação.
Esses focos são detectados quando há frentes de fogo com dimensões mínimas de 30 metros de extensão por 1 metro de largura, o que limita a captação de queimadas urbanas de pequenas proporções e curta duração.
O mapeamento dessas ocorrências auxilia no planejamento de ações de prevenção e resposta da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, das Coordenadorias Municipais de Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, especialmente no combate às queimadas irregulares e aos incêndios florestais.
Análise a longo prazo
Segundo a Funceme, os registros entre 1º de janeiro de 2020 e 30 de novembro de 2025 apontam um crescimento significativo dos focos de calor no Ceará, especialmente nos últimos meses do ano.
“Os dados indicam um cenário atípico e preocupante, com intensificação das condições favoráveis à ocorrência de queimadas e incêndios”, considera.
De 1º de janeiro ao dia 16 de dezembro, o Ceará acumula 7.075 focos de calor na plataforma do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A uma quinzena do fim do ano, o número se aproxima de todos os meses de 2024, quando o satélite Aqua registrou um total de 7.166 focos de calor.