O que é Chikungunya, quais sintomas e como se prevenir da doença

Ceará tem registrado grande aumento de casos da doença neste início de ano o que tem acendido alerta entre a população e as autoridades sanitárias

Apenas no início deste ano, Fortaleza já foi atingida por um surto de influenza, aumento de casos de Covid-19, em razão de uma nova variante, incremento de casos da popularmente conhecida “virose da mosca” e agora está em alerta por conta do aumento de casos de Chikungunya. 

Em números, são 30% a mais de casos confirmados do que no mesmo período do ano passado.O boletim epidemiológico, da 8ª semana epidemiológica, divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS), mostra que na capital cearense já são 26 diagnósticos positivos de chikungunya entre os meses de janeiro e fevereiro. No mesmo espaço de tempo do ano anterior, foram apenas 20 casos. 

O cenário acendeu o alerta na pasta de saúde do município, que enxerga esse momento como a “ponta do iceberg”, já que consideram existir muito mais casos da doença, pois as pessoas demoram a procurar o diagnóstico médico. 

Quando nós vimos esse cenário, [percebemos que é] o que nós chamamos de ‘ponta de iceberg’, porque você não vê o bloco maior de pessoas infectadas, mas sabe que aquele número é um indicador forte
Nélio Morais
coordenador da Coordenadoria de Vigilância em Saúde de Fortaleza

Em Fortaleza, pelo menos três bairros, Luciano Cavalcante, Jardim das Oliveiras e Cidade dos Funcionários, já têm surtos da enfermidade confirmados pela SMS. Pensando nisso, o Diário do Nordeste separou algumas informações importantes sobre a arbovirose.

O QUE É CHIKUNGUNYA?

É uma doença infecciosa, causada pelo vírus da chikungunya, que é transmitido pelos  Aedes aegypti- mosquito transmissor da dengue e da zika - em locais urbanos, e também pelo Aedes albopictus - mosquito causador da febre amarela - em espaços de vegetação extensa. As informações são do Minitsério da Saúde.   

POR QUE TEM HAVIDO AUMENTO DE CASOS EM FORTALEZA? 

Com três bairros em surto, todos localizados na área da Regional VI, especialistas já começam análises sobre o motivo dessa nova alta de casos. A última vez que Fortaleza trouxe preocupação às autoridades de saúde, por conta de bairros em surto de chikungunya, foi em 2017. 

O epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luciano Pamplona, acredita que esse aumento de casos, logo nos dois primeiros meses do ano, tenha relação com a antecipação do período de chuvas mais fortes. 

“Certamente o fato de ter começado a chover mais cedo esse ano, pode ter influenciado diretamente a reprodução dos vetores e no aumento da transmissão de casos”, comenta o epidemiologista. No entanto, ele também acredita que as pessoas estarem mais tempo fora de suas casas, possa ser uma das causas. 

“Outro aspecto interessante é que as pessoas, até o ano passado, estavam mais tempo em casa por conta do lockdown. Então, querendo ou não, as pessoas tomavam mais conta do ambiente doméstico evitando a proliferação do mosquito”, pontua. 

Quanto aos motivos que levaram à explosão de casos na Regional VI, o coordenador da Coordenadoria de Vigilância em Saúde de Fortaleza, Nélio Morais, acredita que o motivo está ligado a anos anteriores.

“Anteriormente [no surto de 2017] a Regional VI foi a menos afetada, e tem a maior população de Fortaleza, junto com a regional V. O que esse cenário traz para gente agora? Como chikungunya só pode ter uma vez, diferente da dengue que temos quatro tipos, hoje a população mais suscetível para a chikungunya em Fortaleza, é a da regional VI”, enfatiza Nélio Morais. 

QUAIS OS SINTOMAS? 

A doença causada pelo Aedes aegypti em zonas urbanas, tem sintomas que podem ser confundidos com as suas duas doenças irmãs - dengue e zika. No entanto, em sua fase aguda pode afetar, inclusive, a locomoção do infectado. 

Os principais sintomas da doença são:

  • Febre súbita, a partir de  38º,5ºC;
  • Dores intensas nas articulações, junto a inchaço nas mesmas, que dificultam atividades de rotina, como andar, tomar banho, cozinhar e etc; 
  • Manchas vermelhas pelo corpo, com coceira intensa;

Os sintomas costumam aparecer entre 2 a 10 dias após a picada do mosquito, e permanecem entre 7 a 30 dias no infectado. A fase aguda da doença dura os 14 primeiros dias da infecção. Entretanto, as suas consequências podem durar anos.  

QUAIS AS COMPLICAÇÕES DEIXADAS PELA CHIKUNGUNYA E QUAL GRUPO MAIS AFETADO? 

A chikungunya, assim como outras doenças infecciosas, tem um grupo de risco, onde um agravamento de sintomas e sequelas podem ocorrer. Esse grupo é formado por pessoas maiores de 65 anos, e crianças menores de 2 anos. 

“Em uma parcela das pessoas, uma grande parcela, ela pode cronificar e causar dores crônicas por vários anos. A gente não sabe se pelo resto da vida, mas sabemos que pelo menos por seis ou sete anos”, destaca o epidemiologista Luciano Pamplona. 

Pode-se destacar também pacientes com comorbidades, como:

  • Hipertensão;
  • Diabetes;
  • Doenças autoimunes;
  • e lesões prévias nas articulações.

COMO É O TRATAMENTO?

Como a doença tem grandes chances de agravamento, primeiro recomenda-se procurar um médico para um diagnóstico oficial de Chikungunya. 

O tratamento para a doença, tanto para sua fase aguda quanto crônica, pode ser feito através do uso de analgésicos, antitérmicos ou corticóides receitados por médicos. Além disso, é recomendado repouso nos 10 primeiros dias de doença, para evitar complicações e agravamento dos sintomas. 

Também é recomendado manter-se hidratado, ingerindo bastante líquido como água, mineral e de coco, sucos e chás. 

COMO PREVENIR?

Como ainda não existe uma vacina para imunizar contra a chikungunya, o melhor meio de prevenção é agir contra o seu agente infeccioso, o Aedes aegypti

  1. Fazer, pelo menos uma vez por semana, uma vistoria em casa em busca de eliminar possíveis locais de reprodução do mosquito; 
  2. Observar de a caixa d’ água está vedada e se as calhas não estão acumulando água;
  3. Limpeza correta de tanques de armazenamento de água e bandejas de geladeira; 
  4. Ficar atento a não deixar água acumulada embaixo de vasos de planta;
  5. Limpeza correta de ralos e vasos sanitários, principalmente em locais que estão sem uso; 
  6. Não deixar objetos que acumulem água ao redor da casa, como: pneu, garrafas, copos de iogurtes, sacos plásticos e entre outros;   

É fundamental que as pessoas entendam, que 90% dos locais de reprodução do mosquito que causa a doença, estão dentro da casa das pessoas e nos entorno. Então se as pessoas cuidarem de suas casas, a gente consegue reduzir a reprodução desse vetor e suas doenças
Luciano Pamplona
epidemiologista