6 açudes do Ceará voltam a sangrar após mais de 10 anos; veja quais

Dos 157 reservatórios monitorados pelo Estado, 59 estão com 100% da capacidade

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Sangria do açude Quixeramobim virou atração na cidade desde o fim de semana
Foto: Cogerh

As chuvas que caíram no Ceará nos dois primeiros meses da quadra chuvosa, fevereiro e março, se mostraram tão relevantes que 59 açudes estão sangrando - e seis deles vivenciaram esse fenômeno novamente depois de mais de uma década, segundo monitoramento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

Ao todo, os 157 açudes acompanhados pelo órgão têm, atualmente, 44,6% do volume total armazenado. Além dos 59 em sangria, outros 9 estão com volume acima de 90%.

Conforme a Companhia, o monitoramento sistemático e continuado permite conhecer o regime hidrológico de cada açude, e assim saber “a capacidade e a garantia do atendimento das demandas hídricas” das regiões onde eles estão localizados.

Veja abaixo quais açudes sangraram depois de muito tempo:

Açude Cachoeira

As intensas precipitações no Cariri permitiram que o açude Cachoeira, no município de Aurora, sangrasse no dia 14 de março. Foram 14 anos sem que o reservatório atingisse sua capacidade máxima de 34,3 milhões de metros cúbicos - a última vez foi em maio de 2009. 

No mesmo período do ano passado, o Cachoeira guardava apenas 6,4% de reserva hídrica. A construção da barragem começou em 1998, sendo concluída e entregue no ano 2000.

Açude Patu

O Patu, no município de Senador Pompeu, atingiu 100% de sua capacidade e começou a sangrar no dia 27 de março, fato que a população de lá não via há 12 anos.

A sangria inesperada, inclusive, causou inundações de casas e destruiu vias de trânsito. Em resposta, a Prefeitura Municipal decretou situação de emergência.

Há um ano, ele tinha apenas 16% de sua capacidade. Um dos maiores reservatórios da bacia do Banabuiú, tem capacidade máxima de 65,1 milhões de metros cúbicos. 

Seu projeto data de 1919, durante o Governo do presidente Delfim Moreira. No entanto, décadas de entraves burocráticos só levaram à sua conclusão em novembro de 1987. O sítio da barragem serviu de abrigo para os chamados “flagelados da seca”, em 1932 e 1933. 

Legenda: O Açude do Patu é um dos que já possui o Plano
Foto: Divulação Cogerh

Açude Riacho do Sangue

Após 12 anos de espera, a população de Solonópole finalmente reviu a sangria do açude Riacho do Sangue, que também atingiu sua capacidade máxima (58,4 milhões de metros cúbicos) no fim de março.

O cenário é bem diferente de janeiro de 2018, quando o açude ficou com apenas 0,06% de sua capacidade, ou seja, totalmente seco após 100 anos de sua inauguração, em 1918. 

Durante esse período de estiagem entre 2012 e 2018, os governos estadual e municipal tomaram várias medidas para amenizar os efeitos da seca, incluindo a perfuração de poços artesianos. 

Há um ano, ele estava com cerca de 60% de volume. A sangria do açude traz alívio para os agricultores, pescadores e toda a população de Solonópole, que depende do açude para sua subsistência e desenvolvimento econômico.

Veja também

Açude Quixeramobim

Na noite do último domingo (2), uma multidão esteve na ponte da Barragem de Quixeramobim para vê-la sangrar. Segundo a gestão municipal, a estimativa antes da estação chuvosa era que a cidade só teria água para mais dois meses. 

Conforme a Cogerh, a última sangria do Quixeramobim havia sido em agosto de 2011, quando o volume passou do seu total de 7,8 milhões de metros cúbicos. Já no início de março de 2023, tinha apenas 1% da capacidade total.

O reservatório foi criado em 1958 e sangrou pela primeira vez no ano seguinte.

Açude Vieirão

Com 20,7 milhões de metros cúbicos, o Vieirão de Boa Viagem havia sangrado pela última vez em maio de 2011. Depois de 12 anos, voltou a verter na última segunda (3).

Para se ter noção da expressividade da chuva na região do Sertão Central, no começo de março, o açude estava totalmente seco, com menos de 1% de volume. Há cerca de um ano, 6,5% foi o máximo que ele atingiu.

A barragem foi concluída em 1988, na gestão do prefeito José Vieira Filho, de quem se tirou o nome popular. Entre 2014 e 2020, ela ficou seca durante o longo período de seca que atingiu o Ceará.

Legenda: O açude Jenipapeiro voltou a sangrar nesta quinta-feira (6)
Foto: Cogerh

Açude Jenipapeiro

O Jenipapeiro, em Deputado Irapuan Pinheiro, que tem capacidade para 14,6 milhões de metros cúbicos, foi outro que voltou a sangrar nesta quinta-feira (6). O fenômeno não era visto desde maio de 2011, ou seja, há quase 12 anos.

Há um ano, ele tinha 33% do volume preenchido, média com a qual se manteve até o mês passado.

Construído pelo governo federal, o lago artificial foi concluído em 1999. 

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