1 em cada 5 pessoas do Ceará teve Covid-19 confirmada por teste ou diagnóstico médico, mostra IBGE

Dados da PNAD Contínua 2023, em módulo suplementar relacionado à doença, foram divulgados pelo Instituto na sexta-feira (24)

Escrito por Gabriela Custódio , gabriela.custodio@svm.com.br
Profissional de saúde faz teste em paciente
Legenda: Entre os aspectos investigados pelo IBGE sobre Covid-19 incluem aspectos como confirmação da doença, autopercepção sobre a infecção e a persistência de sintomas
Foto: José Leomar

Estima-se que 20% da população cearense de 5 anos ou mais teve Covid-19 confirmada até o primeiro trimestre de 2023, seja por testagem ou por diagnóstico médico a partir de critérios clínico-epidemiológicos. Dessa forma, o Estado foi o 3º do Nordeste com maior percentual de pessoas que tiveram a doença, atrás do Rio Grande do Norte (24%) e do Piauí (21%).

No cenário nacional, porém, o Nordeste foi a região com menor proporção de pessoas infectadas. Com isso, o resultado atingido pelo Ceará foi o 7º melhor do País, acima apenas dos outros sete estados nordestinos: Paraíba (19%), Bahia (18%), Pernambuco (18%), Maranhão (17%), Sergipe (16%) e Alagoas (14%).

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A proporção de cearenses que teve confirmação da doença foi de 22,7% entre adultos, enquanto 7% das crianças e adolescentes passaram pela mesma situação. Além disso, considerando todas as idades, a parcela das mulheres infectadas correspondeu a 20,7%. Entre os homens, foi de 18,4%.

Todos esses dados do Ceará foram ficaram abaixo do que foi encontrado para a população de todo o País. Nacionalmente, o cálculo aponta para 55 milhões de pessoas que tiveram confirmação pelo menos uma vez até o primeiro trimestre do ano passado, correspondendo a 27,4% dos brasileiros de 5 anos ou mais.

Os dados são do módulo suplementar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2023 relacionado à Covid-19 e foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (24).

O Instituto destaca que as informações dessa pesquisa são diferentes daquelas publicadas no painel oficial do Ministério da Saúde, pois alguns casos podem não ter sido notificados nos sistemas oficiais. Também é possível que tenha sido feito o autoteste, sem a procura por serviço de saúde para realizar a notificação do caso confirmado.

Nas entrevistas, foram feitas três perguntas para investigar a ocorrência da infecção, sem a exigência de comprovante de diagnósticos ou de testes:

  1. Se a pessoa teve, alguma vez, um teste positivo para a Covid-19, seja por teste rápido de antígeno ou por RT-PCR. A coleta pode ter sido realizada e em laboratórios, serviços de saúde, farmácias ou no domicílio;
  2. Se a pessoa teve, em ocasião distinta, diagnóstico médico para a Covid-19 por critério clínico-epidemiológico;
  3. Se a pessoa considera que teve Covid-19 em alguma ocasião em que não houve confirmação por teste ou por diagnóstico médico. Apesar do grau de imprecisão, essa pergunta foi necessária porque, em algumas ocasiões, o entrevistado pode não ter tido acesso à testagem ou aos serviços de saúde, além de poder ter optado por não procurar atendimento.

Enquanto 18,4% da população do Nordeste teve confirmação de Covid-19 até o primeiro trimestre de 2023, 1 em cada 10 pessoas relatou ter tido a doença alguma vez, sem ter teste positivo ou diagnóstico médico. Ao todo, foram 5,5 milhões de pessoas. Na região, essa parcela foi de 10,8% nas pessoas residentes na área urbana e 8,6% entre moradores da zona rural.

COVID LONGA

Entre as pessoas que tiveram Covid-19 ou consideram ter tido a doença, o questionário aplicado pelo IBGE também investigou as “condições pós-Covid”, como foram denominados os sintomas novos, recorrentes ou persistentes, presentes após a infecção pelo Sars-Cov-2 e não atribuídos a outras causas. Na literatura médica, eles também são denominados “Covid longa” ou “Covid-19 pós-aguda”.

O Nordeste foi a região com menos relatos das condições pós-Covid (20,6%), seguida pelo Sudeste (21,9%). Ambas têm proporção menor do que o informado pela população brasileira de 5 anos ou mais em todo o País. O maior resultado foi encontrado no Centro-Oeste (28,7%).

“Cansaço e fadiga” foram os sintomas pós-infecção mais relatados, seguidos por “perda ou alteração de olfato e paladar", "dor no corpo, muscular ou nas articulações”, “problema de memória/atenção ou dificuldade na fala” e “falta de ar ou dificuldade para respirar”.

Nessa investigação da PNAD Contínua, os sintomas de Covid longa também foram informados pela percepção pessoal, sem necessidade de confirmação por médico ou comprovação de que foi causado pela infecção. Eles também não precisavam estar presentes no momento da entrevista.

PNAD CONTÍNUA 2023: COVID-19

A cada três meses, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) visita 211.344 domicílios em todo o País, com realização de entrevistas ao longo de 12 semanas. No primeiro trimestre de 2023, o IBGE abordou a temática da Covid-19 em parceria com o Ministério da Saúde.

Para isso, o questionário de pesquisa contou com um módulo suplementar de perguntas aplicado aos moradores do domicílio com 5 anos ou mais. Foram investigados aspectos como vacinação, diagnóstico da doença e persistência dos sintomas (Covid longa).

Segundo informações do Instituto, o questionário utilizado começou a ser elaborado ainda no 1º semestre de 2022, tomando como base as diretrizes para vacinação e testagem naquele momento.

À época, apenas adultos e para crianças e adolescentes a partir de 5 anos podiam receber os imunizantes. A vacinação do público a partir de 6 meses estava em andamento durante a coleta da pesquisa, no ano seguinte, e por isso essa faixa etária não foi contemplada.

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