Que tal visitar casas e ateliês de artistas? Conheça espaços em Fortaleza para se aproximar da arte

Longe daquela imagem distante e inacessível, cada ambiente reserva experiência mágica e aconchegante, abarcando de José de Alencar a Sérvulo Esmeraldo

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: No ateliê de Alice Dote, no Dionísio Torres, todas as obras estão à venda e refletem os temas nos quais a artista se debruça
Foto: Fabiane de Paula
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Esqueça aquela figura encastelada e incompreensível. Artistas podem estar logo ao lado, disponíveis, abrindo os próprios lares para que você entre e desbrave. Em Fortaleza, são várias as opções de casas e ateliês com esse perfil. De José de Alencar a Sérvulo Esmeraldo, passando por nomes da safra recente, basta chegar e permitir o encanto.

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Nesta quarta reportagem da série Viva o Verão – que explora o potencial turístico, gastronômico e de lazer na capital cearense – o convite é te fazer revisar conceitos e se permitir ir além. Não vale continuar com a mesma ideia envelhecida. Visitar universos criativos pode ser uma excelente opção para conhecer novos lugares e entender processos.

O mais bacana é que, independentemente do espaço e do tipo de trabalho de cada artista, as possibilidades são inúmeras. Artes Visuais, Literatura, Tecelagem, cores, linhas e formas se misturam e apresentam resultados admiráveis.

Legenda: O caos criativo de cada ambiente reflete a dedicação e o processo de feitura de cada obra
Foto: Fabiane de Paula

As visitas são agendadas e podem acontecer em diferentes dias da semana. Em comum entre elas, a chance de compreender como funciona a alma artística, indo do Centro ao Dionísio Torres, do Mondubim ao Papicu. Vem com a gente?

Para ver e sentir

Aquela bagunça boa, de gente trabalhando com tinta, aquarela e papel, é fácil de encontrar em ateliês de artistas cearenses contemporâneos, a exemplo dos de Alice Dote, Azuhli, Ramon Alexandre, Sérgio Gurgel e Andréa Dall'Olio. A primeira mantém o espaço na Torre Quixadá, no Dionísio Torres. Dois toques na porta e a luz invade quem está fora.

Legenda: Durante a visita ao ateliê, Alice gosta de partilhar sobre o que mais lhe atravessa na composição artística
Foto: Fabiane de Paula

A visão é ouro: quadros e quadros ocupando as paredes, oferecendo abraço e espanto. Obras de tamanhos, suportes e propostas variados dialogam com o gênio criativo de Alice – cuja simpatia chama quem chega para um café, um bolinho, um biscoito. “É a primeira vez que constituo um ateliê fora do espaço da casa. Mesmo agora se distanciando desse território doméstico, ele se mantém entregue ao íntimo”, confidencia a também pesquisadora.


A escolha pelo local se deu pelo desejo de proximidade com aquilo que atualmente motiva a pesquisa da artista, voltada ao tempo, à memória e ao luto. Logo, nas fronteiras do ateliê, se estreitam relações entre o trabalho dela e o da própria família, especialmente da mãe, Lucinaura Diógenes – à frente da instituição que leva o nome da irmã de Alice, Bia Dote.

Legenda: "Sempre há algo a fazer [no ateliê], mesmo que seja apenas (aliás, o que nunca é pouco) olhar”, dimensiona Alice Dote
Foto: Fabiane de Paula

“Não à toa, é constante o movimento – de obras à comida, de livros a ferro de passar, entre casa e ateliê e ateliê e casa. Bem como, às vezes, tenho feito o ateliê de casa como antes fazia da casa ateliê. Talvez esse espaço vá se constituindo não só um terreno como uma extensão da nossa obra, ou mesmo ele próprio uma obra viva e em movimento”.

Segundo ela, talvez os principais acontecimentos em um ateliê sejam o que se desenrola no cotidiano. Ao refletir sobre isso, recorda de um professor, Paulo Pasta. Ele sempre provocava as turmas com uma pergunta: “O que fazemos no ateliê?”. A armadilha era a resposta óbvia, “nós pintamos”. E não, nós também olhamos. Às vezes, mais olhamos que pintamos.

Legenda: Segundo Alice, talvez os principais acontecimentos em um ateliê sejam o que se desenrola no cotidiano
Foto: Fabiane de Paula

“Então aqui, dia após dia, dou continuidade a pesquisas na pintura, no desenho, na gravura e na escrita que já aconteciam em outros espaços e tempos. Mas, além disso, construo um trabalho de pensamento que prepara o terreno dessas obras. Sempre há algo a fazer, mesmo que seja apenas (aliás, o que nunca é pouco) olhar”.

A visitação acontece de forma gratuita, mediante agendamento por meio das redes sociais de Alice. Esta festeja a curiosidade cada vez maior do público de visitar espaços assim. “Nos ateliês, mais do que um contato mais próximo com as obras de uma artista, nos aproximamos de seus processos, de sua intimidade e de suas referências, de suas alquimias e mitologias pessoais. Assim, ao conhecê-los, entendemos melhor a arte como um ofício, e um ofício em diálogo com um contexto de produção temporal e espacialmente definido”.

Ateliês compartilhados 

Perto dali, no Centro da cidade, o cantinho de Azuhli é outra dádiva aos sentidos. Em uma das salas do Palácio Progresso, a artista visual “entra na própria cabeça”, como gosta de descrever. “Minha casa, por exemplo, julgo ser organizada (assim como meu quarto, minhas coisas, minha vida em si). Mas o ateliê, quando você entra, vê a bagunça que está dentro da minha mente. É bem isso, sabe?”.

Legenda: O ambiente do ateliê de Azhuli, bastante acolhedor, produziu peças que participaram de exposições em Brasília e da mostra Unifor Plástica
Foto: Fabiane de Paula

O ambiente, bastante acolhedor – repleto de plantas, uma das paixões de Azuhli – já produziu peças que participaram de exposições em Brasília e da mostra Unifor Plástica. Azhuli, inclusive, divide o ambiente com outro artista visual, Ramon Alexandre, considerado um pupilo dela e uma das mais fortes promessas do segmento no Ceará.

Juntos, os dois encontram um modo de centrar as produções em uma poética sintonizada com o conceito artístico aplicado por ambos. “Sempre recebo no meu ateliê – quando marcam ou enviam mensagem– mas a verdade é que nem sempre consigo. É um lugar muito íntimo e de trabalho também”.

Legenda: Os amigos e sócios, Azuhli e Ramon Alexandre: parceria de ateliê
Foto: Fabiane de Paula

A solução foi criar o Open Estúdios do Pocinho, evento no qual o público pode visitar, gratuitamente, os ateliês de Azuhli e Ramon, Diego de Santos, Gustavo Diogenes, Sérgio Gurgel, UNA, da fotógrafa Luana Diego e o Estúdio Oculto, do tatuador Igor Gonçalves. Diferente de uma exposição, abrir as portas dos estúdios aproxima as pessoas do processo de criação em pleno espaço de trabalho. A próxima edição do projeto acontece neste sábado (25), de 10h às 15h, no Palácio do Progresso.

“Não só um grupo específico nos visita, nem as pessoas mais próximas, mas a cidade inteira. É realmente um convite para você sair da zona de conforto e conhecer vários ateliês ao mesmo tempo”. Além dessa aproximação, interessados poderão adquirir obras dos artistas. No caso de Azuhli, tudo remetendo ao amor, o grande tema dela.

Legenda: "É realmente um convite para você sair da zona de conforto e conhecer vários ateliês ao mesmo tempo”, diz Azuhli sobre o evento Open Estúdios do Pocinho
Foto: Fabiane de Paula

“As pessoas ficam maravilhadas. São 400, 500 delas visitando ateliês no centro da cidade em um sábado qualquer. É uma coisa bem despretensiosa, mas acredito que é quase como se você conseguisse entrar na alma do artista. Permite você conhecer a fundo, ver os detalhes, as tintas ali todas bagunçadas, entre outros processos”.

A impressão reverbera em Sérgio Gurgel, outro ocupante dos Ateliês do Pocinho. Para o artista, o espaço mantido por ele é um órgão do próprio corpo. Não exagera: de fato, diferente de tudo o que você já viu, o recanto do criador é um espetáculo à parte, convocando diversos sentidos – do olfato ao tato – e mergulhando em uma poética centrada no envelhecimento, no misticismo e no assombro. “Seu funcionamento está diretamente ligado à minha existência, permanência e vitalidade”.

Legenda: Faz oito anos que Sérgio Gurgel decidiu trabalhar em um lugar caótico por fora e calmo por dentro, com vista para o mar e para a metrópole
Foto: Fabiane de Paula

Faz oito anos que o cearense decidiu trabalhar em um lugar caótico por fora e calmo por dentro, com vista para o mar e para a metrópole. Essa configuração nutre o encontro do natural e do artifício. “Lá dentro os objetos se falam e se organizam numa construção de uma narrativa. Parece caótico, mas o inusitado é a liga entre tudo”. Não à toa, uma cratera na parede em pleno ateliê. Espécie de cartão-postal do lugar, impressiona e delineia o caráter de local sempre em construção.

Legenda: As obras de Sérgio Gurgel transitam entre envelhecimento, misticismo e assombro
Foto: Fabiane de Paula

Quanto às visitas ao recanto, Sérgio é direto: “Sempre recebo amigos, curadores, colecionadores e curiosos. Dialogar é importante. As visitas sempre me enviam mensagem antes por direct. Às vezes estou num ponto do processo que nem vejo celular nem escuto a porta bater. Meus horários são bem confusos e aleatórios. Posso ir num horário comercial ou na madrugada de uma segunda. Gosto de relações de amizade de trocas verdadeiras”.

Um fio poético e estimulante cuja base é comparado a uma autópsia, quando Gurgel fala que o ato em si não passa de curiosidade e passatempo. Ao mesmo tempo, pode ser místico e inspirador quando vai além da visita.

Legenda: Para Sérgio, o ateliê no qual produz obras é um órgão do próprio corpo
Foto: Fabiane de Paula

“Recebo uma diversidade de impressões. Não consigo dar exemplos, pois meu trabalho é muito íntimo e desperta lembranças pessoais. São memórias afetivas e narrativas que despertam outras narrativas. Um tipo de lógica que pode corromper uma lembrança sua ou agregar uma memória”.

Linhas e gravuras

Outra experiência marcante é estar no cantinho de Andréa Dall'Olio. Artista visual e curadora de arte, ela mantém um ateliê dedicado com ênfase na arte têxtil e gravura. Nele, se debruça em todo o processo de pesquisa e exploração da linha – seja por meio do bordado de tecidos, construção de tecidos ou impressão.

Legenda: No ateliê de Andréa Dall'Olio, linhas, teares, agulhas e prensas se destacam, compondo a arte têxtil
Foto: Fabiane de Paula

Localizado dentro de uma sala comercial, é um refúgio onde ela pode se concentrar totalmente na produção e se desconectar do mundo exterior. “Ao entrar nesse espaço, sinto-me imersa em um processo criativo. Dentro das paredes, tenho liberdade para experimentar diferentes materiais, técnicas e estilos. Disponho de uma variedade de ferramentas e equipamentos necessários para criar obras têxteis únicas”, detalha.

Além disso, é um espaço de intercâmbio e colaboração. Andréa recebe outros artistas e entusiastas da arte, compartilhando experiências, técnicas e inspirações. Essa troca enriquece processos criativos e permite aprendizado mútuo. “Também gosto de realizar obras colaborativas, e meu ateliê proporciona um ambiente propício para construir esse diálogo”.

Legenda: Andréa recebe, no ateliê, outros artistas e entusiastas da arte, compartilhando experiências, técnicas e inspirações
Foto: Fabiane de Paula

A atmosfera, de fato, é tranquila e inspiradora. A criadora organiza o espaço de trabalho de forma a ter tudo ao alcance, facilitando o fluxo criativo. As paredes, assim, servem como suporte para que as obras possam ser expostas e observadas, permitindo que o tempo decante cada projeto.

“Além de ser o espaço onde crio minhas próprias obras, meu ateliê também funciona como um hub para a comercialização de arte. Aqui não só exponho e vendo minhas próprias criações, mas também ofereço um espaço para outros artistas compartilharem suas obras e encontrem um público interessado”.

Legenda: Segundo Andréa, "a compreensão do tempo necessário para a criação de uma obra amplia a percepção dos visitantes sobre paciência e dedicação"
Foto: Fabiane de Paula

Andréa também possui um ateliê em casa. Nesse segundo espaço, mantém contato constante com as produções e os materiais. É onde pode se dedicar diariamente à criação e ao estudo, trabalhando de domingo a domingo. Assim, ambos os espaços se complementam, proporcionando um ambiente propício para a continuidade. Ambos funcionam desde 2015.

“Abordar sobre o tempo da construção de uma obra por meio da compreensão da técnica utilizada é fundamental. Por exemplo, no meu caso, as produções que envolvem o uso de tear, a ação meticulosa da agulha ou a força da prensa, tem tempo de construção mais lento, como uma conversa sem pressa. A compreensão desse tempo necessário para a criação de uma obra amplia a percepção dos visitantes sobre paciência e dedicação requeridas na prática artística”.

Visitar os grandes mestres

Engana-se quem pensa que apenas artistas da nova safra podem oferecer experiências assim. Recantos outrora frequentados por grandes nomes de nossa arte também oportunizam tais conexões. Veja a Casa de José de Alencar, por exemplo. O lar onde nasceu aquele considerado o maior escritor cearense é pra lá de agradável e rico.

Localizada no Sítio Alagadiço Novo, a casa foi adquirida pela Universidade Federal do Ceará durante a gestão do Reitor Antônio Martins Filho. Em 1965, ele abriu a residência remanescente da construção arquitetônica da residência dos Alencar à visitação pública e inaugurou o edifício-sede, que passou a abrigar acervos e outras instalações.

Legenda: As ruínas de um antigo engenho estão presentes na Casa de José de Alencar
Foto: Fabiane de Paula

Atualmente, o equipamento dispõe de um acervo diversificado, o qual possibilita a todos os visitantes uma viagem que rememora a vida do romancista cearense, passeando pelas obras e origens dele. Há peças presentes nos seguintes ambientes:

  • Pinacoteca Floriano Teixeira: com quadros que retratam algumas obras do escritor;
  • Museu Arthur Ramos: possui peças referentes às religiões de matriz africana;
  • Sala de Rendas de Bilros Luiza Ramos: contém amostras de rendas de bilros que pertenciam a esposa do Antropólogo Arthur Ramos e amostras de rendas cearense;
  • Salão Iracema: com desenhos feitos com a técnica de bico de pena e nanquim pelo cearense Descartes Gadelha retratando os principais trechos do romance Iracema;
  • Bosque Iracema: onde encontramos árvores centenárias, as ruínas do primeiro engenho a vapor do Ceará, construído pela família Alencar em meados de 1832, e a casinha branca de janelas azuis que data de 1826, época em que a família residiu no Sítio.
  • Na área verde, ocorrem diversos eventos, com quantidade numerosas de pessoas, tais como pequenos piqueniques familiares, ensaios fotográficos, piqueniques literários, Feira mensal do Zé, Sivozinha (pré-carnaval infantil) e outras manifestações artístico-culturais previamente agendadas.

José de Alencar viveu no Sítio Alagadiço Novo até os nove anos de idade, quando a família foi embora para a capital do Império – à época, o Rio de Janeiro. Lá, o pai do escritor assumiu o cargo, na época vitalício, de senador. Portanto, infelizmente, Alencar nada produziu enquanto vivia no Sítio.

A visitação à propriedade é guiada e realizada por meio de agendamento feito pelo site da Casa José de Alencar, nos seguintes horários: de segunda a sexta (às 8h30, 9h30, 10h30, 13h30, 14h30 e 15h30) e aos sábados, às 8h30, 09h30 e 10h30. Em média, três mil pessoas passam pelo espaço por mês, sobretudo devido à Feira do Zé, evento que congrega inúmeras atividades, e cuja próxima edição acontece neste sábado (25), das 8h às 13h.

Legenda: José de Alencar nasceu nesta casa, e ela está totalmente conservada para visitação
Foto: Fabiane de Paula

Da avenida Washington Soares para o Mondubim, encontramos neste último o Minimuseu Firmeza, outro tesouro. A casa-sítio foi o lar do casal de artistas visuais Estrigas e Nice Firmeza durante 50 anos, donos de poética tão reconhecível quanto afetuosa. A propriedade reflete isso: aberta, florida e com ares de interior na cidade, é espaço de puro aconchego.

Dividida em salas com trabalhos tanto do próprio casal quanto de amigos artistas, a residência dá a possibilidade de o público visitar cômodos como o quarto, a cozinha, o ateliê e a biblioteca, mergulhando nas minúcias íntimas dos dois. Repare: na cozinha, as panelas e o filtro de barro, bem como o telhado baixo, são itens que reforçam a singeleza do endereço.

Legenda: A casa-sítio no Mondubim foi o lar do casal de artistas visuais Estrigas e Nice Firmeza durante 50 anos
Foto: Fabiane de Paula

Na parte externa, ainda é possível se conectar ao quase cinquentenário baobá – irmão daquele presente no Passeio Público – onde estão enterradas as cinzas de Estrigas. Um passo recente do Minimuseu e que tem sido alimentado a todo vapor é um maior contato com o público – sobretudo após o período de pausa compulsória devido à pandemia de Covid-19.

Antes constantemente frequentado por artistas de todas as partes do Ceará e do Brasil, agora o equipamento almeja incentivar ainda mais essa proximidade, abraçando também a comunidade ao redor da casa, pertencente ao bairro Parque Santana.

Legenda: No cinquentenário baobá presente no Minimuseu é onde estão enterradas as cinzas de Estrigas
Foto: Fabiane de Paula

Para isso, a coordenação do espaço tem aperfeiçoado parcerias e buscado inovar por meio das atividades ofertadas. Oficinas de bordado, formação de banda cabaçal, encontros religiosos com crianças, entre outras, são parte desse repertório artístico e cultural.

Outra casa e de outro escritor, Juvenal Galeno, segue a mesma toada. Localizada no centro da cidade, ao lado do Theatro José de Alencar, o lar verde-turquesa resplandece na paisagem caótica da rua. Ativo desde 1919, é patrimônio histórico cultural, tombado pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Ceará (Coepa).

Legenda: Fachada da Casa de Juvenal Galeno, no Centro de Fortaleza, ao lado do Theatro José de Alencar
Foto: Fabiane de Paula

E já recebeu visitas ilustres, do porte de Patativa do Assaré, Luís da Câmara Cascudo, Rachel de Queiroz e Filgueiras Lima, que transitavam pelos cômodos de modo a fomentar a produção literária e promover diferentes olhares sobre a arte.

Hoje, diferentes entidades promovem frequência regular de eventos, movimentando o espaço. A programação fixa é diária, sendo a visita guiada um dos destaques – oportunidade de oxigenar os cômodos a partir da presença de públicos diversos.

Legenda: Auditório da Casa de Juvenal Galeno, lugar de múltiplas ações
Foto: Fabiane de Paula

Entre os principais espaços, estão o Salão dos Espelhos, que resguarda boa parte dos objetos pessoais de Juvenal Galeno; a Biblioteca Mozart Monteiro, nome dado ao jornalista que doou todo o seu acervo de livros à Casa; o Auditório Nenzinha Galeno, com exposições de literatura de cordel, lançamentos de livros e mostras; e o Pátio Maria do Carmo Galeno: Espaço de promoção de eventos de cunho popular, entre outros.

Finalizando nosso tour, que tal mergulhar nas cores, linhas e formas de Sérvulo Esmeraldo? O artista cratense tem legado preservado no instituto homônimo, localizado no Papicu. O museu-casa reúne acervo documental do gênio cujas obras ocupam ruas e espaços do Ceará, reservando carinhosas preciosidades aos visitantes.

Legenda: A curadora de arte Dodora Guimarães, viúva de Sérvulo Esmeraldo, preside o Instituto com nome do artista
Foto: Fabiane de Paula

Uma vez que o ateliê de Sérvulo foi a rua, o Instituto dá conta de dimensionar a relevância conceitual do cearense. Dodora Guimarães, presidente da instituição e viúva do mestre, atende a todos com um sonoro “Sejam bem-vindos”, conduzindo a visita pelo espaço, repleto de alma e dinâmica.

Inaugurado em março do ano passado como fruto de um sonho tão antigo quanto poderoso, o recanto foi o último endereço de Sérvulo na Capital. Quem assina o projeto do ambiente é o escritório Marcus Novais Arquitetura – o mesmo do Museu da Fotografia Fortaleza. Esmeraldo olha para nós em cada cômodo. A sensação é de aconchego. Também é nosso lar.

Legenda: Um generoso pavilhão no Instituto Sérvulo Esmeraldo dimensiona a produtividade do artista
Foto: Fabiane de Paula

Pátio de esculturas, ateliê, biblioteca, acesso à reserva técnica e uma lojinha super charmosa dão conta de expressar esse contato. Um dos destaques fica por conta das correspondências institucionais, pessoais e entre colegas artistas, todas resguardadas na casa. Cartas de nomes incontornáveis – de Gabriel García Márquez (1927-2014) a Julio Cortázar (1914-1984) – atestam a amplitude do cratense, de como conquistou o mundo.

“Costumamos dizer que aqui é um espaço de amor”, define Dodora Guimarães. Talvez esta seja a definição suprema de todos os ateliês e casas de artistas: convocam para a plenitude do sentimento.

Serviço

Ateliê de Alice Dote

Localizado na Torre Quixadá (Avenida Barão de Studart, 2360, sala 902, Dionísio Torres). Visitas mediante agendamento por meio das redes sociais da artista

Ateliês do Pocinho

Localizado na Rua do Pocinho, 33 (Palácio Progresso), Centro. Edição do Open Estúdios do Pocinho será realizado neste sábado (25), a partir das 10h. Entrada gratuita

Ateliê de Andréa Dall'Olio

Localizado na Avenida Santos Dumont, 5753, sala 702, Torre Saúde, Papicu. Visitas mediante agendamento por meio das redes sociais da artista

Casa de José de Alencar

Localizado na Avenida Washington Soares, 6055, bairro José de Alencar. Visitas guiadas: de segunda a sexta (08h30, 09h30, 10h30, 13h30, 14h30 e 15h30) e aos sábados (08h30, 09h30 e 10h30). Gratuito. Telefone: (85) 3366.9276. Mais informações por meio do site. Link para agendamento: aqui

Minimuseu Firmeza

Localizado na Avenida Waldir Diogo, Mondubim. Visitas somente por meio de agendamento. Mais informações pelo perfil do equipamento, no instagram, e por meio do contato (85) 99959-2786 - Paula Machado

Casa de Juvenal Galeno

Localizado na Rua General Sampaio, 1128, Centro. Aberta de 8h às 16h. Contato: (85) 3252-3561

Instituto Sérvulo Esmeraldo

Localizado na Avenida Rogaciano Leite, 300, casa 14, Salinas. Visitação gratuita com agendamento pelo e-mail institutoservuloesmeraldo@gmail.com. Terça a sexta-feira, de 10h às 12h e de 14h às 17h; aos sábados, de 14h às 17h. Contato: (85) 3241-4604. Mais informações no site e nas redes sociais (instagram e facebook)

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