Livro inédito sobre Einstein demonstra racismo do cientista, que chamou brasileiro de 'macaco'

Em um diário de viagem, físico alemão chamou brasileiros de "amolecidos pelos trópicos" e "índios semi-aculturados"

Escrito por Redação ,
Físico alemão se encantou com a natureza do Brasil, mas demonstrou desprezo pelos brasileiros
Legenda: Físico alemão se encantou com a natureza do Brasil, mas demonstrou desprezo pelos brasileiros
Foto: Reprodução/Sergey Konenkov

Há uma curiosidade natural sobre o funcionamento da mente de grandes gênios da humanidade, fato que acarretou numa série de filmes, livros e outros registros biográficos ao longo das últimas décadas. Um desses escritos, porém, trouxe tristes revelações sobre Albert Einstein, físico e "pai" da Teoria da Relatividade, e sua relação com o Brasil.

Lançada neste ano, a mais recente publicação sobre o alemão, "Os diários de viagem de Albert Einstein: América do Sul, 1925" (Editora Record) foi organizada por Ze’ev Rosenkranz e traz recortes de observações pessoais feitas pelo cientista em sua passagem pela Argentina, Uruguai e Brasil há quase 100 anos. 

De acordo com matéria publicada na Folha de S. Paulo, antes mesmo de viajar, em uma carta a um amigo, Einstein se mostrou contrariado em relação ao destino: "Não tenho vontade de encontrar índios semi-aculturados usando smoking", escreveu.

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Já no Rio de Janeiro, fez anotações racistas sobre Aloysio de Castro, o chefe da Faculdade de Medicina na época, a quem chamou de "legítimo macaco".

Outro comentário que relaciona o físico a ideias racistas, que sugerem determinismo geográfico e biológico, é o que diz que os brasileiros tinham sido "amolecidos pelos trópicos". Rosenkranz, editor de Einstein, comentou em entrevista à Folha que o racismo era parte da visão biológica do mundo do físico alemão, que era um típico "homem do século 19".

Ainda segundo o editor, os escritos também são uma forma de demonstrar a humanidade de Einstein, no sentido de que, por não esperar que os diários fossem lidos, o cientista alemão depositava ali todos os seus pensamentos – e preconceitos. 

No entanto, de acordo com a pesquisa, Einstein teve tempo suficiente para repensar as atitudes. Após ser vítima de preconceito por ser judeu na Alemanha, o cientista se mudou para os Estados Unidos em 1933, onde aderiu, posteriormente, ao movimento antirracista e se tornou um ativista pelos direitos civis.

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