Dia de Reis: entenda o significado, simpatias e as tradições da data

Data simboliza a visita dos reis magos a Jesus Cristo e tem costumes diferentes pelo mundo

Escrito por Redação ,
Grupo de pessoas dançando com vestes tradicionais de reisado popular, festividade do Dia de Reis
Legenda: No Ceará, o reisado é um dos costumes mas tradicionais do Dia de Reis
Foto: Fabiane de Paula

"Meu senhor dono da casa/Abre a porta e acende a luz/Venho pedir uma esmola/Pelo nome de Jesus". Outrora bastante cantados às portas cearenses, os versos da cantiga do reisado popular simbolizam uma das tradições do Dia de Reis, celebrado neste 6 de janeiro.

Além de marcar a data em que se encerram as celebrações natalinas e se faz o desmonte da árvore de Natal, o Dia de Reis simboliza o momento em que os três reis magos do Oriente visitaram o menino Jesus Cristo, ainda recém-nascido.

O professor Ítalo Curcio, docente do curso de pós-graduação em Fundamentos da Educação Cristã da Universidade Mackenzie, afirma que a data também é conhecida como o Dia da Epifania ou Teofania. “Isso quer dizer a revelação, chegada ou confirmação de que Jesus teria chegado”, observou ao portal CNN.

Quem eram os três reis magos

Com a tradição, convencionou-se que os três personagens são chamados Gaspar, Melchior e Baltazar. Contudo, na passagem que narra a história na Bíblia cristã (Mateus 2,1-12) não há menção nem a nomes, nem a três reis — apenas a magos, no plural.

"Existia uma tradição medieval de usar a expressão 'reis' para se referir a magos, e pode ter surgido desse uso", ressalta o docente.

Segundo a revista Superinteressante, os três nomes são de textos bem mais recentes que o Novo Testamento — escrito entre os séculos I e II —, no qual está o livro de Mateus. Nos escritos, Gaspar é o rei da Índia; Melchior, da Pérsia; e Baltazar, da Arábia.

História dos magos

O relato bíblico conta que o grupo, guiado por uma estrela, procurou Jesus e ofertou ouro, incenso e mirra — um tipo de óleo usado para embalsamar mortos, bastante valioso — como presentes à criança.

Curcio destaca que, na Bíblia, também não há especificação de que os magos formam um trio. “Como foram três presentes, existe essa inferência de que cada um trouxe uma oferta", explica, citando que, na história original, podem ser até mais.

Valor dos presentes

À CNN, o professor pontua que os três presentes têm função importante na celebração, pois, conforme a narrativa cristã, Deus provê aos fiéis sempre que eles precisam.

Desse modo, as ofertas dos magos eram parte da provisão divina — o ouro e a mirra foram essenciais para os pais de Jesus na fuga da família rumo ao Egito, quando buscaram proteger o bebê.

Surgimento da tradição

Mesmo com a alusão à passagem bíblica no feriado, Ítalo Curcio acredita que a tradição surgiu na Idade Média. De acordo com o professor, um autor chamado São Beda escreveu sobre a passagem dos reis magos no século VII.

O escrito assinala que os visitantes seriam persas e tinham o "zoroastrismo" como religião. Provavelmente em razão disso, houve o uso da palavra "magos".

Entretanto, as tradições comemorativas do Natal e do Dia da Epifania se misturaram ao longo do tempo. A troca de presentes ocorria no Dia de Reis, quando os magos presentearam o recém-nascido, não na noite de Natal. Os hábitos, porém, foram se alterando ao longo dos séculos devido às datas terem proximidade.

Costumes

No Ceará, o Dia de Reis abre espaço aos reisados, encenações dramáticas que comemoram o nascimento de Jesus com festejos pelas ruas. Ao longo das celebrações, que contam com música e dança, os brincantes vestem fantasias e máscaras.

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Entretanto, a data suscita celebrações diversas — ela é comemorada de formas variadas ao redor do mundo. Ítalo Curcio listou à CNN alguns dos costumes motivados pelo Dia de Reis em outros países de língua latina.

Portugal

O país colonizador do Brasil tem a Folia de Reis como parte de sua tradição. As celebrações portuguesas começam dia 24 e acabam no dia 6, datas que marcam o levantar e o descer do estandarte de Natal.

Além disso, é ofertado um bolo de reis, um doce com frutas cristalizadas e uma fava escondida. Quem achá-la é proclamado o "rei da noite".

Segundo o professor, a tradição também é reproduzida na França, onde o doce é conhecido como "galette des rois" e em regiões do Canadá. "Se, por exemplo, eu virar rei naquela noite, eu tenho o compromisso de, no próximo ano, ser quem vai ofertar o bolo para outras pessoas", explana. "É uma festa bem bonita, com fartura nas mesas e a preparação semelhante ao nosso Natal".

Itália

No país italiano, os mais tradicionais realizam a troca de presentes na véspera do dia 6 de janeiro. Há ceias de Natal e de Ano Novo, assim como no Brasil, e, além dessas, uma alusiva ao Dia da Epifania.

Uma lenda do país conta a história de uma bruxa bondosa que presenteava as crianças que fizeram bons atos durante o ano. As que se comportavam mal, porém, recebiam pedaços de carvão ou cinzas. Para receber os presentes, as crianças devem colocar meias na janela no Dia de Reis.

Espanha

Os costumes espanhóis situam a troca de presentes no Dia de Reis, não no Natal. Lá, ao pôr do sol da véspera do Dia da Epifania, é feito um desfile conhecido como "Cavalgada do Dia de Reis", em que as pessoas montam em cavalos com roupas típicas tradicionais.

A tradição se mantém na maior parte da América Latina. Em alguns dos países, a troca de presentes ocorre duas vezes, tanto no Natal quanto no Dia da Epifania.

Brasil e a simpatia das romãs

No Brasil, há um costume diferenciado para o Dia de Reis: a simpatia das romãs. A crença pressupõe a garantia de sorte, saúde e dinheiro.

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Para tal, deve-se engolir três caroços do fruto, jogar outros três para trás e guardar o mesmo número na carteira. Ao longo do rito, o interessado deve repetir a frase "Gaspar, Melchior e Baltazar, que o dinheiro não venha me faltar".

Segundo o jornal Estado de Minas, há quem dobre a contagem de sementes, fazendo referência à data em que o Dia de Reis é celebrado. 

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