Entregador baleado por policial penal no RJ não sabe quando voltará a trabalhar
A vítima, identificada como Valério dos Santos Júnior, disse que o projétil permanece alojado
O entregador baleado no pé por um policial penal durante uma discussão na noite dessa sexta-feira (29), no Rio de Janeiro, relatou que ainda não sabe quando poderá retomar suas atividades profissionais.
A vítima, identificada como Valério dos Santos Júnior, disse que o projétil permanece alojado. “Vai depender do médico falar se dá para tirar, se continua, se tem sequela ou não. Vou ficar sem trabalhar por isso”, afirmou ao jornal RJ2.
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Durante uma entrega em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, houve um desentendimento com um cliente do iFood porque este se recusou a receber o pedido na portaria e exigiu que o entregador entrasse no condomínio, segundo a vítima. A prática não é obrigatória.
Valério gravou o momento em que foi baleado por José Rodrigo da Silva Ferrarini, um policial penal. Nas imagens, o homem aparece alterado e efetua o disparo.
“Você não subir é uma parada”, disse o cliente no vídeo. Em seguida, o policial penal atira contra o pé do entregador e questiona: “Então valeu, que isso é o [palavrão], me dá minha parada, tá me filmando por quê?”.
O entregador contou que tentou manter a calma diante da situação. “Ele falou que não ia lá, mandou buscar no bloco e eu falei que não. Disse para me encontrar na portaria. Quando ele veio, já veio alterado. Falei: ‘cara, fica tranquilo, fica tranquilo, eu só preciso do código’. Ele falou: ‘me dá o pedido’. Eu falei: ‘não. Me dá o código, que eu te dou o pedido’. Eu recebia R$ 7 para tomar um tiro no pé”, relatou ao RJ2.
No início da tarde deste sábado (30), entregadores realizaram um protesto em frente ao condomínio onde ocorreu o disparo. Eles afirmaram estar indignados com o fato de o policial penal ter sido ouvido na delegacia e liberado em seguida.
“Uma injustiça, a gente só queria o direito de ir e vir e entregar o lanche do cliente em segurança”, declarou o entregador Breno Pereira, que participou da manifestação.
O que dizem a Polícia e o iFood
A Polícia Civil do Rio informou que a vítima passou por exame de corpo de delito e a arma utilizada pelo agente foi apreendida para perícia. Além disso, testemunhas estão sendo ouvidas.
Em nota, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) confirmou a identidade do atirador, que está em atividade na polícia. A pasta destacou que a conduta atribuída ao servidor aconteceu fora do exercício de suas funções.
“A Corregedoria da Seap estará acompanhando o caso junto à delegacia de polícia”, concluiu o comunicado oficial.
Já o iFood reiterou que os entregadores não são obrigados a levar os pedidos até a porta dos apartamentos e repudiou práticas violentas contra os entregadores parceiros.
Leia a nota na íntegra:
"O iFood não tolera qualquer tipo de violência contra entregadores parceiros e lamenta muito o acontecido com o entregador Valério de Souza Junior. A empresa conta com uma Política de Combate à Discriminação e à Violência para oferecer a todos um ambiente ético, seguro e livre de qualquer forma de violação de direitos. Quando as regras são descumpridas, são aplicadas sanções que podem ir desde advertências até o banimento da plataforma.
O iFood esclarece também que a obrigação do entregador é deixar o pedido no primeiro ponto de contato, seja o portão da casa ou a portaria do prédio. Essa é a recomendação passada aos entregadores e aos consumidores. Em 2024, a empresa lançou no Rio de Janeiro a campanha Bora Descer, que tem o objetivo de incentivar os clientes a irem até a portaria de seus condomínios para receber os pedidos de delivery, como forma de respeito aos entregadores.
O iFood vai disponibilizar ao entregador Valério os serviços da Central de Apoio Jurídico e Psicológico, oferecido em parceria com a organização de advogadas negras Black Sisters in Law, garantindo acesso à justiça e assistência emocional ao parceiro. A empresa está à disposição das autoridades para colaborar no que for necessário.
Esperamos que o caso não fique impune e que Valério Junior se recupere rapidamente."