Pressão baixa: o que é, sintomas e o que fazer

A pressão arterial é a força exercida pelo sangue contra a parede das artérias. O nível da tensão pode ser considerado normal, alto e baixo

A pressão arterial (PA) é a força exercida pelo sangue contra a parede das artérias. Fatores como força da contração do coração, volume de sangue e da resistência dos vasos podem influenciar diretamente no nível da tensão, que pode ser considerado normal, alto e baixo.

Ela é formada por dois tipos: a pressão sistólica, que acontece quando o coração se contrai e o sangue deixa o órgão em direção aos vasos, durante a sístole ventricular — o ponto mais alto da pressão nas artérias; e a diastólica, caracterizada pelo momento de diástole do órgão — quando há um relaxamento e entrada de sangue nesse, que atinge, assim, o menor nível de tensão arterial. As informações são da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).   

Aparelhos como o esfigmomanômetro, encontrado em versões analógicas e digitais, são usados para aferir a PA, registrada por dois números, separados por uma barra: 120/80 mmHg, por exemplo. O primeiro é referente à pressão sistólica, enquanto o segundo à diastólica.  

O que é pressão baixa?  

Segundo a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (DBHA), publicada em 2020, a pressão arterial é considerada normal quando registra números abaixo de 120/80 mmHg. Quando esse valor é superior a 130/80 mmHg a pressão é considerada alta e pode indicar que o paciente sofre de hipertensão — doença crônica que exige cuidados especializados.    

Não existe uma medida padrão que indique que a pressão arterial está baixa. Na verdade, como explica o cardiologista e pesquisador da Universidade Federal do Ceara (UFC), Ricardo Pereira*, há pessoas que naturalmente possuem a pressão abaixo do nível considerado ideal (120/80 mmHg) pela norma.  

A pressão baixa não é considerada uma doença e, sim, uma circunstância fisiológica que pode se apresentar como sintoma de uma patologia, segundo o especialista. Nessas situações, a pressão arterial reduzida pode ou não provocar sinais, que, quando se manifestam, podem gerar de fadiga à tontura. 

Em suma, a hipotensão é a redução da força do bombeamento e do volume do sangue no corpo. Quando ela atinge níveis extremos, geralmente com a pressão sistólica abaixo dos 100 mmHg, pode provocar danos ao organismo, devido à irrigação e oxigenação insuficientes dos órgãos. Esse estágio grave é chamado de choque. Segundo o médico, ele se manifesta de três formas. São elas: 

  • Choque hipovolêmico — condição caracterizada pela redução da quantidade de sangue no organismo, provocada pela perda do líquido, como a hemorragia. A situação faz com que o coração deixe de bombear sangue para o corpo, levando a problemas em vários órgãos; 
  • Choque cardiogênico — quando o coração perde a força de contração e, consequentemente diminui a capacidade de bombeamento, gerando a queda da pressão arterial. Nesse, não há alteração no volume de sangue disponível, mas o órgão não tem força suficiente para distribuí-lo pelo corpo; 
  • Choque séptico — infecção generalizada grave do organismo, causada por microrganismos patogênicos (fungos, bactérias ou vírus), que provoca a liberação de substâncias hipotensoras.  

Pereira frisa que pacientes em choque apresentam a pressão máxima abaixo dos 100 mmHg. Mas é importante ressaltar, conforme o profissional, que indivíduos podem ter a pressão sistólica abaixo dos 100 mmHg e isso não significa que eles estejam em estado de choque, já que é possível que a medida padrão da pressão arterial dele seja normalmente nesse nível.  

O que leva uma pessoa a ter queda de pressão? 

A redução da pressão arterial pode ser provocada por alguma doença, quando a circunstância fisiológica se apresenta como um sintoma da enfermidade. O estado de choque, descrito acima, é um exemplo de condição que pode induzir ao quadro de hipotensão, como aponta o especialista.    

A prática de exercícios físicos ou picos de estresse não podem provocar a queda do nível da PA. Na verdade, essas condições são relacionadas ao aumento da medida (hipertensão).    

Outra condição que pode levar à redução da pressão arterial é a hipotensão ortostática. Mais comum em pessoas mais velhas e diabéticas, ela se caracteriza pela queda temporária do nível da pressão quando o indivíduo em repouso, sentado ou deitado, se levanta bruscamente. Nesses casos, o especialista aconselha que a mudança de posição seja feita devagar.    

Principais dúvidas

É normal ter pressão baixa?

Sim, é normal que a pressão arterial seja abaixo do nível indicado como ideal (120/80 mmHg), pela DBHA. Ou seja, é possível que pessoas possuam o padrão arterial abaixo do apontado como ótimo e isso não significa que elas estão doentes. Na verdade, como elucida o médico, indivíduos que apresentam a média da PA abaixo dos 120/80 mmHg têm menos chances de desenvolveram hipertensão, já que a tendência natural é de aumento desse número ao longo da vida. No entanto, como frisa Pereira, a oscilação decrescente anormal da pressão pode ser sintoma de uma patologia ou até mesmo a indicar um estado de choque.

O que é bom para pressão baixa?

Não existe tratamento para pressão baixa, já que ela não é uma doença, esclarece o especialista. Em alguns casos, quando a pessoa tem a tendência a ter a PA anormalmente abaixo do padrão, é possível sentir sintomas como sonolência e tontura, então ele indica que o paciente ingira uma quantidade de sal. Quando o nível da pressão se normalizar, os sinais somem.

Qual é o limite da pressão baixa?

Não está estabelecido na literatura medicinal o que é considerado o limite da pressão baixa. Na verdade, como explica Pereira, existe apenas a definição de que pacientes com níveis da pressão máxima (sistólica) abaixo dos 100 mmHg podem estar em estado de choque.

Quem tem pressão baixa pode ter infarto?

Não há relação entre a pressão baixa e o infarto, segundo o médico.

Quando a pressão baixa é considerada perigosa?

Quando pacientes apresentem a pressão arterial sistólica abaixo dos 100 mmHg e estão em estado de choque — emergência grave com risco de morte.

Como é a dor de cabeça de pressão baixa?

A pressão baixa não provoca dor de cabeça. Na verdade, como esclarece o cardiologista, esse sintoma é relacionado aos pacientes que sofrem de pressão alta (hipertensão).

*Ricardo Pereira Silva é médico cardiologista, com CRM 4525. Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC), tem residência em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese, mestrado em Cardiologia pela Escola Paulista de Medicina-Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP) e doutorado em Cardiologia pela Universidade de São Paulo (USP). É professor titular da Faculdade de Medicina da UFC e membro da Academia Cearense de Medicina.