Reunião em Brasília deve definir se PL Ceará apoia Capitão Wagner ou lança candidatura própria
Partido se divide sobre estratégias e mira tempo de TV e outras vantagens no primeiro turno
A cúpula do PL no Ceará prepara uma reunião na sede nacional da sigla, em Brasília, para decidir um impasse que se arrasta desde dezembro do ano passado, quando o presidente Jair Bolsonaro se filiou ao partido: apoiar a candidatura de Capitão Wagner (UB) ou ter palanque próprio na disputa pelo Governo do Estado.
O encontro com o presidente nacional do PL, Waldemar da Costa Neto, está previsto para ocorrer entre os dias 6 e 7 de junho e movimenta os bastidores da política cearense.
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Há um impasse interno que divide as estratégias do PL cearense. Uma parte dos parlamentares aposta que o melhor é lançar o ex-deputado federal Raimundo Gomes de Matos e assim garantir ao partido mais tempo de rádio e televisão, por exemplo, abrindo mais espaço para a publicização dos candidatos a deputado federal ou estadual.
Por outro lado, parlamentares apoiadores do Presidente da República preferem ampliar o palanque do União Brasil e pedir votos para Capitão Wagner, apostando em uma “vitória em primeiro turno” - avaliação, por exemplo, da deputada estadual Dra. Silvana.
Nos bastidores, a questão é dada como “em aberto”. De acordo com o vereador Carmelo Neto (PL), o assunto “não divide” o grupo, mas tem tons de indefinição “que deverá ser resolvida nas próximas reuniões”.
Carmelo deverá ter um encontro ainda esta semana com presidente estadual do PL, Acilon Gonçalves, para pautar o assunto, segundo ele. A expectativa, no entanto, é de que o martelo seja batido após reunião com a cúpula nacional em Brasília.
O suplente de vereador na Capital Dudu Diógenes (PL) avalia, por sua vez, que o tema é um divisor dentro do PL no Ceará e defende que o partido decida pelo apoio a Capitão Wagner.
Ao colunista Inácio Aguiar, o ex-vice-prefeito de Fortaleza, Gaudêncio Lucena defendeu que, no Ceará, o partido do presidente Bolsonaro, deve apoiar Capitão Wagner. Filiado ao partido, ele tem participado das articulações da principal candidatura de oposição no Estado e diz que, no momento certo, Bolsonaro deve exigir essa postura do partido.
Os sinais enviados por Acilon, no entanto, apontam para um outro entendimento.
Movimentos de Acilon
O início da propaganda partidária na TV, ainda em maio, indicou que a intenção do PL de lançar candidato próprio ao Governo do Estado segue latente no partido.
Na primeira inserção, Acilon Gonçalves aparece ao lado de Raimundo Gomes de Matos. Na propaganda, Matos aparece lembrando ao telespectador que o partido apoiou a criação do ‘Pix’, que disponibiliza transferências instantâneas entre usuários do sistema bancário.
Procurado pela reportagem, Acilon não respondeu aos questionamentos até a publicação da matéria.
Intenções de Raimundo Gomes
Enquanto o PL não decide sobre lançar candidato ou participar da campanha de Capitão Wagner, Raimundo Gomes de Matos articula para ser o indicado pela cúpula nacional do partido.
Ele também participa da reunião em Brasília na próxima semana. Questionado sobre o impasse nas estratégias no diretório cearense, Matos reconhece a divisão interna.
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“Não houve ainda uma decisão, o prefeito Acilon está aguardando uma posição nacional para dialogar com os candidatos; alguns já têm uma identidade com o Capitão Wagner, mas isso é tudo fruto de um debate”, avalia.
O ex-deputado também defende que o próprio nome configura um “fortalecimento” do PL no Ceará e relembra passagem pela política.
“É uma questão de um novo projeto para o Ceará em virtude de nós termos uma vida política que já passou no Executivo, Legislativo, como Secretário de Estado, e como parlamentar de seis mandatos”, diz o político.
Ainda sobre a possibilidade de ser o indicado do PL, Raimundo Gomes afirma que “não poderá servir a dois senhores” e defende que o partido faça campanha para Jair Bolsonaro no Ceará.
Acilon foi um aliado histórico na base do Governo do Estado, mas, em reiteradas ocasiões, o prefeito do Eusébio e liderança política na Região Metropolitana diz que sua presença no grupo governista não é mais garantida.
Aliados aguardem definição de Wagner
Enquanto Capitão Wagner aguarda definição em Brasília sobre a presença do PL em seu palanque, parlamentares esperam do pré-candidato a governador um posicionamento acerca da política nacional.
A deputada estadual Dra. Silvana e o deputado federal Dr. Jaziel, por exemplo, mantêm a expectativa de que o PL "marche junto" com Wagner, "mas somente se ele apoiar a reeleição de Bolsonaro", diz a parlamentar.