Réu, Bolsonaro nega ligação com tentativa de golpe: 'Nunca fui procurado para fazer nada de errado'

Ex-presidente e outros sete aliados serão julgados em processo que investiga articulação para golpe no Brasil

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 14:51)
Bolsonaro em entrevista
Legenda: Bolsonaro afirmou que teria feito "tudo dentro das quatro linhas" após perder eleições em 2022
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro se pronunciou pela primeira vez, na tarde desta quarta-feira (26), após se tornar réu em processo que julga tentativa de golpe de Estado no Brasil, a partir de falas dele após as eleições de 2022 até o ato do dia 8 de janeiro de 2023. "Nunca fui procurado para fazer nada de errado", disse o político durante discurso, afirmando também ter feito a parte cabida a ele para colaborar com a democracia "dentro das quatro linhas".

Ainda nesta quarta, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para tornar réus Bolsonaro e outros sete aliados citados como indutores de uma articulação para golpe. Os votos foram dos ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Luiz Fux e Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.

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No julgamento, que se iniciou na terça (25), Bolsonaro chegou a comparecer ao STF, fato que não se repetiu na sessão iniciada durante esta manhã. "Ontem eu fui ao Supremo. A minha decisão foi tomada de última hora e vocês se surpreenderam. Hoje resolvi não ir, e obviamente eu já sabia que ia acontecer", alegou o ex-presidente.

Durante o discurso, Bolsonaro citou um dos pronunciamentos feitos por ele após as eleições conduzidas em 2022, processo do qual saiu derrotado da disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Na época, eu disse: 'as manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser o da esquerda, que sempre prejudicaram a população'", continuou ele, justificando que nada disso foi citado no processo em 2025. 

Críticas à investigação

O ex-presidente criticou o processo encaminhado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e a decisão do STF nesta quarta. "Ele bota o que ele quer lá, por isso os detalhes do inquérito são confidenciais", disse em crítica ao ministro Alexandre de Moraes. 

Agora, os acusados passarão a responder a um processo penal — que pode levar a condenações com penas de prisão. 

Confira quais denunciados devem se tornar réus:​

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.