O que se sabe da disputa eleitoral no Ceará na largada da campanha nas ruas
Candidatos podem iniciar campanha nas ruas a partir desta terça-feira (16)
A partir desta terça-feira (16), todos os candidatos a cargos eletivos no Brasil estão autorizados a fazer campanha nas ruas. No Ceará, ainda há pendências em candidaturas ao Legislativo. No entanto, as chapas que irão disputar o Governo do Estado já estão definidas. Desta vez, no caso do Executivo, seis políticos de partidos diferentes tentam atrair o maior número de votos para garantir a vitória rumo ao Palácio da Abolição.
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O Diário do Nordeste lista como está a situação de cada um dos candidatos na disputa pelo Governo do Ceará, além daqueles que irão disputar vagas para o Senado Federal, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE).
Governo do Ceará
Capitão Wagner (União)
Após duas derrotas em disputas pela Prefeitura de Fortaleza, e depois de acumular bons resultados ao concorrer por vagas no Legislativo, o deputado federal Capitão Wagner compete, pela primeira vez, ao Governo do Ceará. Para este pleito, ele reuniu em torno de seu nome um dos cenários mais favoráveis para a oposição em mais de 15 anos no Estado.
Wagner conseguiu o comando de um dos maiores partidos do País, o União Brasil, criado a partir da fusão do PSL com o DEM. Com o comando da sigla, o deputado terá nas mãos uma fatia significativa do tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, além de parcela robusta do fundo eleitoral.
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O político ainda recebe apoio de outras cinco siglas na coligação. Entre essas legendas está o PL, partido do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Esta será a primeira vez que o grupo oposicionista no Estado terá apoio do atual chefe do Executivo nacional em 15 anos.
A chapa liderada por Wagner terá como vice o ex-deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PL). Já no Senado, a chapa é representada por Kamila Cardoso (Avante), que foi candidata a vice-prefeita de Fortaleza em 2020 em outra chapa também liderada por Wagner. O político terá ainda a esposa, Dayany Bittencourt (União), como candidata a deputada federal.
Elmano de Freitas (PT)
Do lado petista, o deputado estadual Elmano de Freitas também acumula bons desempenhos em disputas anteriores no Legislativo e derrotas em pleitos pelo Executivo. Em 2020, o político concorreu à Prefeitura de Caucaia, por exemplo, e ficou em quarto lugar na preferência dos eleitores. Agora, estreia na disputa pelo Governo do Ceará.
Elmano foi o nome escolhido pelo PT após o fim da aliança de 16 anos com o PDT. O parlamentar foi incumbido da missão de derrotar Wagner e Roberto Cláudio, representando uma frente de políticos insatisfeitos com a forma como a ala pedetista mais ligada ao candidato à Presidência Ciro Gomes conduziu a composição da chapa no Estado.
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O deputado estadual conta com apoio do PT e dos partidos federados PCdoB e PT, além de MDB, PRTB, Psol e Rede, também federados, Solidariedade, Pros e PP. Nacionalmente, o político conta ainda com a benção do ex-presidente Lula (PT), que inclusive veio ao Ceará lançar a candidatura do correligionário.
A chapa tem como candidata a vice-governadora Jade Romero (MDB), escolhida após a desistência de Renata Almeida, inicialmente indicada pelo MDB. Já para o Senado, o apoio será ao ex-governador Camilo Santana (PT), principal articulador da chapa do PT e candidato favorito na disputa.
Impasses judiciais
Duas siglas ainda geram indefinição sobre o tamanho do arco de aliança das chapas de Wagner e Elmano. Uma delas é o Pros, que enfrenta uma disputa jurídica sobre o comando da sigla nacionalmente. A cada nova decisão, a cúpula do partido passa por mudanças, assim como os apoios no pleito deste ano.
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Ao longo do período de convenções, por exemplo, a legenda chegou a indicar apoio ao candidato oposicionista e, em seguida, mudou para o petista. Atualmente, a sigla apoia a candidatura do PT.
No caso do PP, presidido no Ceará pelo deputado federal AJ Albuquerque, a decisão foi apoiar a candidatura de Elmano de Freitas. Após a decisão, a executiva nacional da sigla interveio e revogou o apoio. Porém, no último dia de convenção, em 5 de agosto, o diretório local do partido conseguiu, por meio de decisão liminar, garantir a aliança com o PT.
Como em ambos os casos ainda é possível recorrer das decisões, os rumos dos apoios dos dois partidos podem mudar no Ceará.
Roberto Cláudio (PDT)
Candidato escolhido pelo PDT para o Governo do Ceará após uma intensa disputa interna com a atual governadora Izolda Cela (sem partido), o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio tem um histórico de bom desempenho nas disputas eleitorais. O político já enfrentou tanto Wagner quanto Elmano em pleitos municipais, derrotando ambos os adversários.
A opção do PDT de lançar o ex-prefeito resultou em um rompimento do histórico arco de aliança com o PT, deixando políticos que eram aliados até o mês passado em lados opostos da disputa.
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Roberto Cláudio, no entanto, conseguiu manter ao seu lado um dos partidos com maior capilaridade no Estado. A coligação pedetista tem no arco de aliança o PSD, que reúne uma quantidade significativa de prefeitos, aposta da chapa para atrair o eleitorado no Interior. Dessa união saiu o candidato a vice-governador do Ceará, Domingos Filho, presidente do PSD e ex-vice-governador do Estado durante o segundo Governo Cid Gomes, entre 2011 e 2015.
A chapa também conta com o apoio do PSB, PMN, Patriota, Agir, PSC, DC e PMB. A composição liderada por Roberto Cláudio no Ceará enfrenta ainda uma indefinição sobre o candidato ao Senado. Nacionalmente, a chapa recebe o apoio de Ciro Gomes (PDT), candidato à Presidência.
Indefinição tucana
A indefinição acerca da candidatura ao Senado na chapa do PDT envolve, na verdade, um imbróglio da federação entre PSDB e Cidadania. Em convenção liderada pelo presidente da federação, o ex-senador Chiquinho Feitosa (PSDB), as siglas decidiram pela posição de neutralidade no pleito deste ano.
Contudo, essa definição contraria o que havia anunciado o senador Tasso Jereissati (PSDB) dias antes, apoiando a candidatura de Roberto Cláudio. Com o impasse instalado, houve uma intervenção nacional da federal para nomear Tasso como o responsável pela definição.
O líder tucano acabou reafirmando a aliança com o PDT e indicou o empresário Amarílio Macedo (PSDB) ao cargo de senador. Após a decisão, Chiquinho Feitosa judicializou a disputa e conseguiu decisão liminar favorável no Tribunal Superior Eleitoral na última terça-feira (9). Assim, atualmente, o PSDB Ceará está em posição de neutralidade em relação ao Governo do Estado.
Essa situação fez com que, já no fim do prazo, o PDT apresentasse à Justiça Eleitoral um novo nome para a disputa do Senado: caso da vereadora de Fortaleza, Enfermeira Ana Paula.
Serley Leal (UP)
Já o UP estreia na disputa pelo Governo do Ceará sendo representado pelo bancário Serley Leal. A sigla, fundada em 2016 e registrada em 2019, apresentou candidato para a disputa pela Prefeitura de Fortaleza, em 2020. À época, o próprio Serley foi candidato a vice-prefeito na chapa liderada por Paula Colares (UP).
Serley é um dos fundadores da sigla e atuou no Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB). Para o pleito de outubro, a sigla terá uma chapa pura, com o indígena Bita Tapeba (UP), de Caucaia, como candidato a vice-governador. Nacionalmente, os dois concorrentes são apoiados pelo mineiro Leonardo Péricles, candidato à Presidência pelo partido.
Zé Batista (PSTU)
Completa a lista de candidatos ao Governo do Ceará o operário da construção civil Zé Batista, nome escolhido pelo PSTU. Em seu histórico na política, ele disputou uma vaga na Câmara Municipal de Vereadores de Fortaleza em 2020, mas não conseguiu ser eleito.
Neste ano, o PSTU lançou chapa pura, tendo como candidato a vice-governador Reginaldo Araújo, servidor público de Limoeiro do Norte e ativista do movimento ambiental e social. Os políticos apoiam, na disputa por uma vaga ao Senado Federal, o correligionário Carlos Silva (PSTU). Já nacionalmente, a sigla lançou como candidata à Presidência da República Vera Lúcia (PSTU).
Chico Malta
O Partido Comunista Brasileiro (PCB) não ficará de fora da disputa pelo voto dos cearenses. O nome a representar o partido é o do advogado Chico Malta, militante histórico da legenda. Com pouca representatividade no País, o partido tenta marcar uma posição crítica ao modelo que governa o estado, com oposição à esquerda.
O Partido também vai de chapa pura, com o vice Nauri Araújo.
Senado Federal
O Ceará tem inscritas até agora seis candidaturas ao Senado. Uma delas, porém, ainda segue em avaliação da Justiça Eleitoral, caso de Amarílio Macêdo, do PSDB, e outra já teve a desistência anunciada pelo partido. É o caso do Psol, que havia lançado Paulo Anacé ao Senado, e feito acordo para apoiar Elmando de Freitas ao Governo do Estado.
O Partido dos Trabalhadores realizou convenção no dia 30 de julho indicando o ex-governador Camilo Santana como candidato ao Senado. Dias depois, o Psol oficializou o apoio ao PT no âmbito estadual, mas não abriu mão do nome de Paulo Anacé para disputar a única vaga de senador.
Ocorre que, no último domingo, diante das incertezas judrídicas relacionadas à federação entre Psol e Rede, o partido acabou desistindo de lançar a candidatura de Paulo Anacé, que será agora postulante ao cargo de deputado federal.
Cenário instável
Por outro lado, um imbróglio jurídico tem deixado o cenário instável na chapa do PDT no Ceará. O apoio do PSDB à candidatura de Roberto Cláudio (PDT) ao Palácio da Abolição ainda está pendente na Justiça.
Na primeira convenção conduzida pelo então presidente Chiquinho Feitosa, a legenda aprovou a neutralidade na disputa do Executivo. A sigla, na sequência, sob a liderança de Tasso Jereissati (PSDB), acabou aprovando nova ata oficializando o apoio.
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A Justiça Eleitoral, no entanto, ainda precisa definir se a federação PSDB/Cidadania ficará neutra ou se formalizará união com o PDT para a disputa de governador.
Enquanto isso, Amarílio Macêdo (PSDB) foi indicado pelo partido candidato a senador na chapa pedetista. Filiado de longa data, o tucano é empresário e nome de confiança do senador Tasso.
Diante das incertezas, já no fim do prazo para pedido de registro de candidaturas, o PDT resolveu formalizar o pedido de candidatura ao Senado em nome da vereadora Enfermeira Ana Paula que pode vir a ser a candidata, caso o recurso do PSDB não seja atendido.
Já na chapa liderada por Capitão Wagner (União), a candidata ao Senado é Kamila Cardoso (Avante). A advogada repete a dobradinha com o deputado federal em uma eleição para o Executivo. Eles já estiveram juntos na disputa pela prefeitura de Fortaleza, em 2020.
Ingressando recentemente na vida partidária, Kamila tem a pauta da acessibilidade de pessoas com deficiência como uma das prioridades na vida pública.
Na chapa de oposição à esquerda, o candidato ao Senado é Carlos Silva, filiado ao PSTU. Ele reforça o palanque do candidato do Governo do Estado, Zé Batista (PSTU).
Disputa Legislativa
Se for pelo desejo dos parlamentares cearenses, não haverá uma grande renovação política nas eleições de outubro. Levantamento feito pelo Diário do Nordeste, em julho deste ano, mostrou que o percentual dos nomes que disputarão a reeleição é alto.
Na Assembleia Legislativa, 37 deputados devem concorrer ao mesmo cargo eletivo. Já na Câmara dos Deputados, 19 confirmaram candidatura à reeleição. O Ceará tem ao todo 46 deputados estaduais e 22 federais.
Com mandatos, os deputados federais José Guimarães (PT) e Luizianne Lins (PT) são as apostas do partido para alavancar as demais candidaturas. Os parlamentares estiveram entre os mais votados do Ceará em 2018.
Pelo PL a aposta é o nome de André Fernandes. Deputado estadual mais votado em 2018, agora ele vai tentar vaga na Câmara dos Deputados. Próximo ao presidente Jair Bolsonaro (PL), o parlamentar quer representar a campanha presidencial no Estado. Além dele, há nomes com densidade como o do coordenador da bancada cearense no Congresso, Júnior Mano.
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Há apostas ainda em quem não tem mandato. Fora da vida pública desde que não conseguiu se reeleger na disputa de senador, o emedebista Eunício Oliveira vai tentar uma cadeira de deputado federal.
Dentro do partido, o ex-presidente do Senado é visto como um nome que pode ajudar a levar outros candidatos ao Congresso Nacional pela expectativa de ser um "puxador de votos". Outro nome a ser observado no MDB é o do deputado estadual Nelinho, que concorre agora a federal.
O União Brasil acredita que a candidata à deputada federal Dayany do Capitão – esposa de Capitão Wagner – pode ajudar a legenda a se fortalecer em número de cadeiras na bancada em Brasília.
Wagner foi o deputado federal mais votado em 2018, e agora candidato ao Governo do Estado, busca transferir a força eleitoral para a esposa puxar votos na legenda. Será a primeira experiência nas urnas da candidata.
Na legenda, entretanto, há nomes com forte potencial de vencer a disputa como é o caso do atual deputado federal Moses Rodrigues, liderança da Zona Norte do Estado.
No PDT, há ainda um alista de nomes fortes como é o caso dos deputado Mauro Filho, André Figueiredo, Eduardo Bismarck e Robério Monteiro.