Ministro Carlos Lupi afirma que houve demora sobre investigação na fraude bilionária do INSS
Operação da PF e da CGU revelou descontos ilegais nos benefícios de aposentados

O Ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), disse que “levou-se tempo demais” para que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), apurasse as denúncias das fraudes reveladas pela operação Sem Desconto.
"Eu pedi à época, instruí, para que o INSS, que é a instituição responsável pela ação dessa política pública, começasse a apurar essas denúncias apresentadas. Levou-se tempo demais", disse o ministro.
Na semana passada, a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU), revelaram um esquema que desviou indevidamente cerca de R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas do INSS, por meio das chamadas “mensalidades associativas”.
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"Em junho de 2023, se começou, dentro do INSS, uma autarquia independente, a se fazer a verificação de todas as denúncias apresentadas, que não era a primeira vez”, disse ele. As declarações do ministro foram durante a reunião do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), em Brasília.
Lupi tinha conhecimento
Uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, revelou no último sábado (26), que o ministro Carlos Lupi foi avisado das denúncias sobre esses descontos não autorizados em junho de 2023, e levou quase um ano para tomar as primeiras providências.

“Abertos os trabalhos, a conselheira Tonia Galleti relatou que havia solicitado a inclusão da discussão sobre os acordos de cooperação técnica (ACTs) das entidades que possuem desconto de mensalidade junto ao INSS, a qual não foi aprovada, uma vez que a pauta já estava elaborada”, diz um trecho da ata datada de 12 de junho de 2023.
A conselheira reforçou a solicitação nesta mesma reunião, devido às inúmeras denúncias feitas. Lupi, então, solicitou que o tema fosse pautado para a reunião do conselho do mês seguinte, em 27 de julho. Entretanto, isso não aconteceu, com o conselho optando por encaminhar outros assuntos.
Nova denúncia
Na reunião do CNPS, um dos representantes dos empregadores, Ivo Esteves Alonso Mósca, apresentou uma possível nova irregularidade ao ministro Carlos Lupi. Segundo ele, instituições financeiras estariam descumprindo uma portaria do INSS e cobrando juros indevidamente sobre o benefício de antecipação salarial.
Durante a discussão do conselho, outros conselheiros confirmaram terem recebido queixas semelhantes de pensionistas e aposentados. Carlos Lupi, então, pediu para que Mósca apresente uma comprovação sobre a denúncia, e caso haja confirmação, encaminhará a reclamação para a Polícia Federal investigar.
Quem é Carlos Lupi
Carlos Lupi, natural de Campinas, em São Paulo, e é formado em Administração pela Faculdade do Centro Educacional de Niterói (FACEN). Conhecido nos governos do PT, ele integrou o governo Lula desde o primeiro dia do terceiro mandato, mas também já participou de outras gestões petistas.
Entre 2007 e 2011, e no primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT), Lupi foi ministro do Trabalho. No entanto, ele deixou o cargo no primeiro mandato de Dilma em dezembro de 2011, durante uma “reforma” ministerial. Em 2014, tentou se eleger senador, mas não obteve sucesso. Atualmente é presidente licenciado do PDT.