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Apenas 10 de 68 deputados federais e estaduais do Ceará não devem tentar reeleição em 2022

Enquanto alguns parlamentares irão disputar novos cargos, outros ficarão de fora do pleito deste ano

Escrito por Luana Barros , luana.barros@svm.com.br
Assembleia Legislativa
Legenda: A tendência entre deputados estaduais e federais do Ceará é de disputa pela reeleição em 2022
Foto: Dario Gabriel/AL-CE

A partir desta quarta-feira (20), inicia o prazo para que os partidos realizem as convenções partidárias, nas quais são confirmados os candidatos para as próximas eleições, tanto na disputa proporcional como majoritária. No Legislativo, a tendência é de que ampla maioria dos deputados - tanto federais como estaduais - tentem a reeleição. 

Segundo levantamento do Diário do Nordeste, pelo menos 10 parlamentares não irão tentar se manter no cargo que ocupam atualmente - somando representantes cearenses na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados e Senado Federal. 

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Dentre estes, três não devem disputar nenhum cargo em 2022: os deputados estaduais Carlos Felipe (PCdoB) e Aderlânia Noronha (SD) e o deputado federal Genecias Noronha (PL). 

O senador Tasso Jereissati (PSDB) afirmou, em diferentes ocasiões, que não será candidato à reeleição em 2022. Ele chegou, inclusive, a admitir a possibilidade de não concorrer a nenhum cargo. 

Contudo, o apoio do PSDB à pré-candidatura de Simone Tebet (MDB) à presidência da República, tem feito o nome do tucano cearense ser apontado para integrar a chapa como vice. Por enquanto, no entanto, ainda não há nenhuma confirmação quanto a essa composição. 

Disputa majoritária

Deputado federal mais votado em 2018, Capitão Wagner (União) não irá tentar renovar o mandato na Câmara dos Deputados. Ele anunciou a pré-candidatura ao Governo do Ceará ainda em 2021 e tem tentado atrair legendas para apoiá-lo na disputa. Wagner lançou a pré-candidatura da esposa, Dayany Bittencourt para a Câmara dos Deputados pelo União Brasil, partido que o parlamentar preside do Ceará. 

Outros dois parlamentares chegaram a ser cotados para a disputa majoritária. O presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (PDT), e o deputado federal Mauro Filho (PDT) foram apresentados como pré-candidatos do PDT ao Palácio da Abolição.

Contudo, ambos retiraram as pré-candidaturas antes da votação no diretório estadual da legenda - que acabou decidindo pelo ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) para a disputa estadual na última segunda-feira (18). Ele concorreu contra a governadora Izolda Cela (PDT) pela indicação.

Ambos devem, agora, concorrer à reeleição para os mandatos que exerceram nos últimos quatro anos. 

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Mesmo antes de anunciar a desistência, Evandro Leitão já vinha falando sobre a prioridade da reeleição como deputado estadual

"Estou trabalhando para renovar meu mandato, é meu foco, mas, claro, me coloco à disposição do partido. Acredito em projeto e faço parte de um grupo, então, estarei com o grupo para o que for definido acredito e confio", disse em evento do PDT em Pacajus, em março. 

Outro parlamentar estadual que chegou a declarar intenção de concorrer ao cargo de governador foi Zezinho Albuquerque (PP). Contudo, em maio, ele afirmou que "se (a candidata do PDT) for a governadora Izolda, puxei meu trem de pouso". Caso contrário, ele iria "repensar". Com a decisão do PDT, Zezinho ainda não confirmou se voltará a apresentar pré-candidatura ao Governo do Ceará.

Candidatura para novos cargos

Cinco deputados estaduais, por sua vez, devem tentar uma cadeira na Câmara dos Deputados. 

Um dos parlamentares cearenses mais próximos do presidente Jair Bolsonaro (PL), André Fernandes (PL) deve tentar mandato como deputado federal. Em 2018, quando disputou uma votação pela primeira vez, ele foi o candidato mais votado para a Assembleia Legislativa.

Também no primeiro mandato como deputados estaduais, Nelinho (MDB) e Soldado Noelio (União) também devem tentar vaga na Câmara dos Deputados. 

Com mais tempo no legislativo estadual, Fernanda Pessoa (União) e Delegado Cavalcante (PL) fecham a lista de pré-candidatos à deputado federal que hoje exercem mandato na Assembleia Legislativa. 

Candidatura à reeleição 

Os deputados que não irão tentar reeleição são, no entanto, minoria. Seja na bancada de deputados federais do Ceará, seja na Assembleia Legislativa, a tendência é por candidaturas com a intenção de manter o mandato exercidos atualmente. 

Dos 46 deputados estaduais, pelo menos 37 devem tentar a reeleição em outubro. Apenas um não retornou contato do Diário do Nordeste nem tinham indicativo de pré-candidatura a deputado estadual nas redes sociais.  

Já entre os 22 deputados federais cearenses, apenas 2 não irão tentar a reeleição. Indagados pelo Diário do Nordeste, 19 confirmaram - diretamente ou por meio do comando partidário - a pré-candidatura para a Câmara dos Deputados, enquanto um não respondeu o contato. 

Pesquisador do Laboratório de Estudos de Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), o cientista político Cleyton Monte afirma que existe a "tendência" de que tanto parlamentares estaduais como federais tentem a reeleição "com muita frequência". Ele reforça que, apesar disso, "o cearense renova muito a sua representação parlamentar". 

"Em poucas palavras, os parlamentares tentam, mas apenas uma parte deles conseguem ser reconduzidos", reforça. 

Renovação no legislativo

Apesar disso, tanto o cientista político como parlamentares cearenses consideram que, em 2022, haverá uma renovação menor do que nas últimas eleições gerais, em 2018. Um dos motivos, é o arrefecimento da 'onda de outsiders'.  

Naquele ano, a bancada cearense na Câmara dos Deputados teve uma renovação de 60% das cadeiras. Dez deputados federais na época não conseguiram se reeleger. Na Assembleia, a renovação foi de 37%, com 17 deputados estaduais vencendo a disputa pelo legislativo estadual pela primeira vez.

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Para o deputado federal Eduardo Bismarck (PDT), há uma compreensão de que "outsiders" não são "necessariamente saudáveis para a política". Há quatro anos, esses candidatos que tinham discurso de 'não pertencimento' à classe política e 'contra sistema' tiveram sucesso eleitoral e geraram grande renovação, principalmente no Legislativo. 

"Muitos têm discursos rasos e quando chegam, não compreendem a política. Dessa vez, as pessoas tendem a olhar mais para os políticos que tenham história, que saibam realizar, prestar bons serviços na política", afirma.

Pré-candidato ao nono mandato como deputado estadual, Fernando Hugo (PSD) ressalta que a renovação é diferente de "inovação". "Eu não sei se quando é dito 'vamos renovar' significa inovar. Inovar é mudar. Renovar é apenas tirar o Zé e botar o João. É preciso inovar", afirma. 

Cleyton Monte aponta, inclusive, que, até o momento estão colocados "um número menor de outsiders tentando esses cargos". 

"O próprio discurso outsider ele vai ter pouca eficácia. Tanto é que você vê poucos nomes de fora do mundo político tentando essas vagas. Não teremos a mesma onda que tivemos em 2018 e eu acredito que a taxa de renovação da Assembleia e da Câmara vai ser menor". 
Cleyton Monte
Cientista político

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