Deputado critica demora para prisão de Bebeto Queiroz, prefeito foragido no Ceará: 'Justiça muito lerda'
"Onde nós chegamos, é gente dizendo que o prefeito Bebeto tinha passado por tal cidade, tinha ameaçado tal líder político", complementou Danilo Forte
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Dois meses após a expedição de mandado de prisão contra Bebeto Queiroz (PSB), prefeito eleito de Choró, ele não foi detido pelas autoridades policiais cearenses, o que tem gerado um clima de insatisfação por parte da classe política. A demora levou o deputado federal Danilo Forte (União) à tribuna da Câmara Federal, na quarta-feira (5), para cobrar mais rigor na busca pelo político.
"Como a Justiça pode dar o exemplo se não consegue prender um prefeito que, desde o final do ano passado, está foragido da polícia, condenado à prisão, e ninguém o encontra no Ceará? Agora virou um fantasma porque a preocupação que nós temos é que, onde nós chegamos, é gente dizendo que o prefeito Bebeto tinha passado por tal cidade, tinha ameaçado tal líder político, para o qual (Bebeto) coordenou toda uma operação de financiamento ilegal de campanha e estaria sendo pressionado exatamente para ocultar a sua presença (na cidade)", relatou Danilo Forte.
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Sem citar nomes, ele mencionou, ainda, o caso de um prefeito que também virou alvo de investigação no Estado em 2024 e chegou a ser preso e monitorado por tornozeleira eletrônica. A situação é a mesma de Braguinha (PSB), eleito em Santa Quitéria.
"Outro prefeito foi preso e está com tornozeleira eletrônica desde dezembro do ano passado. Infelizmente, a Justiça do Estado do Ceará, ainda muito lerda, não consegue fazer o afastamento de prefeitos que sequer assumiram os seus mandatos. E nós já estamos com mais de um mês no mandato efetivo, quando a legislação é muito clara: após 15 dias, com o Prefeito não assumindo a gestão do municipal, poderia ser avocado pela Justiça o afastamento definitivo daqueles prefeitos e a convocação de novas eleições. Infelizmente, no Ceará não acontece", completou o deputado.
Tanto Bebeto quanto Braguinha são investigados por suposto esquema de compra de votos e envolvimento com facções criminosas e viraram alvos de mandados de prisão por isso. O prefeito eleito de Choró foi procurado no começo de dezembro em operação policial, mas foi declarado foragido. Já o de Santa Quitéria foi preso durante cerimônia de posse na Câmara Municipal, antes da transferência do cargo. Posteriormente, passou para prisão domiciliar com monitoramento eletrônico.
Ambos deviam ter tomado posse de seus cargos até 10 de janeiro, como mandam as leis orgânicas dos municípios. Os desdobramentos, contudo, fizeram com que as duas casas legislativas municipais aprovassem leis para revogar esse prazo por tempo indeterminado.
Bebeto e Braguinha
Bebeto Queiroz é considerado foragido desde 5 de dezembro do ano passado, por não ter sido localizado pelos agentes da Polícia Federal (PF), no contexto da operação "Vis Occulta".
Segundo a Justiça, ele é suspeito de utilizar recursos de emendas parlamentares para a promoção de um esquema de compra de votos e, com isso, influenciar o resultado de eleições municipais em cidades do Ceará.
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Queiroz também foi alvo do Ministério Público do Ceará (MPCE) em uma investigação de irregularidades em contratos feitos pela Prefeitura de Choró. À época, o prefeito eleito Bebeto Queiroz foi considerado foragido pela Justiça, mas se entregou à Polícia Civil no dia seguinte. Ele chegou a ficar 10 dias detido, mas foi liberado.
Já em relação a Braguinha, em 31 de dezembro, a Justiça determinou a prisão de oito pessoas, ações de busca e apreensão, além do afastamento de investigados, como desdobramentos da apuração da PF e da Polícia Civil acerca de diversos crimes na disputa eleitoral de Santa Quitéria, como participação em organização criminosa armada e lavagem de dinheiro.
Conforme o TRE-CE, as medidas foram deferidas pela presidência do órgão, que avaliou a existência de “provas e fortes indícios de crimes” ocorridos durante as eleições de 2024 no município. As acusações incluem:
- ameaças diretas a eleitores;
- pichações ameaçadoras;
- cancelamento de comícios e eventos de campanha;
- expulsão de opositores do prefeito reeleito;
- outras intimidações com fins eleitorais, como represálias violentas contra quem não apoiasse os candidatos do grupo.
“A decisão judicial destaca que os crimes eleitorais foram acompanhados de graves violações à ordem pública, exigindo medidas rigorosas para garantir a investigação e preservar a integridade do processo eleitoral”, destacou o TRE, em nota sobre a manutenção das prisões.
Conforme divulgado pelo colunista Inácio Aguiar, do Diário do Nordeste, a investigação aponta, ainda, que servidores da prefeitura teriam entregue um veículo de luxo ao traficante Anastácio Paiva Pereira, conhecido como Doze ou Paizão, apontado como chefe do CV na região.
Em nota, o prefeito Braguinha negou as acusações, afirmando que não teve conhecimento prévio, tampouco autorizou a viagem mencionada, e destacou que os servidores envolvidos foram exonerados no último dia 20 de dezembro.
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Em contato com o PontoPoder, após a audiência de custódia, a defesa de Braguinha afirmou que solicitou a revogação da prisão e a adoção de medidas cautelares substitutivas, reforçando que acredita na inocência do político.
“A defesa confia na improcedência da acusação. Nos autos não há nenhum nexo de causalidade entre os fatos apresentados na representação da Polícia Federal e da Polícia Civil, com a pessoa de Braga Barroso", defendeu o advogado Fernandes Neto, que representa o prefeito no caso.
O PontoPoder não conseguiu localizar a defesa de Bebeto Queiroz. O espaço está aberto para manifestações.