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Defesa de Bolsonaro alega 'risco à vida' e prepara recursos contra prisão

Advogados afirmaram que o estado de saúde do ex-presidente é "delicado".

Escrito por
Redação producaodiario@svm.com.br
Foto que contém o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Legenda: Jair Bolsonaro foi preso na manhã deste sábado (22).
Foto: Antônio Augusto/STF.

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) emitiu uma nota à imprensa contra a prisão preventiva. De acordo com os advogados, o estado de saúde do ex-presidente é "delicado", e o encarceramento "pode colocar sua vida em risco".

Ainda conforme os defensores do ex-presidente, serão apresentados recursos para revogar a decisão.

Bolsonaro foi preso na manhã deste sábado (22) em Brasília e levado à sede da Superintendência da Polícia Federal (PF). Conforme a defesa do ex-presidente, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, se baseia em na vigília de orações convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-SP).

"A prisão preventiva do ex-presidente causa profunda perplexidade, principalmente porque, conforme demonstra a cronologia dos fatos, está calcada em uma vigília de orações", afirmam os advogados de Bolsonaro.

A defesa do ex-mandatário também reforçou que ele estava em casa utilizando tornozeleira eletrônica e sob monitoramento policial constante, o que contrasta com a decisão do magistrado, que afirmou que o dispositivo foi violado no início da madrugada deste sábado.

Por que o ex-presidente foi preso?

Alexandre de Moraes considerou que manter o ex-presidente em prisão domiciliar "não era capaz de neutralizar o risco, (...) mesmo com o uso de monitoramento eletrônico e acompanhamento policial permanente".

O despacho da decisão de Moraes tem início em eventos que aconteceram desde a sexta-feira (21). De acordo com o ministro, a PF e a Procuradoria-Geral da República apontaram "risco iminente de fuga" de Bolsonaro.

Isso porque a tornozeleira eletrônica utilizada pelo ex-presidente foi violada pouco depois da meia-noite deste sábado, o que indica tentativa de rompimento do dispositivo.

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Com isso, o temor judicial era de que Bolsonaro pudesse se deslocar para embaixadas próximas da sua casa, sobretudo baseado em investigações que descobriram que, anteriormente, o ex-presidente planejou pedir asilo em uma representação diplomática.

A recente fuga de outros réus e aliados políticos, como o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), também foi considerada por Moraes: "(Isso indica) a adoção de estratégia semelhante por outros integrantes do mesmo núcleo investigado", completa o STF.

Vigília convocada por Flávio Bolsonaro também causou prisão 

O senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), filho '01' do ex-presidente, convocou uma vigília na frente da casa do pai. Essa medida também foi citada por Moraes como uma das contribuintes para o pedido da prisão.

Segundo o ministro, trata-se de uma "tentativa de obstrução e fiscalização da prisão domiciliar", na qual Bolsonaro se encontrava desde 4 de agosto, agravada pelo fato de a vigília ter sido convocada por um parlamentar e familiar do réu.

"(A vigília tinha) potencial de gerar aglomeração de apoiadores e dificultar o cumprimento de medidas cautelares. Essa mobilização seria um possível meio para dificultar ações de fiscalização e permitir eventual fuga, reproduzindo estratégias anteriormente identificadas na investigação de atos antidemocráticos", observa o STF.

O ministro destacou ainda que Bolsonaro já havia violado outras medidas, incluindo o uso indevido de redes sociais e condutas que contrariavam regras da prisão domiciliar.

A condução do ex-presidente para a sede da PF em Brasília, na decisão de Moraes, deveria ocorrer sem algemas e exposição midiática.

Bolsonaro será submetido ainda a audiência de custódia por videoconferência neste domingo (23), e durante o período preso, terá atendimento médico permanente e só poderá receber visitas de advogados e da equipe médica.

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