Tornozeleira eletrônica de Bolsonaro foi violada horas antes de prisão, diz Moraes
STF viu risco de fuga do ex-presidente durante vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente, neste sábado (22), poucas horas após uma violação à tornozeleira eletrônica que ele utiliza, segundo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
"O Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta Suprema Corte a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu Jair Messias Bolsonaro, às 0h08min do dia 22/11/2025. A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho", revela a decisão.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes pela prisão preventiva de Jair Bolsonaro foi cumprida pela Polícia Federal, na residência do ex-presidente, por volta de 6h deste sábado (22).
O filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL), publicou nas redes sociais, na última sexta-feira (21), uma convocação para uma "vigília pela saúde de Bolsonaro e pela liberdade do Brasil", a ser realizada às 19h deste sábado (22), nas proximidades do condomínio onde Jair mora.
Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes avaliou que "os elementos informativos apresentados evidenciam a possibilidade concreta de que a vigília convocada ganhe grande dimensão, com a concentração de centenas de adeptos do ex-presidente nas imediações de sua residência, estendendo-se por muitos dias, de forma semelhante às manifestações estimuladas pela organização criminosa nas imediações de instalações
militares, especialmente no final do ano de 2022, com efeitos, desdobramentos e consequências imprevisíveis".
Tal fato tem o condão de gerar um grave dano à ordem pública, podendo inclusive inviabilizar o cumprimento de eventuais medidas em decorrência do trânsito em julgado da ação Penal 2.668/DF, ou exigir o indesejável emprego de medidas coercitivas pelas forças de segurança pública para o seu cumprimento, colocando em risco a segurança de moradores do condomínio de residência e imediações, apoiadores, policiais designados para a missão e até mesmo o condenado e seus familiares."
A decisão aponta ainda que "o condomínio do réu está localizado a cerca de 13 km (treze quilômetros) do Setor de Embaixadas Sul de Brasília/DF, onde fica localizada a embaixada dos Estados Unidos da América, em uma distância que pode ser percorrida em cerca de 15 (quinze) minutos de carro".
"Rememoro que o réu, conforme apurado nestes autos, planejou, durante a investigação que posteriormente resultou na sua condenação, a fuga para a embaixada da Argentina, por meio de solicitação de asilo político àquele país", completa.
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Prisão preventiva de Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente neste sábado (22), em Brasília, a pedido da Polícia Federal. A medida tem caráter cautelar e não corresponde ao cumprimento da condenação por tentativa de golpe de Estado.
A Polícia Federal pediu a prisão dele após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho 01 do ex-mandatário, convocar, na noite dessa sexta-feira (21), uma vigília de apoiadores em frente à casa do pai.
“Eu te convido para lutar com a gente. Nesse primeiro momento, a gente vai buscar o senhor dos exércitos. Eu te convido para uma vigília que começa neste sábado para orarmos pela saúde dele”, diz Flávio. Contudo, para a PF, o ato gerava risco para a ordem pública.
Bolsonaro, que estava em prisão domiciliar desde o último dia 4 de agosto, foi levado para a Superintendência da Polícia Federal por volta de 6h, tendo chegado à sede da PF às 6h35.
O marido de Michelle Bolsonaro está preso em uma sala de Estado, espaço reservado para ex-presidentes e outras autoridades de alto escalão.
A Polícia Federal informou, em nota, que cumpriu o mandado de prisão preventiva contra Bolsonaro após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Defesa pediu prisão domiciliar de ex-presidente
A prisão do ex-presidente ocorre um dia após a defesa pedir ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que a prisão dele fosse convertida do regime fechado para domiciliar humanitária.
Os advogados de Bolsonaro alegaram que ele sofre de múltiplas comorbidades como hipertensão, apneia do sono, doença aterosclerótica e câncer de pele, além de já ter tido pneumonias aspirativas e enfrentar complicações do atentado de 2018.
Condenação de Bolsonaro
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 11 de setembro. Além disso, deve pagar 124 dias-multa, majoradas no valor de dois salários mínimos, pelos delitos de dano qualificado e de deterioração de patrimônio tombado.
A pena recebeu anuência de quatro dos cinco ministros do colegiado. Luiz Fux abdicou de votar nesta fase por ter pedido a absolvição do réu na análise do mérito.
A privação de liberdade será cumprida em regime fechado da seguinte forma:
- 24 anos e 9 meses de reclusão;
- 2 anos e 6 meses de detenção.