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Como está a força dos partidos na Câmara Municipal de Fortaleza e quais os planos para 2024

Com o objetivo de traçar um prognóstico da eleição na Capital em 2024, perfilamos a disputa a partir do desenho observado no Legislativo municipal

Escrito por Bruno Leite , bruno.leite@svm.com.br
Plenário da Câmara Municipal
Legenda: Atualmente, 16 legendas compõem o quadro partidário da Câmara Municipal de Fortaleza.
Foto: Érika Fonseca / CMFOR

A menos de um ano da eleição de 2024, as bancadas partidárias que compõem a Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) apresentam configurações diferentes das que foram eleitas em 2020. De lá para cá, partidos perderam membros, outros ganharam novos integrantes, siglas deixaram de existir e algumas até passaram a ter representantes na Casa.

Atualmente, 16 agremiações integram o quadro partidário do Legislativo fortalezense. Uma a menos da formação eleita. Ao longo dos próximos onze meses que antecipam o processo eleitoral, o objetivo das lideranças parece ser o mesmo: escolher figuras competitivas e elaborar estratégias para ocupar uma parcela maior das 43 cadeiras que compõem o Plenário Fausto Arruda.

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Até o início do mês, a provável votação da minirreforma eleitoral pelo Congresso Nacional e as decorrentes mudanças que o texto propunha chegaram a ameaçar os cálculos que já estavam na ponta do lápis dos articuladores políticos, porém, com a postergação da matéria, eles passaram a respirar aliviados na preparação para a disputa proporcional.

Dados os acontecimentos recentes e a corrida antecipada dos atores políticos, o Diário do Nordeste contatou lideranças e analisou a força dos partidos no Legislativo do Município nesse período decisivo, a fim de traçar um prognóstico acerca do assunto.

Meta ousada do PDT

Dono do maior quantitativo de vereadores da Capital cearense, onde tem dez parlamentares, o Partido Democrático Trabalhista (PDT) estabeleceu uma meta ousada para o pleito que está por vir, o de ganhar mais espaço, e chegar ao número de 15 ocupantes na Casa.

Com esse intento, no último dia 5 de outubro, a executiva municipal da sigla se reuniu e propôs uma comissão de tática da eleição proporcional, cuja função será a de articular candidaturas que possibilitem a agremiação a atingir o patamar estipulado. Na oportunidade, o líder do órgão partidário, Roberto Cláudio (PDT), descreveu que a chapa deve ser "ampla, forte, qualificada e diversa", além de completa.

Para comandar a estratégia, o presidente da CMFor, Gardel Rolim (PDT), foi o escolhido, dependendo da formalização que deverá ocorrer na próxima quinta-feira (26). Em entrevista, ele comentou que sua tarefa será a de organizar, conversar com os militantes e vereadores e reforçar o time para que possam continuar como o maior grupo da próxima legislatura.

"Nós temos uma meta que é de eleger pelo menos 15 vereadores. Nós vamos perseguir essa meta. Estamos fazendo aí os cálculos, conversando com alguns colegas e com militantes para que a gente tenha a chapa do PDT pronta em 2024, para alcançar esse objetivo", descreveu Rolim.

Não está fora do horizonte pedetista a atração de lideranças que atuam em eixos como a defesa dos direitos das pessoas negras, das mulheres, da comunidade LGBTQIAPN+, e também políticos de outros partidos com mandato, que poderão integrar as fileiras com a abertura da janela partidária, em abril. Nos bastidores, nomes como o da vereadora Kátia Rodrigues (Cidadania) figuram na lista de possíveis novos filiados.

Os pedetistas também ocupam a chefia do Executivo municipal de Fortaleza, com o prefeito José Sarto (PDT). Declarações públicas dão conta da tentativa de recomposição de alianças antigas, como a que havia com o Partido Socialista Brasileiro (PSB), e também de alternativas ao nome do atual mandatário, que é pré-candidato à reeleição.

Gardel Rolim na Câmara
Legenda: Presidente da Câmara foi escolhido para coordenar comissão estratégica para eleição da bancada do partido na Casa.
Foto: Mateus Dantas / CMFOR

Rachado, a sigla se divide em duas alas no Ceará: uma é mais próxima ao presidente nacional interino, o deputado federal André Figueiredo (PDT), e a outra é aliada ao presidente estadual, o senador Cid Gomes (PDT). E a cisão se reflete na Câmara Municipal. 

Considerando tal circunstância, na última segunda-feira (16),  Cid levantou a possibilidade de Sarto não ser o nome escolhido para a disputa. "Eu desconfio que, no âmbito municipal, se depender só do municipal, desconfio que o candidato acaba sendo Roberto Cláudio", disse Cid na ocasião. Conforme salientou, o "partido irá se manifestar no tempo que for conveniente", mas a decisão em questão não cabe à instância estadual.

Publicamente, correligionários em cargos de destaque dizem que o assunto ainda não foi ponto de pauta das discussões. Questionado sobre a possibilidade levantada pelo dirigente estadual, Gardel falou que "no tempo oportuno, o PDT discutirá este assunto", entretanto, quando isso for colocado, defenderá a posição de que o atual prefeito represente o trabalhismo na próxima eleição.

"O prefeito está fazendo uma grande gestão, está entregando aquilo que se comprometeu a entregar. Ele tem colocado em prática um plano - que é um plano do PDT inclusive - que é investir em educação", argumentou. 

Ele ainda comentou sobre as alianças partidárias que estão sendo debatidas. Nas suas palavras, um caminho que está sendo pavimentado, não só em Fortaleza. "Com relação às alianças partidárias, muitas coisas podem acontecer. Existem, inclusive, conversas que estão se dando ao nível nacional, como é o caso do PDT e PSB, que também discutem uma federação", mencionou Gardel, que já foi filiado ao PSB.

O presidente da CMFor destacou que a federação citada é um projeto para 2026, mas os sinais dela já poderão ser vistos em 2024. "Em Recife, por exemplo, a vice-prefeita é do PDT e o prefeito é do PSB, portanto, já há essa parceria em outros locais e estamos discutindo a manutenção desta parceria", sustentou.

As parcerias estratégicas em outras cidades brasileiras terão, no processo eleitoral que se aproxima, uma relevância no cenário fortalezense, uma vez que a capital cearense é o maior município comandado pelo partido. "Seria muito importante para nós que o PSB apoiasse a candidatura majoritária do PDT em Fortaleza", admitiu.

Um acréscimo ao racha do interno do partido fundado por Leonel Brizola é a possibilidade do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), o deputado estadual Evandro Leitão (PDT), concorrer à Prefeitura de Fortaleza. Pivô da divisão recente, ele judicializou a saída do agrupamento para que pudesse continuar com o mandato. Líderes do PSB, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), do Republicanos e do Partido dos Trabalhadores (PT) já demonstraram interesse em tê-lo em suas fileiras.

Liberais em diálogo

A segunda maior bancada da Câmara Municipal de Fortaleza é a do Partido Liberal (PL). Com uma dupla de vereadores eleita em 2020, o conjunto mais que dobrou de tamanho no decorrer dos últimos três anos. A chegada do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e a incorporação do Partido Republicano da Ordem Social (PROS) pelo Solidariedade são fenômenos que aconteceram nesse intervalo e exerceram uma força expressiva na migração dos políticos.

À reportagem, Pedro Matos, uma das lideranças liberais que exercem mandato na Casa Legislativa, delineou que as táticas que estão sendo pensadas para o futuro na cidade passam pela busca de um entendimento comum entre os principais atores do grupo. 

"A ideia do partido é a gente tentar escutar o máximo de parlamentares possíveis tanto na Câmara Municipal quanto na Assembleia Legislativa. Além de escutar também os prefeitos do partido, sobre a liderança do presidente Acilon, para que a gente possa chegar num consenso de qual vai ser o movimento do partido em Fortaleza", argumentou.

Matos não escondeu que, dentro do corpo de membros, existem aqueles que possuem pautas independentes, que distinguem dos demais. "[...] Nem todo mundo pense igual, mas sempre o melhor caminho é o diálogo. Eu acho que essa é a nossa intenção agora", pontuou, acrescentando que a presidência nacional, representada pelo ex-deputado federal Valdemar Costa Neto (PL), tem participado das tratativas em busca de um "futuro coeso".

Inserido em uma turbulenta condição - em que o presidente municipal André Fernandes (PL) vive uma situação conflitante com o titular do diretório estadual, Acilon Gonçalves (PL) -, o PL Ceará discute a participação no processo eleitoral do ano que vem com um candidato próprio.

No fim de agosto, Gonçalves indicou que isso só deverá acontecer se for "viável". O entendimento, segundo ele, é de que uma candidatura independente não deve atrapalhar outra candidatura do mesmo segmento. Conforme defendeu, o processo na cidade alencarina deve ser conduzido por André Fernandes, que preside a agremiação na Capital desde a destituição da vereadora Ana Acarapé do posto máximo da Comissão Provisória pelo PL Nacional, em junho deste ano.

"Tem nome capaz de ser candidato e de empolgar o eleitorado. Hoje tem o André se colocando como esse nome, tem o Carmelo se colocando como esse nome. Mas existe uma conjuntura mais importante, que é a unidade. O grupo que trabalhou na última eleição, ele tentava se viabilizar unido. Fragmentado, ninguém se fortalece", disse Acilon.

Acordos possíveis?

No mesmo evento, Capitão Wagner (União) citou o desejo de dialogar tanto com o PL como com o Novo sobre a disputa pela Prefeitura de Fortaleza, para recompor o acordo celebrado entre as partes para a formação de um bloco de apoio na disputa para o Governo do Estado em 2022. A fala reforça o que disse Gonçalves ao fazer indicações sobre a importância de diálogo dentro do campo que os três partidos representam atualmente no Ceará. 

Quem não concordou em nada com essa linha de raciocínio foi Fernandes. No período, ele fez declarações públicas de que o partido "não abrirá mão" de candidatura própria para a Prefeitura de Fortaleza. "Estamos abertos para dialogar candidaturas e parcerias em outros municípios, mas na capital quem vai definir o candidato é Jair Bolsonaro, e este será do PL", ressaltou, por meio do seu perfil no antigo Twitter. 

O federal também destacou a "importância dos municípios do interior" e disse que, em outras cidades, a meta é lança "candidaturas 100% da direita alinhadas 100% com Bolsonaro, por mais que isso ultrapasse as bandeiras partidárias".

No fim de setembro, quando esteve no Estado para participar de agendas do partido, Jair Bolsonaro discursou ao lado de colegas de sigla - inclusive os deputados Carmelo e André -, mas evitou declarar qualquer preferência de voto ao Executivo. 

Bolsonaro, Carmelo e André Fernandes.
Legenda: Sobre o mesmo palanque dos dois pré-candidatos liberais, Bolsonaro evitou revelar sua preferência para a disputa ao Paço Municipal de Fortaleza.
Foto: Thiago Gadelha

Provocado a discorrer sobre o cenário, Pedro Matos, que é filho do ex-deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PL), atual presidente da Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci), mencionou que tem "conseguido uma boa articulação junto à prefeitura para conquistas em territórios" onde atua, embora haja a intenção do seu partido em lançar um candidatura individual.

Ele preferiu insistir na ideia de que o momento é de diálogo e destacou que há um respeito mútuo nas fileiras do partido, mesmo com as diferenças. Em sua concepção, a decisão política de apoiar alguém ou ter um nome próprio virá depois. "Acho que vai ficar para um segundo debate, para um outro momento. Esse agora é mais para reunir os líderes, conversar, dialogar. E a gente tem feito isso", assegurou.

Pedro Matos
Legenda: Pedro Matos é uma das lideranças do partido na Câmara.
Foto: Érika Fonseca / CMFOR

Pedro creditou a Acilon Gonçalves o acréscimo visto na bancada da Câmara Municipal de Fortaleza nos últimos anos. De acordo com ele, o líder tem uma "força municipal" e mantém um trabalho de conversa com outros agentes políticos, "tentado sempre construir chapas que possam eleger os quadros que ele acredita que sejam interessantes".

"Esse crescimento eu vejo nesse sentido. É claro que pode ser que saia um ou outro na janela partidária, mas também pode ser que agregue, né? Quem sabe agregue aí outros parlamentares que possam fortalecer", completou o entrevistado, que declarou haver ações, dele e de colegas, em prol da atração de políticos para o Partido Liberal. 

Tucanos em renovação

Outro salto expressivo no número de vereadores na Câmara Municipal foi o do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que conseguiu eleger apenas um vereador em 2020 e agora possui três representantes. Aliado do Governo Sarto, onde detém a vice-prefeitura, chefiada pelo presidente estadual Élcio Batista (PSDB), o partido já foi o maior do Estado por duas décadas e encontra-se enfraquecido eleitoralmente nos dias atuais.

A fim de mudar essa condição, a promoção de uma "renovação" foi estabelecido como algo a ser perseguido para a eleição de 2024. Segundo disse o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB), principal liderança no Ceará, na celebração dos 35 anos do partido, em junho, essa mudança serviria para afastar a sigla dos "vícios da política atual".

Na CMFor, o time de tucanos é liderado pelo vereador Jorge Pinheiro (PSDB). Durante entrevista, ele contou que o acréscimo de colegas à bancada se deve a dois movimentos específicos: "Em 2022, quando houve a junção do Democratas com o PSL, o que criou o União Brasil, a Cláudia Gomes veio para o PSDB. O Cônsul do Povo tinha saído do PSC e também veio". Hoje, o Cidadania compõe uma federação com os sociais democratas. Juntos eles ocupam 5 das 43 vagas do plenário.

"Nosso partido está caminhando para também poder crescer nessa formação de chapa. O PSDB, se for verificar, ele só vem elegendo um vereador, mas dessa vez a gente está se preparando para tentar formar uma chapa competitiva que possa eleger um número de pelo menos quatro parlamentares", revelou.

Ele afirmou que outras filiações poderão acontecer, mas que isso depende de outras movimentações e definições até a abertura do período permitido para a migração de membros entre agremiações. "Os próprios vereadores que estão em outros partidos vão deixar para tomar essa decisão na janela, porque aí você vai ver a formação da chapa", disse, dando como exemplo a situação do PDT e a possível troca de legenda dos atuais membros. 

Foto de Jorge Pinheiro
Legenda: Pinheiro foi o único eleito pela Legenda para a Câmara de Fortaleza em 2020.
Foto: Mateus Dantas / CMFOR

Pinheiro apontou também a abertura do PSDB para a chegada de políticos que tenham interesse em defender as bandeiras do tucanato. O vereador confessou que aguarda com brevidade que as negociações comecem a dar resultado porque, ao passo que a definição dos quadros vai acontecendo, outras pessoas podem ser atraídas.

Do ponto de vista da musculatura partidária, os tucanos ainda se recuperam do embate vivido em 2022, em que divergências internas quanto ao apoio que seria dado a candidatos ao Palácio da Abolição resultaram em brigas judiciais. O imbróglio acabou por inviabilizar uma candidatura própria ao Senado. 

Possível retorno do PSB

Apesar da campanha bem sucedida em 2020, com a eleição de um candidato que compunha a chapa de José Sarto (PDT), o Partido Socialista Brasileiro foi - junto com o Partido Social Democrático (PSD) - uma das agremiações que deixaram a base do mandatário. 

Nas últimas semanas, informações sobre a recomposição da aliança passaram a circular na imprensa depois de uma reunião entre o ministro Carlos Lupi, que é presidente nacional licenciado do PDT, e o dirigente nacional da legenda socialista, Carlos Siqueira.

O indicativo foi reforçado por declarações de pedetistas com poder de decisão. Diferente do que é visto localmente, ambos compõem o Governo Federal e têm alianças em outros estados. Os termos que estão sendo conversados giram em torno da formalização de acordos para a formação de uma federação - possibilidade que é aventada há algum tempo entre as partes envolvidas. 

O enclave para o avanço no Ceará é a própria direção estadual do partido, comandada por Eudoro Santana (PSB), pai do ministro da Educação e ex-governador do Estado, Camilo Santana (PT) - que, por sua vez, terá um lado bem definido na eleição de 2024. O político foi empossado na função em julho deste ano.

Léo Couto, líder na Câmara Municipal, disse que vê a possibilidade das siglas se unirem como um advento muito difícil de acontecer. "É muito remota essa possibilidade de, nesse momento, a menos de um ano das eleições, a gente ter uma federação ou um possível alinhamento aqui no Ceará com o PDT", explanou. "Mas continuarei fazendo e seguindo meu pensamento de 2022, caso isso [a aliança] venha a acontecer". 

Léo Couto na tribuna
Legenda: Líder do PSB vê como distante a possibilidade de aliança entre o PSB e PDT.
Foto: Érika Fonseca / CMFOR

"É muito difícil nesse momento um alinhamento com esse projeto que hoje comanda a Prefeitura de Fortaleza. Nós temos um desentendimento dentro do próprio PDT, onde alguns são à favor da reeleição do prefeito Sarto e outros acham que o ex-prefeito Roberto Cláudio deva ser o nome para voltar à gestão", completou, alegando que seguirá os comandos dos petistas Elmano de Freitas e Camilo Santana.

Couto lembrou que, na disputa pelo Paço Municipal, apostas com potencial de eleição estão sendo feitas por meio de convites. O presidente da Alece, hoje no PDT, seria uma delas: "Temos alguns nomes aí. Houve convites para vir para o partido. Como é o caso do Evandro Leitão, que vem despontando, fazendo um trabalho à frente da presidência. É um grande nome para disputar a Prefeitura no ano que vem". 

Ele não deu outros detalhes sobre a composição da chapa para o Legislativo municipal, mas disse que, dentro da estratégia de ampliação da própria legenda no Estado, a expectativa é ganhar gestões no interior e ter até cinco vereadores em Fortaleza. 

Fortalecimento da Federação

Único partido da Federação PT-PV-PCdoB com representação na Câmara de Fortaleza, o Partido dos Trabalhadores busca meios, juntamente com os demais, para ampliar a presença na instância legislativa. Em 2020, quando foi eleita, a bancada petista tinha três membros e atualmente tem apenas dois. 

A baixa aconteceu em 2022, com a expulsão de Ronivaldo Maia, que havia sido preso em novembro de 2021, após ter sido acusado de tentativa de feminicídio. O parlamentar foi autuado em flagrante pelo atropelamento de uma mulher com quem teria um caso extraconjugal. Ele ficou preso por três meses, mas foi solto por força de um habeas corpus e responde em liberdade pelo crime de lesão corporal. 

A bancada que legisla na Câmara Municipal agora é formada pelos suplentes Dr. Vicente e Adriana Almeida. Eleitos em 2020, Larissa Gaspar e Guilherme Sampaio estão ocupando vagas na Assembleia Legislativa. Larissa foi eleita em 2022 e Guilherme ocupa cadeira de suplente.

O líder Dr. Vicente garantiu que a perspectiva do grupo é reunir condições de eleger uma "boa bancada", de modo que o PT repita o feito de 2020, com três vagas e a federação possa, ao todo, contar com cinco. "Temos uns candidatos bons", elogiou. 

"Além da Adriana e eu, tem a Mariana, que foi candidata a deputada estadual e tirou mais de 16 mil votos, em Fortaleza ela recebeu mais de 11 mil. O PCdoB vai ter o Professor Evaldo como candidato e a Eliana Gomes. E o PV tem como filiado o Joaquim Rocha, que já foi vereador e vai ser um forte candidato", mencionou.

O parlamentar destacou outro aspecto que tem influência direta na Câmara e que o diretório municipal do partido discute com maior ênfase: a decisão de ter seu candidato ou candidata à Prefeitura. Até agora, três pré-candidaturas estão colocadas, a da ex-prefeita e deputada federal Luizianne Lins, a do deputado estadual em exercício Guilherme Sampaio e a da deputada estadual Larissa Gaspar. 

Ele, no entanto, não negou que Evandro Leitão seja um nome viável, caso se filie ao PT: "Se vier, pode ser o candidato também". "O diretório é muito dividido. Não é fácil", ponderou, salientando que sua predileção pessoal é pela escolha de Sampaio.

Leitão é assediado por caciques petistas desde que se tornou notícia a sua saída do PDT. No mês de agosto, em entrevista exclusiva ao PontoPoder, Camilo aumentou o coro em prol da decisão. "Claro que vou defender que ele vá para o meu partido, para o PT, mas a decisão caberá ao deputado Evandro avaliar, mas eu, claro, que vou defender que ele vá fortalecer os quadros políticos do meu partido", 

A sua defesa, justificou, se deve a "relação histórica" que o chefe do chefe do Legislativo estadual teria e pela compatibilidade com a "visão de mundo" que seus partidários têm. O ex-governador também fez elogios à trajetória de Evandro, que foi líder governista durante seu primeiro mandato à frente do Estado do Ceará. 

Novo aliado do governismo

Situado na base do Governo Elmano, o Republicanos tenta concentrar as forças nas candidaturas no interior para 2024. Em maio, dirigentes da legenda, que é ligada à Igreja Universal do Reino de Deus, realizaram um evento que contou com a presença de figuras de destaque, até mesmo de fora do partido, para conquistar filiados e apresentá-los como candidatos na eleição que vem.

"Desde quando firmamos o compromisso que assumiria a presidência do Republicanos no Ceará, não paramos de trabalhar. Com o apoio do Camilo e do Elmano, estamos aqui hoje no primeiro momento de filiação, filiando (em articulação) mais de 20 prefeitos no Republicanos, lideranças e vice-prefeitos, tudo alinhado com Camilo e com o Elmano, porque nós fazemos parte desse Governo, desse projeto", disse Chiquinho Feitosa, presidente do diretório estadual no dia.

A parceria com o petismo deve abalizar as decisões que serão tomadas em terras alencarinas, sobretudo na Câmara Municipal. Interpelado, o presidente municipal e líder da bancada no Legislativo, Ronaldo Martins (Republicanos), declarou que, "na pior das hipóteses", o partido deve dobrar a bancada, que hoje é formada por duas vagas.

"Nossa meta é elegermos de quatro a cinco vereadores na Câmara. Vamos trabalhar fortemente para isso, até porque na pandemia nosso trabalho ainda estava acuado, por isso tirei 32 mil votos. Mas, para o que eu venho em Fortaleza, nunca tiro menos que 50 mil votos. Por isso estamos prevendo que eu passe dos 40 mil e assim possa ajudar a chapa a eleger mais vereadores", destrinchou.

No quesito apoio a prefeituráveis, Martins foi mais evasivo: "Quanto à Prefeitura ainda estamos em conversa, em análise, até porque ainda não há um nome definido. Nosso partido ainda está analisando essa questão, juntamente com nosso presidente estadual Chiquinho Feitosa. Estamos trabalhando muito afinados".

Evandro Leitão também é um quadro bem avaliado pela cúpula republicana. Quando do evento de maio, Feitosa respaldou que o parlamentar tem "imensa preferência" para concorrer à Prefeitura de Fortaleza pela agremiação. Cristiane Leitão, esposa do presidente da Assembleia, já é filiada. Atualmente, ela preside o Republicanos Mulher. 

Lideranças em evento do Rep
Legenda: Evandro acompanhou convenção do Republicanos ao lado de outras lideranças.
Foto: Fabiane de Paula

"O Republicanos também é a Casa do Evandro. Ele é um nome que se encaixa para tudo, é um grande homem público, desenvolve um trabalho muito importante como presidente da Assembleia. Não tenha dúvidas, é um nome que a gente tem imensa preferência", frisou.

'Dupla de bancada' e os blocos do 'Eu Sozinho'

Além do PT e do Republicanos, mais dez partidos têm bancadas que variam entre um e dois componentes na Câmara Municipal de Fortaleza. Estão neste desenho o Cidadania, o Partido da Mulher Brasileira (PMB), o Progressistas (PP), o Partido Social Democrático (PSD), o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), o União Brasil (União), o Patriota, o Avante, o Partido Social Cristão (PSC), a Rede Sustentabilidade (Rede) e o Solidariedade (SD). 

Alguns deles - a exemplo do Cidadania e PSC - foram eleitos com quantitativos maiores e, por conta de outras variáveis, perderam a dimensão anterior. Por outro lado, Patriota, Solidariedade e Avante, que não tinham representantes para chamar de seus na Casa, agora têm um cada. 

E isto é explicado pela dinâmica de "chegadas e partidas" dentro da Câmara. Para se ter uma ideia desta realidade, basta observar o comportamento migratório dos agentes políticos. De 2020 para cá, 11 vereadores não estão mais nos partidos que foram eleitos. A fatia representa 25,58% dos legisladores do plenário.

Por força da incorporação ou da fusão com outras legendas, por exemplo, Pros, Democratas e Partido Social Liberal (PSL) deixaram de existir no parlamento fortalezense. Assim, a maioria dos partidários das antigas legendas aproveitaram as brechas legais provocadas pelas modificações estatutárias e partiram para outros destinos. Marcelo Lemos (União) e Márcio Martins (SD), ex-PSL e ex-Pros, respectivamente, foram os únicos que seguiram nas siglas que sucederam as anteriores.

O Podemos chegou a ter uma única vaga após a eleição de 2020, que foi perdida com a saída de Danilo Lopes para o Avante. O mesmo poderá ocorrer com a Rede, uma vez que a vereadora Estrela Barros já manifestou sua vontade em se retirar.

"Eu já estou vendo a questão de procurar um outro partido. Estamos pensando ainda", revelou a política. Conforme esclareceu, ela não tem contato nem mesmo com a executiva municipal e está fora dos rumos que o partido poderá tomar a partir do ano que vem.

O destino de Estrela, segundo a própria, está quase certo. "Não tenho muito o que esconder, até porque é o partido que eu tenho visto a possibilidade ainda, que é o PSD", expôs. A falta de aproximação com a atual legenda, a identificação com a casa almejada e o convite do deputado federal Luiz Gastão (PSD) estariam sendo determinantes para a decisão.

Federações em destaque

Atualmente, três federações estão em vigor na Casa Legislativa de Fortaleza: a que concentra o PSDB e o Cidadania (com cinco vagas); a que reúne a Rede e o Psol (com três vagas); e a que é formada pelo PT, PV e PCdoB (com duas vagas). Elas devem ser o ponto focal na estratégia de vários partidos.

O formato de federação que estabeleceram foi inaugurado nas eleições gerais do ano passado. Com validade mínima de quatro anos, o formato permite a distribuição de recursos do fundo partidário para os integrantes de maneira independente e a manutenção das identidades das partes que compõem o acordo.

Assim, pelo período que estiver em vigor, convenções, registros de candidaturas, propaganda eleitoral e campanha são feitos pela federação. Os resultados são compartilhados, possibilitando o cumprimento da cláusula de desempenho. Em 2024 será a primeira vez que a montagem de chapas será feita a partir deste regramento.

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