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Saiba quem são os dois cearenses indiciados pela PF nesta quinta (21) em inquérito sobre golpe

O relatório da PF, agora, está no Supremo Tribunal Federal (STF) sob análise do ministro relator Alexandre de Moraes

Escrito por Redação ,
Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
Legenda: Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
Foto: Assembleia Legislativa do Amazonas e Agência Brasil

A Polícia Federal indiciou, nesta quinta-feira (21), dois generais cearenses a partir do inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022. As investigações apontaram Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira como envolvidos na trama conspiracionista da transição entre o Governo Bolsonaro e o Governo Lula. O próprio ex-presidente também virou alvo com outros 36 nomes. 

Estevam Theophilo foi comandante de Operações Terrestres (COTER) do Exército Brasileiro durante a gestão de Bolsonaro e Paulo Sérgio foi ministro da Defesa no último ano de mandato de Jair Bolsonaro.

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Ambos foram alvo da operação Tempus Veritatis (Hora da Verdade, em latim), da PF, em fevereiro deste ano no âmbito desse inquérito. O primeiro comandava o COTER, apontado como a unidade do Exército com maior contingente de tropas sob sua administração e, por isso, seria "fundamental" para a tentativa de golpe.

Já o segundo seria um dos integrantes da "alta cúpula" do Governo que articulavam um golpe muito antes do resultado da última eleição presidencial — vencida por Lula (PT).

O relatório da PF, agora, está no Supremo Tribunal Federal (STF) sob análise do ministro relator Alexandre de Moraes. O material deve ser enviado para apreciação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que pode oferecer denúncia contra os indiciados à Justiça se verificar a existência de elementos suficientes para tal. Se o STF acolher a denúncia, eles viram réus no processo.

Quem são os cearenses

Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira é natural de Fortaleza. Ao longo da sua trajetória no Exército, chegou a comandar a 10ª Região Militar (10ª RM), instalada no Centro da capital cearense. Ele também comandou a 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, em Cuiabá (MT), e a 12ª Região Militar, em Manaus (AM), e foi diretor de Educação Técnica Militar, no Rio. 

Oliveira ascendeu ao comando do COTER em novembro de 2019, quando seu irmão, general Guilherme Theophilo — que disputou o cargo de governador do Ceará em 2018 —, era secretário da Segurança Pública de Bolsonaro. Estevam Theophilo ficou no cargo até o fim de novembro de 2023, ou seja, prosseguindo no comando durante parte do terceiro Governo de Lula.  

Nascido em Iguatu, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira também tem longo currículo no Exército, ao qual se alistou em 4 de março de 1974, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Em 1977, ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras, tornando-se aspirante a Oficial da Arma de Infantaria três anos depois.

Já como coronel, com 30 anos de carreira militar, foi designado para o cargo de Adido de Defesa, Naval, do Exército e Aeronáutico junto à Embaixada do Brasil no México, onde permaneceu por dois anos. Também desempenhou as funções de Chefe da 1ª Seção e Subdiretor na Diretoria de Avaliação e Promoções.

Como atuaram?

Os dois estariam envolvidos numa execução mais direta da trama golpista, que contava com outros quatro eixos de atuação, segundo a PF. 

O Núcleo de Oficiais de Alta Patente, do qual ambos faziam parte, tinha como missão influenciar e incitar apoio às ações dos demais núcleos para consumação do suposto golpe, utilizando, inclusive, do poder atribuído a eles pela alta patente militar que detinham — fosse para proteger colegas ou intimidá-los, aponta, ainda, a PF. 

Cada um dos núcleos era responsável por uma frente de atuação. Eram elas:

  • Desinformação;
  • Incitação para militares a aderirem ao golpe de Estado;
  • Jurídica;
  • Operacional de apoio às ações golpistas;
  • Inteligência paralela; 
  • Oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos. 

Veja a lista dos 37 indiciados

  1. Ailton Gonçalves Moraes Barros
  2. Alexandre Castilho Bitencourt Da Silva
  3. Alexandre Rodrigues Ramagem
  4. Almir Garnier Santos
  5. Amauri Feres Saad
  6. Anderson Gustavo Torres
  7. Anderson Lima De Moura
  8. Angelo Martins Denicoli
  9. Augusto Heleno Ribeiro Pereira
  10. Bernardo Romao Correa Netto
  11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  12. Carlos Giovani Delevati Pasini
  13. Cleverson Ney Magalhães
  14. Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira
  15. Fabrício Moreira De Bastos
  16. Filipe Garcia Martins
  17. Fernando Cerimedo
  18. Giancarlo Gomes Rodrigues
  19. Guilherme Marques De Almeida
  20. Hélio Ferreira Lima
  21. Jair Messias Bolsonaro
  22. José Eduardo De Oliveira E Silva
  23. Laercio Vergilio
  24. Marcelo Bormevet
  25. Marcelo Costa Câmara
  26. Mario Fernandes
  27. Mauro Cesar Barbosa Cid
  28. Nilton Diniz Rodrigues
  29. Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho
  30. Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira
  31. Rafael Martins De Oliveira
  32. Ronald Ferreira De Araujo Junior
  33. Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros
  34. Tércio Arnaud Tomaz
  35. Valdemar Costa Neto
  36. Walter Souza Braga Netto
  37. Wladimir Matos Soares

Nota da PF na íntegra sobre o indiciamento de Bolsonaro

A Polícia Federal encerrou nesta quinta-feira (21/11) investigação que apurou a existência de uma organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder.

O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal com o indiciamento de 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

As provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário.

As investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência dos seguintes grupos:

a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
c) Núcleo Jurídico;
d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
e) Núcleo de Inteligência Paralela;
f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas

Com a entrega do relatório, a Polícia Federal encerra as investigações referentes às tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

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