Líder do Governo propõe emenda a artigo que exclui exame toxicológico na promoção de militares no CE
Por estar dentro do projeto que recria o Hospital da Polícia Militar (HPM), medida foi alvo de críticas da oposição por falta de relação entre as matérias

Líder do governo Elmano de Freitas (PT) na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), o deputado estadual Guilherme Sampaio (PT) apresentou, nesta quinta-feira (15), uma emenda ao projeto de lei que recria o Hospital da Polícia Militar (HPM), especificamente para complementar o artigo que exclui o exame toxicológico dos critérios para que os militares estaduais tenham direito à promoção de cargo. A ideia do parlamentar é oficializar a atribuição do Comando da Corporação em adotar o tratamento adequado para os casos de adicção.
A modificação está dentro do projeto de lei de autoria do Executivo estadual que transfere a gestão do Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA) para a Polícia Militar — o PL tramita em regime de urgência desde a última terça-feira (13). No entanto, a inclusão da mudança foi alvo de críticas de deputados estaduais da oposição ao governo, que chamaram o artigo de "jabuti", já que os dois temas não estão diretamente relacionados.
Em contraponto, Guilherme Sampaio defende que se trata de uma “oportunidade legislativa de atender a duas demandas da corporação da Polícia Militar”. Mesmo assim, o parlamentar apresentou a emenda para “aprimorar o texto da mensagem, no sentido de deixá-la mais clara”, conforme a justificativa.
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A emenda do governista altera o artigo 8º da mensagem 39/2025, que passa a ter a seguinte redação:
“O Comando das Corporações Militares promoverão, por equipe de saúde interna, monitoramento permanente buscando detectar e adotar as devidas providências no sentido do tratamento adequado a situações envolvendo adicção, ficando o militar obrigado a se submeter, quando determinado, ao correspondente exame e tratamento”
A modificação foi subscrita pelos deputados Stuart Castro (Avante), Sargento Reginauro (União) e Jô Farias (PT). “Um servidor que pode ter problemas relacionados à adicção, tem que apurar e encaminhar esse servidor obrigatoriamente para tratamento. Agora, não puni-lo, não discriminá-lo por uma patologia”, defendeu Sampaio.
TRAMITAÇÃO
Tanto a emenda, quanto o projeto de lei em si, dependem da aprovação das comissões técnicas da Alece para avançar ao Plenário e, posteriormente, serem sancionadas. Nesta quinta-feira (15), um novo pedido de vistas dos deputados oposicionistas Dra. Silvana (PL), Cláudio Pinho (PDT) e Heitor Férrer (União) adiou o prazo de discussão do parecer, fazendo com que a votação ficasse para a próxima terça-feira (20).
Em paralelo, as comissões técnicas já aprovaram o projeto de lei que cria o Fundo de Manutenção e Aperfeiçoamento dos Serviços de Saúde Militar no Ceará, o Fundsaúde Militar, para o financiamento da unidade voltada para os profissionais. A medida também começou a tramitar em regime de urgência no início da semana, mas ficou para ser votada no Plenário apenas na terça.
Caso o projeto seja aprovado, o HMJMA passará a ser chamado de Hospital e Maternidade da Polícia Militar do Ceará José Martiniano de Alencar (HPM). Segundo a proposição, o hospital, gerido atualmente pela Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), seria transferido para a estrutura da Polícia Militar. "Ao proporcionar assistência médica mais eficiente, ágil e direcionada, o Estado reafirma o seu compromisso com a valorização, a dignidade, o bem-estar e a qualidade de vida dos militares estaduais e seus dependentes", justifica o texto do projeto.
O QUE DIZEM AS PROPOSTAS
Além de transferir a unidade hospitalar para a PM, o projeto de lei também autoriza o HPM a prestar serviços para o SUS por meio de convênios, o que será monitorado pela Sesa. A proposição também afirma que o hospital prestará serviço aos militares estaduais e dependentes, mas poderá estender o atendimento aos demais servidores da Secretaria de Segurança Pública.
Sobre o financiamento do HPM, o Fundsaúde Militar terá receita "de convênios e parcerias estratégias a serem celebradas com instituições de saúde públicas e privadas", informa o texto da proposição.
Os projetos de lei determinam ainda que os servidores estaduais da Sesa que atualmente atuam no Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar ficam cedidos para a nova unidade hospitalar. Também ficam autorizadas "a cessão ou a transferência à PMCE de bens móveis e imóveis, contratos, parcerias e demais instrumentos congêneres celebrados pela Sesa, para a gestão do HPM".
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