Integrante dos 'kids pretos' preso por plano para matar Lula, Alckmin e Moraes estudou no Ceará
A informação está disponível no currículo Lattes do militar, que é bacharel, mestre e doutor em Ciências Militares
Preso desde a última terça-feira (19), o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo é apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos supostos articuladores do plano golpista que envolvia a morte do presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O militar, que integra um grupo especial de elite do Exército Brasileiro conhecido como "kids pretos", morou no Ceará e estudou em um colégio cearense antes de ingressar nas Forças Armadas. Atualmente, ele morava em Goiânia, no estado de Goiás, onde foi preso.
A informação está no currículo Lattes, serviço mantido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Azevedo é bacharel, mestre e doutor em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército Brasileiro (Esao) e pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), respectivamente.
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Ele tem cursos de especialização em paraquedismo e operações especiais no Brasil e no exterior. Na lista de formação, atualizada no último dia 4 de novembro, o militar cita que fez o Ensino Médio em uma organização educacional cearense entre 1996 e 1998, um ano antes de ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (ESPCEX).
Conforme o Portal da Transparência do Governo Federal, Rodrigo Bezerra de Azevedo ingressou no serviço público em 2 de março de 1999. Ele tem uma carreira militar que inclui as funções de capitão, major e, agora, tenente-coronel, todas no Comando do Exército. A remuneração básica bruta do militar é de R$ 27,4 mil por mês.
Investigação da PF
Na representação enviada ao STF, a Polícia Federal (PF) aponta que o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo teria usado números telefônicos associados diretamente a grupos de Whatsapp montados para planejar ações contra o ministro Alexandre de Moraes. Na investigação, o militar é descrito como um agente de perfil técnico.
"Tais fatos evidenciam que Rodrigo Azevedo associou-se à ação clandestina que tinha a finalidade de prender/executar o ministro Alexandre de Moraes, empregando técnicas de anonimização para se furtarem à responsabilidade criminal, visando consumar o golpe de Estado", aponta a PF.
"Há robustos e gravíssimos indícios de que, no contexto de uma organização criminosa, os investigados (...) Rodrigo Bezerra Azevedo contribuíram para o planejamento de um Golpe de Estado, cuja consumação presumia, na visão dos investigados, a detenção ilegal e possível execução do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal, com uso de técnicas militares e terroristas, além de possível assassinato dos candidatos eleitos nas Eleições de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin e, eventualmente, as prisões de pessoas que pudessem oferecer qualquer resistência institucional à empreitada golpista"
Embasado em tais provas, o ministro determinou a prisão preventiva do militar, além de busca e apreensão pessoal e de "armas, munições, computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos, bem como de quaisquer outros materiais relacionados". O tenente-coronel e os outros investigados também ficaram proibidos de deixar o Brasil, de manterem contato entre si e de exercerem funções públicas.
Outros presos
Além de Rodrigo Bezerra de Azevedo, a Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal, prendeu outros três militares do Exército, ligados aos chamados "kids pretos": o general de brigada Mário Fernandes (na reserva), o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima e o major Rafael Martins de Oliveira. O policial federal Wladimir Matos Soares também foi capturado.
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