Legislativo Judiciário Executivo

Bolsonaristas criticam PF e acusam Moraes de agir após fala de Trump; lideranças no Ceará reagem

Ex-presidente foi alvo de operação policial determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF)

Escrito por
Bruno Leite bruno.leite@svm.com.br
(Atualizado às 14:44)
Jair Bolsonaro em palanque, com jaqueta amarela, em evento do PL do Ceará, ao lado dos deputados André Fernandes, Alcides Fernandes e Carmelo Neto
Legenda: Jair Bolsonaro com aliados no Ceará em evento do partido, em maio de 2025
Foto: Thiago Gadelha

Figuras do Partido Liberal (PL) reagiram ao cumprimento de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF), determinados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), contra o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) na manhã desta sexta-feira (18).

O ex-chefe do Palácio do Planalto também terá que seguir medidas cautelares, como a utilização de tornozeleira eletrônica. O liberal enfrenta um processo por acusação de liderar uma trama golpista e é foco de outras investigações conduzidas pela PF.

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Carmelo Neto (PL)

Ainda nesta manhã, em seu perfil no X, o presidente do PL Ceará, o deputado estadual Carmelo Neto (PL), chamou o magistrado de "ditador" e mencionou algumas das medidas impostas ao ex-presidente. "Não há crime, não há condenação, não há prova. Apenas perseguição política escancarada", disse o político cearense, que desejou "força" ao correligionário.

André Fernandes (PL)

O deputado federal André Fernandes (PL), que deve assumir o partido no Ceará ainda este ano, publicou um vídeo em que chama a Suprema Corte brasileira de "câncer" e afirmou que Bolsonaro está sendo alvo de uma perseguição. "Nós estamos vivendo um regime no Brasil, uma ditadura no Brasil, perseguição política contra Jair Bolsonaro", falou o parlamentar. 

Julierme Sena (PL)

O vereador de Fortaleza, Julierme Sena (PL), também se manifestou na rede social. Ele utilizou a função stories para repostar uma notícia da operação contra o ex-gestor e escreveu que se tratava de uma "perseguição implacável".

No início da tarde, ele voltou a se manifestar. Desta vez, ele publicou um trecho da entrevista de Bolsonaro na Globonews, concedida após a saída do ex-presidente da sede da PF em Brasília, onde foi "tornozelado". 

Na postagem, Julierme inseriu uma frase que dizia: "inventam crimes para justificar a perseguição". Na legenda, além de reforçar que se trata de uma "perseguição implacável", ele desejou "força" ao ex-presidente.

Bella Carmelo (PL)

Bella Carmelo (PL), integrante do Parlamento da capital cearense, declarou que o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, que determinou a operação da PF, "resolveu ultrapassar todos os limites". "Não é porque ele lidera as pesquisas, não é porque ele não é corrupto, não é porque ele é amigo do Trump, é birra. É perseguição", justificou.

Dra. Silvana e Dr. Jaziel (PL)

Numa publicação conjunta feita no Instagram, a deputada estadual Dra. Silvana e o deputado federal Dr. Jaziel, ambos do PL, apareceram, em um vídeo. Na gravação, o parlamentar, que fala pela maior parte do tempo, disse que as medidas cautelares impostas ao ex-presidente representariam algo "muito grave". 

Ele alegou que Bolsonaro seria "o maior líder de oposição da América do Sul". e questionou as acusações da trama golpista. "Um golpe de quê? Sem arma, sem nada, sem estar no país, sem forças armadas. Isso é inadmissível, é uma vergonha para o nosso país", frisou.

Priscila Costa (PL)

A vereadora de Fortaleza e suplente de deputada federal Priscila Costa (PL) publicou um vídeo, na tarde desta sexta-feira, em que reclamou da determinação de Moraes, que na legenda da publicação chamou de "psicopata de toga". 

A política disse que o Brasil vive "uma ditadura". "O que a gente vê é uma perseguição política travestida de processo judicial", disparou ela, comparando a realidade brasileira com a Venezuela. 

Repercussão nacional

Presidente do Diretório Nacional, o ex-deputado federal Valdemar Costa Neto assinou um comunicado postado pelo partido em seu Instagram. No texto, a legenda diz que viu com "estranheza" e "repúdio" a ação da Polícia Federal. 

"Se o presidente Bolsonaro sempre esteve à disposição das autoridades, o que justifica uma atitude dessa?", indagou a nota. O partido ainda chamou a medida do STF de "desproporcional" e alegou que confia no compromisso de Bolsonaro com o "Estado Democrático de Direito e com a verdade".

O líder do partido na Câmara dos Deputados, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL), disse em um post no X que "colocaram tornozeleira eletrônica em Bolsonaro, mas não crime, não há condenação, não há prova". "Só há um delito: enfrentar o sistema", escreveu. Para ele, seria "uma tentativa desesperada de calar quem representa milhões".

Outro que criticou foi o senador Jorge Seif (PL). De acordo com o congressista, a ação foi "motivada por uma ação do PT, sob relatoria de Alexandre de Moraes, com parecer favorável da PGR, e visa proibi-lo de usar redes sociais, acessar embaixadas, usar tornozeleira e outros absurdos".

Seif ainda mencionou o presidente dos Estados Unidos, que estabeleceu medidas tarifárias aos produtos brasileiros e saiu em defesa de Bolsonaro. "Quando Trump afirma que o Regime instalado no BR persegue Bolsonaro, não exagera", finalizou.

No X, a deputada federal Caroline de Toni (PL) classificou a ação da PF como "inacreditável" e relacionou a medida com o "tarifaço" dos Estados Unidos. "Após Trump ser claro quanto as causas das sanções aplicadas ao Brasil, a perseguição fica ainda mais implacável contra Bolsonaro e sua família", declarou.

Pronunciamentos da oposição e da defesa

A oposição ao Governo Lula na Câmara dos Deputados publicou uma nota em que alegou manifestar "sua mais veemente preocupação e repúdio diante da operação deflagrada nesta sexta-feira (18)". 

De acordo com o bloco, a decisão do STF ocorreu, "justamente durante o recesso parlamentar, quando os representantes do povo estão ausentes de Brasília e sem meios de reação institucional imediata".

O texto segue o mesmo tom utilizado pelos membros do PL. "O Brasil ultrapassou mais um limite perigoso. Trata-se de um episódio grave de abuso de poder, marcado pela instrumentalização das instituições para fins de perseguição política", completou, acusando um "regime de exceção".

Nesta sexta-feira, a defesa de Jair Bolsonaro  afirmou ter recebido as informações sobre a ação com "surpresa e indignação". Uma nota oficial dos advogados foi encaminhada à imprensa ainda durante esta manhã.

"A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário", disse o pronunciamento. 

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