Veículo próprio e habitação são prioridades de consumo dos cearenses; veja por categoria

Consumo com habitação corresponde a 22% do total no Ceará

Escrito por Mariana Lemos , mariana.lemos@svm.com.br
foto de prédio da orla da Beira Mar, em Fortaleza
Legenda: A habitação é prioridade de consumo para cearenses das classes B, C, D e E
Foto: Thiago Gadelha

Habitação e veículo próprio são prioridades de consumo para os cearenses de todas as faixas de renda. As preferências de gastos das famílias do Ceará foram medidas pelo estudo IPC MAPS 2024.

As classes B, C e D/E têm a maior parcela do potencial de consumo destinada à habitação. Já para os mais ricos, da classe A, o potencial de consumo se direciona primeiramente para o veículo próprio.

Veja itens com maior potencial de consumo:

Os dados são reflexo do tradicional 'sonho da casa própria', enraizado em todas as gerações, segundo o pesquisador de Finanças Comportamentais Érico Veras. O especialista ressalta que o desejo de adquirir um imóvel tem relação com necessidade de segurança e é histórico no Brasil, diferentemente de países da Europa, por exemplo.

“Se for olhar isso de forma mais segregada, olhando para as gerações mais novas, talvez [o consumo de imóveis] não seja desse jeito. O veículo tem sido casa vez mais desejado”, pondera. 

O desejo por veículos é fortalecido nas classes mais altas devido à busca por status, segundo Érico Veras. O potencial de consumo de automóveis próprios da classe A é 23% maior que as classes D e E, embora a população enquadrada nessa categoria equivalha a somente 5% das classes mais baixas. 

“No Ceará, nós sempre tivemos a questão do consumo do veículo, principalmente o carro 4x4, símbolo de status e poder. Fortaleza já foi uma grande capital consumidora de veículos 4x4, mais até do que São Paulo”, afirma. 

Conforme a diminuição da renda, a proporção da alimentação no potencial de consumo aumenta. Para os mais ricos, por exemplo, a alimentação é o quinto item de maior potencial de consumo, atrás até de plano de saúde e materiais de construção.

Para os membros das classes C, D e E, por outro lado, a alimentação no domicílio é o segundo item com maior probabilidade de consumo, atrás apenas da habitação. O veículo próprio assume o terceiro lugar no potencial de consumo para esse público. 

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Considerando os dados gerais do Ceará, o consumo com habitação corresponde a 22% do total. Em seguida, estão os gastos com alimentação em casa (12,1%) e com o meio de transporte próprio (10,7%). 

Os resultados do IPC MAPS 2024 estabelecem o potencial de consumo a partir do consumo de cada domicílio em cada classe econômica, conforme dados do IBGE e outras instituições oficiais. 

O cálculo é realizado dividindo o montante de despesas esperadas, para o exercício de um ano, pelo total de despesas correntes do país. São analisados os consumos de 22 categorias de produtos, nos 5570 municípios do Brasil. 

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CEARENSES GASTAM MAIS COM ALIMENTAÇÃO QUE A MÉDIA NACIONAL

As famílias cearenses gastam mais com a alimentação no domicílio e fora de casa que a média nacional, segundo o levantamento do IPC MAPS. No Brasil, a parcela destinado para comprar alimentos para o domicílio é de 9,2% - quase dois pontos percentuais abaixo que o do Ceará.

No que diz respeito às refeições fora de casa, os brasileiros destinam em média 4,6% do consumo. A média cearense é maior - 5,3% do total do consumo urbano. 

Marcos Pazzini, responsável pelo IPC Maps, aponta que um percentual mais elevado para a alimentação é característico dos estados do Nordeste - que concentram população mais pobre.

“Como a população é mais concentrada em baixa renda no Nordeste, em geral, do que no Brasil, o peso de alimentação no domicílio é maior. Para alimentação fora do domicílio, normalmente tem uma classe alta separada de uma classe baixa, que o pessoal gasta mais com uma alimentação fora do domicílio, sai mais de casa para comer”, afirma.

Outro item que tem um comportamento diferente de consumo no Ceará é a habitação. As famílias cearenses comprometem em média 22,8% do consumo total com a moradia, cerca de 2,5 pontos percentuais a menos que a média nacional. 

A importância reduzida da habitação no consumo familiar se deve aos valores menores de aluguel, na comparação com o restante do país, segundo Marcos Pazzini. Segundo o índice Fipezap, Fortaleza tem o aluguel mais barato entre as capitais nordestinas. 

O Nordeste é a terceira região com o maior índice de consumo, representando 17,9% do total. Logo a frente, o sul concentra 18,6% do consumo do país. A região Sudeste mantém a liderança, respondendo por 48,9% do consumo nacional. O Centro-Oeste ocupa a quarta posição, com fatia de 8,7%, e por último, a Região Norte, perdendo espaço para 5,9%.

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