Unidade de beneficiamento de leite parada afeta produtores
Com poucas indústrias para absorver a produção leiteira de Quixeramobim, setor produtivo se queixa da não utilização de equipamento de médio porte pronto para funcionar. Entrega está prevista para os próximos 30 dias
Uma unidade de beneficiamento de leite recém construída em Quixeramobim, com equipamentos novos que estariam prontos para operar, segue imoperante sem previsão para iniciar as atividades. Para os produtores de leite da região, um dos principais polos do Estado, o empreendimento parado representa prejuízo, devido à falta de indústrias para absorver a produção.
O Laticínio Terra Conquistada, construído no assentamento Nova Canaã, em Quixeramobim, recebeu cerca de R$ 6,8 milhões de investimentos do Governo do Estado em parceria com o Banco Mundial, como parte do Projeto São José III. Segundo a Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Estado (SDA), a planta teria capacidade para processar 12 mil litros de leite por dia. O presidente da Câmara Setorial do Agronegócio da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Amilcar Silveira diz que, atualmente, um dos principais gargalos do setor leiteiro do Estado é que sobra leite e falta indústria para comprá-lo.
"A concorrência é muito baixa e há pouca procura pelo leite. Isso faz com que o Ceará, que tem um alto custo de produção, tenha um dos leites mais baratos do Brasil", ele diz. "Então a ideia é que o Governo coloque o quanto antes esse laticínio para funcionar".
De acordo com ele, a unidade de Quixeramobim, considerada de médio porte, já poderia estar funcionando com os equipamentos que estão instalados, mas não há previsão para o início da operação. "Poucos laticínios no Estado são tão bem equipados como esse. O que nós queremos é que ele seja utilizado de fato, porque Quixeramobim é uma bacia leiteira que representa uma produção de 200 mil litros por dia e as indústrias de lá não têm capacidade para beneficiar esse volume".
Fase de conclusão
Na página da Laticínios Terra Conquistada, no Facebook, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), responsável pelo equipamento, diz que o laticínio está em fase conclusiva. "O empreendimento está em fase de conclusão por parte da construtora, e já recebemos do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), cinco devolutivas para registro do empreendimento, aguardando apenas parecer final para mudanças solicitadas pelo Ministério na estrutura do empreendimento", diz o MST.
Questionada, a SRA informou, por meio de nota, que "a obra física do Laticínio tem previsão de entrega para os próximos 30 dias", mas que ainda aguarda a emissão do licenciamento ambiental da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e de certificação pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) para pleno funcionamento.
A Secretaria ainda ressaltou que o equipamento deve beneficiar 581 famílias, de 28 assentamentos.
Demandas do setor
Hoje, o Ceará é o segundo produtor de leite do Nordeste, mas o consumo local ainda é considerado baixo pelo setor, que desde o ano passado pleiteia junto ao Governo a criação de um programa de revitalização dos pequenos laticínios do Estado.
Para incentivar o setor de derivados de leite, o Governo do Estado decidiu isentar, no início deste mês, a produção local de queijo mussarela, o de maior consumo no Ceará. A expectativa é que a medida beneficie toda a cadeia produtiva local e represente uma redução dos preços ao consumidor, uma vez que haverá diminuição de custos logísticos além de maior oferta por parte dos produtores.
A medida atendeu uma antiga demanda do setor, que se via com pouca capacidade para concorrer com o queijo produzido principalmente nos estados de Minas Gerais, Bahia e Pará, principais emissores do produto para o Ceará, que consome cerca de 30 toneladas de mussarela por dia, o que requer a produção de 300 mil litros de leite.
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