Preço da gasolina no Ceará se aproxima de patamar anterior à pandemia

Postos da Capital já cobram até R$ 4,69 pelo litro do combustível, que corresponde ao preço médio cobrado no início do ano, segundo ANP. Queda de preço acumulada em 2020 recuou de 17,4% em maio para 4,2% em outubro

Escrito por Redação ,
Legenda: Em maio, no auge das restrições de circulação, o litro da gasolina chegou a até R$ 3,35 em Fortaleza
Foto: Reinaldo Jorge

Meses após o baque da queda do preço internacional do petróleo em meio à pandemia do novo coronavírus, o valor da gasolina na bomba dos postos já está voltando ao patamar de antes. Ontem (8), a reportagem verificou que o litro do combustível podia ser encontrado de R$ 4,45 a até R$ 4,69 em postos da Capital - igual ao preço médio cobrado em janeiro, pico dos valores no ano, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

De janeiro a outubro de 2020, o preço médio da gasolina comum acumula uma queda de 4,23% nos postos cearenses, proporção menor que a média nacional, de 4,87%, de acordo com a ANP. No mesmo período, o preço da gasolina pura vendida pelas refinarias da Petrobras acumula uma queda de 13,7%. Foram 35 reajustes realizados pela estatal em 2020 até agora, sendo 16 aumentos e 19 reduções. A gasolina pura corresponde a 73% da gasolina vendida na bomba e os 27% restantes são de etanol anidro, adicionado pelas distribuidoras.

Segundo o assessor técnico do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado (Sindipostos-CE), Antônio José Costa, além do preço da gasolina pura, o preço final ao consumidor depende da variação do etanol comprado pelas distribuidoras, dos custos logísticos, das margens de lucro das distribuidoras e dos postos, além da dos tributos. "O álcool tem uma dinâmica sazonal, com uma variação totalmente diferente da gasolina", diz.

Além dos desequilíbrios entre oferta e demanda provocados pela quarentena, a forte variação do preço do barril do petróleo ao longo do ano acabou sendo o principal fator para a queda, segundo Costa. "Chama atenção essa queda, que podemos atribuir a um mercado recessivo, por conta dos lockdowns, e pela queda do preço do petróleo no mercado internacional, que impactou muito mais do que a pandemia, com reflexos que persistem até agora", diz.

No primeiro semestre, o preço do combustível apresentou quatro quedas consecutivas, de fevereiro a maio, quando foi registrado o menor preço médio do litro (R$ 3,87), o que representou uma queda de 17,4% ante janeiro. Em maio, o menor valor encontrado no Estado foi de R$ 3,35 e o maior de R$ 4,59, ambos na Capital.

"Diante do cenário atual, a gente acredita que, após a gasolina ter atingido o menor valor em maio e com a recuperação nos meses seguintes, haja uma estabilidade dos preços. Não consigo ver mudanças significativas até o final do ano, seja no mercado interno seja no mercado externo", diz Antônio José.

Variação

O cálculo do preço da gasolina ao consumidor final é composto por 29% de ICMS, 29% de realização da Petrobras, 16% de Cide, Pis/Pasep e Cofins, 15% do custo de etanol, e de 11% de distribuição e revenda. O Sindipostos-CE ressalta ainda que os preços finais ao consumidor dependem de cada posto, que acrescem impostos, taxas, custos com mão de obra e margem de lucro.

Guerra de preços

No início do ano, a Arábia Saudita e Rússia, dois dos principais produtores globais do combustível, protagonizaram uma guerra de preços em um momento que a redução na atividade econômica global destruía a demanda pela commodity, afetando o mercado. Agora, com o temor de uma nova onda de contágio, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia estão considerando implementar cortes maiores sobre a produção de petróleo no início de 2021, em uma tentativa de fortalecer o mercado.

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