Preço da gasolina em Fortaleza sobe 6,6% em julho; o que esperar da inflação dos combustíveis

Combustível disparou no mês anterior e foi um dos principais responsáveis pela alta no índice que mede a inflação do IBGE

Escrito por Luciano Rodrigues , luciano.rodrigues@svm.com.br
Foto que contém uma bomba de combustível
Legenda: Preço do petróleo no mercado internacional deve continuar subindo nos próximos meses

A gasolina foi um dos destaques negativos no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado na sexta-feira (11). O combustível acumulou alta de 6,6% em julho em comparação com o mês anterior, o terceiro maior aumento entre os produtos pesquisados em Fortaleza.

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Apenas o gás natural veicular (GNV), com 8,03%, e a batata inglesa, com 7,94%, tiveram altas maiores em julho em Fortaleza, segundo o IPCA. A goiaba ficou mais barata, com redução média de 14,61%, a maior dentre os produtos que tiveram queda no índice. Os dados do índice são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Em pouco mais de um mês, a gasolina viveu uma escalada de preços em Fortaleza. Conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), na segunda semana de junho, o combustível atingiu o menor preço médio do ano na Capital, R$ 5,19. Já em 1º de julho, o valor do litro estava fixado em R$ 5,35.

Uma semana depois, o motorista precisava desembolsar, em média, R$ 5,98 para abastecer um litro de gasolina na Capital. Desde então, o preço se mantido nessa faixa, com poucas oscilações, tendo fechado o mês de julho a R$ 5,97. Alguns postos já vendem o combustível a mais de R$ 6/litro.

Com esses números, Fortaleza se mantém como a capital com a gasolina mais cara do Nordeste, empatada com Aracaju, em Sergipe.

MAIS ALTAS NO HORIZONTE

Vários fatores devem ser considerados para a alta da gasolina em Fortaleza, como a retomada da cobrança de impostos federais, ajuste na alíquota estadual e o preço internacional do petróleo. Essa tendência inclusive deve ser mantida para os próximos meses.

Para o pesquisador e economista do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Adhemar Mineiro, a compensação por parte dos donos de postos com desoneração que vinha acontecendo no caso da gasolina também foi decisiva para a elevação do preço. 

“A alta pode ser atribuída também ao comportamento dos distribuidores varejistas visando recompor suas margens a partir dessa variação. Em ambos os meses, o Ceará figurou entre os três estados com o combustível mais caro do Nordeste, e é a segunda região com os preços mais altos, depois do Norte”, enfatiza.

Bruno Iughetti, consultor na área de combustíveis e energia, explica que a elevação em julho está também relacionada com a retomada da cobrança de impostos federais que incidem sobre o produto.

Outro fator que o consultor ressalta é o cenário do exterior no que diz respeito ao preço do barril de petróleo, que indica que o preço da gasolina no Brasil deve continuar aumentando nos próximos meses.

Foto que contém uma bomba de combustível
Legenda: Gasolina comum em Fortaleza é a mais cara do Nordeste há mais de um mês
Foto: José Leomar/Diário do Nordeste

“As perspectivas nos próximos meses vão depender do preço do petróleo no mercado internacional a ser considerado na formação dos preços na refinaria pela Petrobras. O petróleo está com um movimento de alta, na ordem de US$ 86 o que deverá influir para elevar os preços pela Petrobras”, considera o consultor.

RETOMADA DA TRIBUTAÇÃO COMO FATOR DETERMINANTE

Iughetti explica ainda que o conjunto de cobrança de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e os tributos federais correspondem a 40% do total do preço da gasolina vendida no Brasil, e uma redução nessas alíquotas pode ser uma alternativa para amenizar os efeitos da alta.

A redução nos preços dos combustíveis pode ser alcançada com a desoneração novamente dos tributos federais e redução das alíquotas do ICMS. Espera-se que a Petrobras não represe os preços dos combustíveis cujos efeitos ao serem reajustados são altamente negativo para o consumidor e saúde financeira da própria Petrobras
Bruno Iughetti
Consultor na área de combustíveis e energia

Já Adhemar Mineiro pondera que inicialmente os preços devem manter a tendência atual de estabilidade, com flutuações mínimas, mas os desdobramentos em torno da reforma tributária serão fundamentais no valor do litro da gasolina.

"Não há perspectiva de mudanças significativas, mas o debate sobre a reforma tributária e seus desdobramentos terá que ser acompanhado, assim como os mecanismos de abastecimento na região. (...) Vamos ter que acompanhar, estamos no meio de um debate no Congresso", analisa o pesquisador.

Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE) limitou-se a informar que a alta da gasolina em Fortaleza é reflexo do aumento do combustível no mercado internacional.

“A gente acompanha o mercado, mas não fazemos juízo de valor. Acreditamos que pelo que se observa no mercado internacional tem ocorrido aumentos que consequentemente atingem o mercado nacional”, declarou o sindicato.

Maiores altas no IPCA em Fortaleza em julho:

  1. Gás Natural Veicular (GNV): 8,03%;
  2. Batata inglesa: 7,94%;
  3. Gasolina: 6,6%;
  4. Combustíveis (veículos): 6,14%;
  5. Passagens aéreas: 5,05%;
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