Por que o financiamento imobiliário caiu 16% no Ceará no trimestre? Entenda

Pesquisa da Abecip mostra que foram financiados 3.220 imóveis no primeiro trimestre desse ano

Escrito por Carolina Mesquita ,
Legenda: Menor ritmo de desempenho do setor deve permanecer ao longo de todo o ano
Foto: Carlos Marlon/Diário do Nordeste

As fortes altas da taxa básica de juros, a Selic, e o aumento geral no preço dos insumos freou o desempenho do setor imobiliário cearense no primeiro trimestre esse ano.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o Estado encerrou os três primeiros meses do ano com 3.220 imóveis financiados, número 16% menor que o mesmo período de 2021 (3.865).

Embora mais leve, também houve redução nos valores financiados. O levantamento mostra que entre janeiro e março deste ano os bancos custearam a compra de R$ 734,3 milhões em imóveis contra R$ 771,9 milhões no ano passado, uma diferença de 4,87%.

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Apesar das reduções, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, ressalta que os números ainda se encontram em bons patamares de desempenho.

Além disso, ele indica que os imóveis são financiados quando já estão prontos ou pelo menos no meio da obra, de forma que os valores indicados pelo levantamento não refletem o total movimentado nas transações.

Mesmo preocupado com a escalada das taxas de juros, Dias acredita que o setor encerre o ano em alta.

"A demanda ainda é grande, mas estamos preocupados com o aumento exacerbado dos insumos da construção, que fez que elevasse o preço dos imóveis, e com o aumento da taxa de juros. Por outro lado, a Caixa sinaliza que vai manter as taxas", afirma.

Por outro lado, Dias admite que, mesmo com o sonho da casa própria ainda forte, os incrementos na taxa de juros tira parte do apetite das famílias.

Macroeconomia

O conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon), Ricardo Coimbra, esclarece que dois fatores macroeconômicos tem freado o setor da construção civil: a inflação e a taxa de juros.

Com a escalada da Selic, o custo do crédito imobiliário também sobe que, combinada com a pressão inflacionária, tem feito as pessoas repensarem a decisão de adquirir um imóvel.

"À medida que tem elevação da inflação, é repassado no custo da obra e no valor médio dos imóveis. Havendo crescimento no preço e na taxa de juros, gera certa retração, receio na tomada de decisão das famílias e esse é o momento ideal ou não para aquisição", indica.

Ele acrescenta que esse cenário e comportamento abaixo do registrado ano passado deve permanecer ao longo do ano tendo em vista que a perspectiva é que haja novas elevações da Selic nos próximos meses.

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