PIB do Ceará fica abaixo da média nacional em 2022; queda da indústria é destaque
Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica (Ipece)
O Produto Interno Bruto do Ceará (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos, fechou, em 2022, com uma elevação de 0,96% em relação a 2021. Puxado pela queda da indústria cearense, o resultado ficou inferior à média nacional, de 2,9%.
Os dados foram divulgados, nesta segunda-feira (20), pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica (Ipece).
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Dentre os três setores que compõem o PIB, o melhor desempenho no Ceará ficou com agropecuária, com crescimento de 7,70% em 2022, enquanto o índice brasileiro caiu 1,7%.
Já o segmento de serviços apresentou resultado positivo de 1,92%, contra 4,2% no nacional.
Do outro lado, a indústria cearense amargou queda de 6,28% no ano passado, contra 1,6% de elevação do índice nacional no mesmo ano.
Contudo, o PIB cearense registrou recuo 0,70% no quarto trimestre, na comparação com igual período do ano anterior. Em relação ao terceiro trimestre de 2022, a queda foi de 1,68%.
Por que a indústria cearense caiu?
O analista de Políticas Públicas do Ipece, Witalo Paiva, frisou que o desempenho do setor é explicado principalmente pelas atividades de eletricidade, gás e água e pela Indústria da Transformação.
Esses segmentos encerraram o ano de 2022 com recuos de -19,16% e -6,35%, respectivamente, em relação ao ano de 2021. Na direção oposta, a atividade da construção registrou saldo positivo em 2022.
A alta em relação ao ano anterior foi de 5,11%. Diante do resultado, o setor chega ao segundo ano seguido de crescimento. Em 2021, a expansão foi de 10,36%.
Como foi o desempenho do setor de serviços e do comércio?
Para os especialistas, o resultado anual dos serviços é explicado principalmente pelo crescimento da administração pública, que apresentou alta de 1,35% na comparação com igual período de 2021.
A atividade de comércio deu uma contribuição tímida, mas ainda positiva, tendo registrado alta de 0,12% na mesma comparação.
Já o baixo desempenho do comércio é explicado, segundo analistas, pelas vendas do varejo ampliado que incluem, além do varejo comum, as vendas de veículos e materiais de construção.
A atividade de transporte, armazenagem e correios registrou alta pelo segundo ano consecutivo, finalizando 2022 com crescimento de 6,12%. Já os Serviços Prestados às Famílias também apresentaram crescimento expressivo de 8,21%, revelando uma aceleração em relação à alta observada no ano passado.
Por fim, os serviços de alojamento e alimentação apresentaram um crescimento bem expressivo, de 16,81%, após dois anos de queda, revelando nítida tendência de recuperação pós-crise.
Por que a agropecuária teve o melhor resultado?
De acordo com o analista de Políticas Públicas Nicolino Trompieri Neto, a Agropecuária cearense encerrou o ano de 2022 com forte crescimento em seu Valor Adicionado Bruto (VAB). Na comparação com 2021, a alta foi de 7,70% em termos reais.
Ao longo do ano de 2022, o setor registrou desempenho positivo em todos os trimestres quando comparados a igual período do ano anterior. No quarto período, porém, houve queda foi de 9,51%.
O analista do Ipece, Alexsandre Lira, acrescenta que o desempenho do setor é decorrente do bom desempenho na agricultura, especialmente pelo crescimento na lavoura temporária, puxado principalmente pelo crescimento na produção de mandioca e milho e também na produção de abacaxis.
Na lavoura permanente, o destaque ficou por conta da produção de banana e castanha de caju e também na produção de coco-da-baía.
No grupo das frutas destacam-se o crescimento de manga, goiaba, abacate, limão, tangerina e uva. Na pecuária, o destaque ficou por conta novamente no bom desempenho na produção de galináceos, recuperação da produção de bovinos e também pelo crescimento na produção de leite e ovos.
O que esperar do PIB do Ceará para 2023?
Segundo os analistas, a estimativa do PIB do Ceará para este ano é de 1,33% que, caso seja concretizada, será maior que a projeção do índice nacional, de 0,85%, previsto pelo relatório Focus do Banco Central.
Os resultados são preliminares e sujeitos a retificações, quando forem calculadas as Contas Regionais definitivas, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e as 27 Unidades da Federação.