Pesquisa aponta que 60% das empresas não deram suporte ao trabalhador em home office
No Brasil, 40% das companhias disseram ter feito alterações. A média global ficou em 30,7%
De acordo com um relatório que trata sobre o trabalho remoto durante a pandemia, ao mesmo tempo em que as empresas dizem acreditar que os funcionários precisarão estar no centro do design dos espaços de trabalho do futuro, a maioria delas reconhece que não mudou as políticas para os escritórios de modo a dar maior suporte aos empregados em trabalho remoto.
Na avaliação da empresa de tecnologia NTT Ltd, responsável pelo levantamento, um dos indicativos de que o apoio a esse novo modelo de atuação está aquém das necessidades é no baixo índice de empresas que mudaram políticas de Tecnologia da Informação (TI).
No Brasil, 40% das companhias disseram ter feito alterações. A média global ficou em 30,7%.
O relatório "Local de trabalho inteligente - Moldando experiências de empregados para um mundo transformado", ouviu 1.350 executivos de empresas em 19 países. No Brasil, foram 50 entrevistas.
Equipamentos
Em muitos casos, empregados colocados em home office devido à pandemia tiveram de usar seus próprios equipamentos, como telefones, celulares e computadores, rede de internet, além de ferramentas e aplicativos de conectividade, para continuar suas rotinas de trabalho.
Para o vice-presidente sênior da NTT Ltd para América Latina, Jefferson Anselmo, o percentual aponta para um descolamento entre a intenção das companhias em reorganizar seus espaços de trabalho e as ações assumidas por elas até agora.
> Teletrabalho ganha força como alternativa durante pandemia
> Governo lança programa de teletrabalho pós-pandemia para servidores federais
> Trabalho remoto permanente demanda nova regulamentação
Flexibilidade
O relatório da NTT aponta ainda para uma maior flexibilidade do modelo de trabalho, com 84% das companhias brasileiras -acima dos 75% da média global e de 81% no continente americano– concordam que os empregados deverão ter a escolha de trabalhar nos escritórios.
Os encontros presenciais não serão abolidos, mesmo nos casos em que as ferramentas de conectividade já estejam bem integradas à rotina. E essas, por sua vez, também farão com que o retorno aos escritórios não seja mais como antes.
Segundo o relatório, 90% das empresas no Brasil consideram encontros presenciais como essenciais para a construção de espírito de equipe.
Ambiente de trabalho
No ambiente de trabalho do futuro, os escritórios deverão ficar diferentes ao que conhecemos hoje, uma vez que quase metade das empresas –42% no Brasil– estão revisando a disposição de seus espaços para novas necessidades.
Para o vice-presidente sênior da NTT Ltd para América Latina, os dados do relatório apontam para espaços de reuniões menos formais e mais espaços compartilhados pelos escritórios.
Enquanto o ambiente de trabalho do futuro não chega, os representantes de trabalhadores tentam garantir direitos mínimos para quem está em home office.
Legislação
A CLT prevê dois tipos de trabalho fora de empresas. Um refere-se ao trabalho no domicílio, o outro ao teletrabalho -esse último incluído pela reforma trabalhista de 2017- e na avaliação de especialistas, nenhum dos dois protege quem foi transferido para casa devido à pandemia.
Com isso, as negociações de data-base começam a incluir regras para esse tipo de atividade, uma vez que as empresas começam a estudar a adoção definitiva do modelo, seja ele parcial ou total.