O que o setor agro espera do governador eleito Elmano de Freitas a partir de 2023? Veja os pontos
A governadora Izolda Cela confirmou que pretende fazer uma ponte com o setor produtivo na transição entre a sua gestão e a de Elmano
O setor agro ainda não teve a oportunidade de apresentar os principais pleitos ao governador eleito Elmano de Freitas (PT) - até porque faz poucos dias desde o primeiro turno das eleições -, mas o encontro promovido pela Federação da Agricultura do Ceará (Faec) e a chefe do Executivo estadual, Izolda Cela, não deixa de ser uma chance de abrir as portas para que em 2023 demandas como crédito, assistência técnica e desburocratização sejam consideradas.
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A própria governadora já confirmou que ela pretende fazer essa ponte com o setor produtivo na transição entre a sua gestão e a de Elmano de Freitas.
“Eu tenho uma expectativa de um governo em que o Elmano lidere com a necessária e devida abertura para todos os setores e para aquilo que é importante para o nosso Estado”, disse Izolda Cela, reforçando a importância de um bom trabalho de transição entre as gestões, durante a sua passagem pela Faec na quarta-feira (5).
A ela, foram apresentados pleitos como a desburocratização "com o objetivo de facilitar a vida do produtor", de acordo com Izolda. "A demora, por exemplo, em algumas licenças, algumas vezes até a multiplicidade de licenças para uma mesma área; alguns pontos que com certeza vão entrar na nossa agenda para estudos".
O presidente da Faec, Amílcar Silveira, destacou que o objetivo é desenvolver o agronegócio no Ceará, com simplificação para que o setor possa atuar e "sem divisão". "Nosso propósito aqui é fazer uma classe média rural. Temos que levar o pequeno produtor a ser o médio do amanhã e o grande do futuro", pontua o representante.
Além da desburocratização, ele ressaltou que a assistência técnica e oferta de crédito tem o potencial de melhorar substancialmente a vida do pequeno produtor. "Eu espero que o próximo governador tenha essa sensibilidade".
"Existem alguns entraves que dificultam o crescimento do agronegócio, entre eles a burocracia excessiva do Governo do Estado. Já tivemos a resolução da outorga da água, precisamos resolver o problema das licenças e vão aparecer outras", destaca Amílcar. Para ele, a melhora dos índices de pobreza passa pelo desenvolvimento do agro.
Investimento privado
Euvaldo Bringel, promotor de Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) do Governo do Ceará, pontuou a importância do investimento privado para o desenvolvimento de segmentos dentro do agro como a fruticultura.
“Nós ainda temos uma carência muito grande de capital. A fruticultura no Ceará, por exemplo, foi desenvolvida por meio do investimento privado de empresas como a Agrícola Famosa e Itaueira”.
Questionado sobre como o investimento privado no setor agro pode ajudar a desenvolver o Ceará, Amílcar Silveira reforçou que isso "converge à questão produtiva" e que "há investidores interessados no Ceará".
Um dos investimentos que a Faec e o Governo do Ceará fazem em um trabalho conjunto é tentar trazer uma nova indústria do setor de laticínios, conforme já havia publicado com exclusividade o Diário do Nordeste.
"Nós temos 83 mil pessoas vivendo da pecuária leiteira no Ceará, mas existe uma concentração na mão de uma indústria, que é um grande orgulho para nós, mas queremos pulverizar", disse Amílcar. Recentemente ele visitou as indústrias Da Vaca e Porto Alegre. "Estavam esperando a definição presidencial para definir (a instalação no Ceará)".
Agora as próximas indústrias a serem visitadas são Tirolez e Piracanjuba. "Pedimos ao secretário Maia Júnior um galpão industrial para ser feita uma nova unidade e estamos estudando agora trazer o investidor", diz Amílcar.
A atração tem o potencial de gerar cerca de 4 mil empregos, considerando que a cada 50 litros de leite produzidos, um emprego é gerado.
Cadeias beneficiadas
A assistência técnica também é um dos pontos reforçados pelo presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Ceará (Sindilaticínios), José Antunes Mota, para fortalecimento da cadeia do leite e uma demanda que ele espera que seja considerada.
“Temos um déficit muito grande de assistência técnica. Hoje, quem precisa de assistência técnica e pode pagar por isso, paga. A tendência é que o Estado e a Faec tomem a frente dessa assistência e a tendência é melhorar”, avalia Antunes.