'Juro ainda está alto', diz Lula após BNB reduzir taxa de programas de microcrédito

Lula disse ser necessário rever a nova taxa praticada para viabilizar mais crédito para a população de baixa renda

Escrito por Bruna Damasceno , bruna.damasceno@svm.com.br
Lula fala e gesticula
Legenda: Nesta sexta-feira (1º), Lula cumpre agenda em Fortaleza
Foto: Thiago Gadelha / SVM

Após o presidente do Banco do Nordeste (BNB), Paulo Câmara, anunciar a redução da taxa de juros do programa de microcrédito de 2,53% para 2,16%, o presidente Lula (PT) disse considerar o percentual ainda elevado. A declaração foi dada, nesta sexta-feira (1º), durante cerimônia de aniversário das linhas de crédito da instituição, em Fortaleza. 

”Não pense que eu acho que o juro tá baixo. O juro ainda está alto. Porque 2,16% ao mês é muita coisa. Dá quase 30% ao ano, porque é juros sobre juros. Então, eu acho que nós precisamos baixar ainda”, afirmou. 

“Obviamente que nós também não queremos quebrar o banco, porque o banco tem que dar o lucro. Porque se quebrar, vai ser muito pior para nós”, ponderou. Lula acrescentou que as instituições financeiras públicas só devem existir “se for para fazer coisas diferentes” das privadas. 

Veja também

Críticas a Campos Neto

Antes de falar sobre a nova taxa praticada pelo BNB, Lula criticou o presidente Banco Central, Roberto Campos Neto, dizendo que os economistas brasileiros deveriam assistir aos discursos das empreendedoras participantes do evento “para perceber o que acontece num País quando a gente acredita no povo trabalhador”.

Lula se referia à artesã Maria da Conceição Menezes e à comerciante Maria do Socorro Nascimento. As trabalhadoras haviam subido ao palco instantes antes para relatar como o microcrédito contribuiu para suas trajetórias de mobilidade social. Depois, Lula destacou a importância da agricultura familiar para abastecer o mercado interno, contextualizando com a necessidade de concessão de crédito para esse público. 

“Somos gratos aos grandes produtores rurais, que sustentam a China com soja, parte da Europa com milho, algodão. Isso é muito importante para o Brasil, mas a gente tem que levar em conta que o cara que tem uma plantação de 50 mil hectares não vai perder tempo criando galinha caipira, porquinho, três vaquinhas leiteiras, plantando hortaliças”, listou.

“Ele precisa comprar de quem? Do pequeno e do médio produtor, quem coloca mais de 70% do alimento que vai nas nossas mesas, nos hotéis e nos restaurantes. Por isso, vamos continuar fazendo crédito e faremos cada vez mais”, completou.

 

Newsletter

Escolha suas newsletters favoritas e mantenha-se informado
Este conteúdo é útil para você?
Assuntos Relacionados