Investimento milionário da Angola Cables 'confirma' que usina não impacta internet, diz Cagece

O investimento da empresa será de R$ 400 milhões

Escrito por Bruna Damasceno , bruna.damasceno@svm.com.br
Praia do Futuro
Legenda: A Praia do Futuro está no centro do impasse sobre a construção de usina de dessalinização, já que o local é hub internacional de cabos submarinos
Foto: Talles Freitas

Mesmo diante do impasse em torno da usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, a Angola Cables anunciou investimento de R$ 400 milhões em novo data center no local. Para a Companhia de Água e Esgoto (Cagece), o aporte privado confirma ser possível a coexistência entre o equipamento e os cabos submarinos.

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A “disputa” pelo território ocorre desde 2022, quando as empresas de telefonia alegaram haver riscos de prejudicar o hub de fibra óptica, cujo funcionamento leva conectividade para a África, Europa, América do Norte, América Central e América do Sul. As teles disseram, ainda, que a infraestrutura também iria inviabilizar novos investimentos

Em nota, a Angola Cables disse que continua "atuando normalmente e mantém a execução dos projetos atuais e estudo dos projetos já desenhados para o Brasil". "Com relação à usina de dessalinização, a Angola Cables segue aguardando as decisões dos órgãos envolvidos", finalizou.

Já a Cagece frisou prever a construção da planta ainda neste semestre, após autorização dos órgãos competentes, sem qualquer alteração no projeto. 

“A companhia informa ainda que vê como positivo o investimento no novo empreendimento da Angola Cables, na Praia do Futuro, confirmando que, baseada nos estudos técnicos e ambientais realizados, é possível a coexistência da planta de dessalinização com as infraestruturas de dados existentes e também com outras que venham a se instalar naquela região”, apontou, em nota. 
Cagece

Anteriormente, a Cagece já havia descartado mudar a usina de dessalinização de lugar porque custaria até R$ 201,5 milhões a mais aos cofres públicos. Para tentar acalmar os ânimos, no entanto, ainda chegou a ampliar a distância do equipamento de 50 metros para 500 metros, com custo adicional de cerca de R$ 40 milhões. 

Mapa
Legenda: Mapa mostra a distância entra a usina e os cabos
Foto: Divulgação Cagece

Investimento importante

Para o professor Departamento de Telemática do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Moacyr Moreira, o investimento da Angola Cables “é bem importante” para o Estado, considerando ser um dos maiores pontos de interconexão do mundo. 

Ele pondera, no entanto, considerar insuficiente a distância de 500 metros para garantir a segurança dos cabos durante a manutenção da usina, como a sucção da água. “Pode ser que os investidores tenham receio, embora não tenha sido o caso da Angola Cables”, diz.

“Eu acredito que acima de um quilômetro é uma distância razoável, mas dois quilômetros seria o ideal”, completa. 
Moacyr Moreira
Professor Departamento de Telemática do IFCE

Novo data center

Na última segunda-feira (22), o governador do Ceará, Elmano de Freitas, e o CEO da Angola Cables, Ângelo Gama, anunciaram o novo investimento. A empresa construirá um segundo data center de grande porte, que terá 960m², instalado na Praia do Futuro.

As obras da primeira fase do empreendimento terão início no segundo semestre deste ano. O investimento será de mais de R$ 250 milhões (cerca de US$ 50 milhões), chegando a R$ 400 milhões até a conclusão, em 2025.

“Muito importante a decisão da parceria que temos aqui no estado para criarmos o Ceará como um grande polo tecnológico para o Brasil. E essa parceria com a Angola Cables é muito importante para o nosso povo. Será um investimento que gerará empregos na construção do data center, vai gerar empregos para as pessoas que depois vão trabalhar na empresa. Tenho certeza que são passos como esse que vão transformar o estado em uma referência para o Brasil e para o mundo”, destacou Elmano.

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