Energia nas residências cearenses deverá ser 100% renovável em até 10 anos
A produção solar deverá ser a matriz de base para a transição energética, conforme a diretora presidente da Enel Distribuição Ceará
A energia fornecida para as residências cearenses deverá ser totalmente renovável nos próximos dez anos. Essa é a meta de descarbonização do Grupo Enel, antecipada em cerca de dez anos. A informação é da diretora presidente da Enel Distribuição Ceará, Márcia Sandra.
Sandra classificou a substituição das fontes de energia poluentes como "necessária e urgente" e defendeu a parceria público-privada para possibilitar essa transformação.
Ela ainda pontuou que, diante do enorme potencial a ser explorado especialmente no Nordeste, a matriz solar deverá ser a fonte base para o fornecimento nos próximos anos.
"A solar é o que a gente tem de maior capacidade na matriz. A energia solar, sem dúvida, alavanca já que nossa maior força é o sol. Mas agora com o híbrido, é importante também associar: ter durante o dia o sol e à noite, a energia do vento", pontuou.
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Mobilidade urbana
No aspecto da mobilidade urbana, Sandra ressaltou que as mudanças já estão em curso, de forma que os atores envolvidos precisam se organizar para viabilizar a nova realidade requerida para frear o aquecimento global.
"Falando de mobilidade elétrica, que não é mais um tema futuro, é presente na nossa vida, precisamos convencer a sociedade, a população, que ela pode deixar de ser um simples consumidor de energia e utilizar sua bateria sobre rodas para fazer esse movimento em um momento que a rede mais precisa de energia", destacou.
A diretora presidente da Enel Distribuição Ceará ainda argumentou que as montadoras automobilísticas presentes no País, associadas com o potencial de energia renovável, gera um diferencial para o País nessa transição.
Diferenciais locais
O vice-prefeito de Fortaleza, Élcio Batista, reforçou a necessidade da utilização de fontes de energia limpa no segmento do transporte, que é um dos maiores emissores de gases poluentes.
Segundo ele, desde a gestão do prefeito Roberto Claudio, a Capital tem assinado acordos nacionais e internacionais visando zerar ou neutralizar as emissões de poluentes.
"Esses compromissos internacionais são a base para que a partir disso a gente estabeleça prazos e que a gente crie condições para alcançar essa transição em Fortaleza", afirmou.
Além disso, ele lembra que o Fortaleza 2040 já prevê a mudança da matriz energética e a utilização da mobilidade híbrida.
Conforme o vice-prefeito, o município cearense possui todas as condições necessárias para liderar a transição entre as capitais brasileiras.
Isso porque Fortaleza é uma das pioneiras nas fontes eólica e solar, detendo ainda protagonismo regional e nacional na produção dessas duas matrizes.
O hub de hidrogênio verde é outro diferencial, conforme Batista, que deve contribuir para essa saída na frente.
"É muito importante que a população seja cada vez mais informada dos impactos do aquecimento global. Nós estamos vendo o que está ocorrendo na Bahia, nos Estados Unidos. O impacto é em vidas que foram perdidas, mas também na economia, porque você precisa reconstruir esses lugares. Com o aquecimento global, teremos ainda mais eventos extremos", alertou.
O vice-prefeito também ressaltou que a população mais pobre também é a mais vulnerável aos episódios de desequilíbrio ambiental causados pela poluição.
"Então, a gente precisa demonstrar, evidenciar para toda a sociedade os impactos que isso tem na nossa vida, para que as pessoas possam não só compreender, mas agir em direção a essa grande transição que a gente precisa ter", acrescentou.
Ônibus elétricos
Delfina Pontes, gerente de produtos B2B da Enel X - braço do Grupo Enel que promove soluções energéticas visando essa transição - revela que, apesar do investimento inicial mais elevado, os ônibus elétricos reduzem os custos com combustível em cerca de 70%.
A empresa possui cerca de 1,8 mil veículos em operação na malha pública do Chile, Colômbia, Espanha, Argentina e Estados Unidos.
Ela ainda ressalta que a satisfação do cliente com o serviço, levando em consideração a redução do barulho, o conforto do veículo e a natureza renovável, aumentou 88%.
Cerca de 39% dos usuários participantes da pesquisa ainda se demonstraram dispostos a esperar cinco minutos a mais para embarcar em um ônibus elétrico.
Pontes também esclarece que a transição da frota não implica necessariamente em aumento das tarifas para o cliente final, uma vez que a redução nos custos de combustível e manutenção são diminuídos consideravelmente.