Empresas sobre rodas ganham as ruas da cidade
Em Fortaleza, já é considerável o número dos chamados empreendimentos itinerantes, sobretudo na área de serviços , como salões de beleza, lava-jatos e pet shops
A expansão da classe média ao longo dos últimos anos modificou o perfil do consumidor brasileiro e levou os empresários do setor de comércio e serviços a ampliarem seus investimentos e apostarem em inovação, como uma forma de manterem-se competitivos e atrair o consumidor. Hoje, as mudanças que privilegiam a comodidade dos clientes sãos as que mais crescem, atendendo a uma exigência do mercado, que quer não apenas consumir, mas consumir de forma cômoda, rápida e fácil.
Mas uma dessas inovações que vêm ganhando cada vez mais espaço no mercado tem inspiração em um passado não tão distante e foca, sobretudo, em comodidade. Os antigos comerciantes popularmente chamados de “galegos”, que vendiam produtos diversos de porta em porta, ou mesmo as sacoleiras, já anunciavam essa tendência e, hoje, empreendimentos formais e modernos apostam nesse tipo de estratégia, em estar mais perto do consumidor, para ganhar espaço no mercado.
Em Fortaleza, já é considerável o número dos chamados empreendimentos itinerantes, sobretudo na área de serviços, como salões de beleza, lava-jatos e pet shops. Montados em veículos, eles circulam pela cidade e levam mais praticidade ao dia a dia da população. Também tem se destacado o surgimento de lojas móveis, que param em pontos estratégicos da cidade e atraem a atenção do consumidor.
“As coisas se renovam. Nós tínhamos aqui os nossos ambulantes, os galegos. Isso já vinha há muito tempo, em outra roupagem. Eles já sabiam que era importante levar o produto nas casas. Isso ainda funciona muito. Hoje, temos visto essa tendência do pequeno levando o serviço até o consumidor. Há muito mais condições, soluções modernas que permitem que o serviço seja de melhor qualidade. É algo que se renova e que é importante, pois não deixa de irrigar a economia, de criar uma cadeia produtiva, uma cadeia do bem”, avalia o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), Freitas Cordeiro.
Ele ressalta, contudo, que esse tipo de empreendimento precisa ser orientado e fiscalizado pelo poder público para garantir a qualidade dos produtos e serviços. “As pessoas têm que ser orientadas para que os serviços melhorem”, reforça, acrescentando que os negócios itinerantes já fazem sucesso em outros países. “Isso ocorre no mundo todo. É uma tendência. Não estamos distantes, mas não podemos deixar que proliferem de forma desordenada”, afirma.
Formalização
O presidente Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, também destaca a importância da formalidade desses negócios e louva a iniciativa dos empreendedores. “O comércio no Brasil começou com o que nós chamávamos de galegos. Também tinham os vendedores ambulantes de carne e de pão, por exemplo. Hoje, isso se formalizou. É uma modernização do que já ocorria. Isso é muito importante, é a constatação da liberdade comercial do País. É digno de aplausos”, avalia.
Mas se os negócios sobre rodas levam praticidade ao consumidor, eles também trazem benefícios aos investidores, estimulando o empreendedorismo. “Esses negócios vêm para atender (a uma demanda), mas também conciliam com investimentos. Em um ponto fixo, os custos são bem maiores. Muitas vezes, para estar diante de um volume de público, você tem que estar em shoppings, com custos fixos altos. Na rua, se pode selecionar o público e os custos são muito menores”, observa Mônica Tomé, articuladora da Unidade de Acesso ao Mercado do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Dháfine Mazza
Repórter