Economia só deslancha com 70% a 80% da população vacinada, aponta especialista

Patamar poderia ser atingido em um semestre se houvesse logística e doses suficientes no País, estima pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo. Ela aponta que o setor produtivo deve participar desse processo

Escrito por Redação ,
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Legenda: Dalcolmo estima que até setembro a Fiocruz e o Instituto Butantan devem conseguir entregar doses suficientes para toda a população brasileira.
Foto: Thiago Gadelha

Mergulhada em incertezas, a retomada do ritmo de crescimento da economia brasileira está fortemente atrelada ao andamento do processo de vacinação contra a Covid-19. Conforme a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, a atividade econômica só deve, de fato, acelerar quando cerca de 70% a 80% da população estiver vacinada, contingente que poderia ser atingindo em um semestre caso houvesse doses e logística suficiente.

O percentual é o mesmo estimado para que a pandemia do novo coronavírus seja considerada controlada. "Hoje, nós precisamos otimizar a distribuição e a aplicação da vacina em massa. Não vamos conseguir conter a epidemia e recuperar a economia se não vacinarmos, no mínimo, 70%-80% da população. E nós podemos sim fazer isso em um semestre. Não precisa esperar três anos, como tem-se falado. Basta ter vacina e todo mundo colaborar para que ela chegue em todos os lugares do Brasil", afirmou a pesquisadora durante evento virtual do Grupo de Líderes Empresariais no Ceará (Lide Ceará) nesta segunda-feira (08).

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Ela ainda estima que, até setembro, as duas instituições públicas produtoras de vacinas contra a Covid-19 no Brasil - a Fiocruz e o Instituto Butantan - devem conseguir entregar doses suficientes para toda a população brasileira.

Apoio da iniciativa privada

Dalcolmo também avalia que o apoio da sociedade civil e da iniciativa privada é importante e necessária nesse processo para dar celeridade à vacinação. "Não podemos deixar tudo nas costas do governo. Um dos pontos positivos que vimos durante a pandemia é a visão do que pode ser o trabalho do poder público e do privado. A iniciativa privada tem comparecido", aponta.

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Legenda: Evento do Lide Ceará discute a relação entre a vacinação e a retomada da economia

Ela revela que a justificativa dada para o fracasso das negociações para a vacina da Pfizer, de que não seria possível disponibilizar os freezer a menos 80° Celsius necessários para o armazenamento das doses, não é plausível, uma vez que o setor privado se mostrou disposto a prover os equipamentos de armazenagem necessários.

"Eu nunca aceitei essa desculpa. Sabe quanto custa um freezer a menos 80°? Custa R$ 50 mil. Vários empresários vieram até mim perguntando qual a capacidade que precisaríamos, pois eles comprariam e doariam. Esse problema teria sido resolvido sem a participação do Governo", dispara.

Dalcolmo acrescenta que o momento requer que a iniciativa privada auxilie na logística de distribuição das doses com transporte aéreo, terrestre e marítimo, de forma que a vacina chegue aos lugares mais remotos do País o mais rápido possível.

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