Com lockdown em todo o Estado, restaurantes sofrem mais e pedem volta da redução de jornada
Entidade avalia que o setor precisa agora do apoio do Governo Federal com a retomada da suspensão de contratos e redução de jornadas para frear demissões
A prorrogação e a extensão do isolamento social rígido a todas as cidades do Ceará, anunciadas na noite dessa quinta-feira (11) pelo governador Camilo Santana, preocupam mais uma vez o setor de bares e restaurantes. Isso porque o interior do Estado já havia sido mais penalizado com um tempo maior de suspensão das atividades durante o primeiro lockdown, em 2020.
Por esta razão, estão mais fragilizados e podem não aguentar uma nova interrupção no funcionamento presencial, avalia a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE).
"A situação é complicada, principalmente na região do Cariri. O interior foi fechado junto com a Capital no começo da pandemia, mas as atividades no interior retomaram muito depois. Agora nós temos um lockdown também no interior e são estabelecimentos muito mais fragilizados, então eu imagino que o impacto vai ser muito maior", avalia Taiene Righetto, presidente da Abrasel no Ceará.
Ele reforça ainda que os bares e restaurantes no interior do Estado são "empregadores primários". "São de grande importância, então é algo muito complicado. Por isso nós recebemos essa notícia com muita preocupação e ficamos apreensivos em relação ao futuro", afirma.
Demissões
De acordo com ele, a sinalização de que o cenário "não deve ser flexibilizado tão cedo é trágica para o setor". Ele lembra das medidas de apoio aos bares e restaurantes anunciadas pelo governador Camilo Santana e pontua que o Governo Federal precisa complementar esse apoio retomando o programa de suspensão de contratos e redução de jornadas e salários.
"Foram mais de duas mil demissões somente em Fortaleza. Teremos esses números mais atualizados depois deste fim de semana. O que precisamos frisar é a necessidade do auxílio do Governo Federal em relação à suspensão e redução dos contratos de trabalho. O que vai sustentar um pouco mais ou frear as demissões e falências é a ação conjunta das medidas do Governo Federal, amarradas às medidas do Governo do Estado", pontua Righetto.
Reforço federal
Sem o reforço federal, ele acredita que o número de demissões e falências será bem maior. "Precisamos desse auxílio para mantermos os negócios abertos. O que nos preocupa é que o pico ainda não chegou e não temos espaço para uma piora, uma terceira onda, digamos assim. Pensando em futuro, esse 'abre e fecha' não poderá existir mais, até porque não teremos o que fechar", lamenta Righetto.
O presidente do Sindicato de Restaurantes, Bares, Barracas de Praia, Buffets e Similares do Estado do Ceará (Sindirest-CE), Dorivam Rocha, também reforça que a retomada do programa de suspensão de contratos e redução de jornadas e salários é muito importante para o setor. "A gente espera que o Governo Federal venha a auxiliar com a retomada desse programa", diz, acrescentando que o impacto das medidas anunciadas pelo Governo do Estado é mais sentido pelos "negócios muito pequenos".
"Precisamos dessa ajuda do Governo Federal e mesmo assim ela não vai ser suficiente, porque mesmo com ela nós tivemos fechamento de mais de 40% do setor. A sociedade precisa estar preparada para mais demissões e fechamentos", diz, acrescentando que o efeito também é percebido nos fornecedores. "A gente vê os fornecedores também fechando e demitindo", lamenta Rocha.
Relembre as medidas do Governo do Estado para o setor:
- Parcelamento de todos os débitos de ICMS em 60 vezes;
- Isenção do IPVA de 2021 para veículos registrados em nome das empresas do setor e para até 1 carro, que não está registrado, mas que esteja em nome do profissional autônomo;
- Pagamento da conta de água de março, abril e maio de todos os estabelecimentos de restaurantes, bares, barracas de praia e congêneres registrados na Cagece. Também será isento do pagamento da tarifa de contingência;
- Todos os débitos de água de março de 2020 até o dia 1º de março de 2021 serão também isentados;
- Auxílio financeiro de R$ 1.000, em duas parcelas, para trabalhadores do segmento que estão desempregados no setor de alimentação fora do lar;
- Autorizar mais instituições com o Selo Lazer Seguro após o retorno das atividades.