Cearenses são os que mais pedem empréstimo para casar no Brasil; entenda os motivos

Dados são da pesquisa “Finanças Regionais” que comparou dados sobre o uso do dinheiro e os hábitos de finanças em todos os estados brasileiros

Escrito por Luana Barros , luana.barros@svm.com.br
Casamento
Legenda: Cearenses são os que mais buscam crédito para casar; média nacional de endividamento com esse motivo é de 2%
Foto: Divulgação

O sonho da festa de casamento é almejado por muitos casais. E para realizá-lo, os cearenses têm buscado limite extra no crédito, tornando o Ceará o estado brasileiro onde mais pessoas escolhem contrair empréstimos para casar. O dado faz parte do levantamento “Finanças Regionais: as diferenças na relação com o dinheiro entre os Estados do Brasil”. Realizado pela Serasa em parceria com a Opinion Box e divulgado nesta quarta-feira (20), a pesquisa aponta que a média nacional de endividamento para realizar o casamento é de 2%, enquanto no Ceará o percentual chega a 4%. 

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Especialista da área de finanças comportamentais, o economista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Érico Veras Marques, aponta causas para o Estado ter esse destaque no cenário brasileiro. Um deles se refere à renda média dos cearenses, em comparação ao resto do País. 

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) Contínua do segundo trimestre de 2023, o rendimento médio mensal dos cearenses é de R$ 1.850. O valor é um dos menores do País. Para efeito de comparação, a média do Distrito Federal é de R$ 4.629 e a de São Paulo é R$ 3.408.

Existem ainda fatores culturais que influenciam, aponta o economista. "Existe uma predisposição dos cearenses a fazerem eventos de maior porte, de maior monta", afirma. Ele relembra que, na década de 1990, os consumidores tinham forte tendência a adquirir produtos mais onerosos, como whisky importado e carros 4X4 — em um período em que era ainda mais dispendioso comprá-los. 

"Historicamente, (o cearense) tem predisposição ao consumo", explica Érico Veras Marques, ponderando que este é um cenário de décadas atrás, mas que esta inclinação pode ter impacto até os dias de hoje. 

Sem 'estresse financeiro'

O economista destaca a necessidade de uma avaliação dos gastos para serem aplicados na realização do casamento — e também da festa — e qual será o impacto disso para o futuro do casal. 

"Não comecem o casamento com estresse financeiro. O início já é diferente, conviver com uma pessoa. Uma coisa é namorar, sair para viajar. Outra coisa, é construir uma relação diária, que vai trazer acomodações. Não vamos colocar mais uma variável nessa construção".
Érico Veras Marques
Economista e professor da UFC

Ele falou da necessidade de avaliar como estão as contas do casal e qual vai ser o impacto da dívida de casamento para o futuro. Entre os fatores que precisam ser considerados estão, por exemplo, qual percentual da renda mensal ficará comprometida, quanto tempo durará o comprometimento, além da previsibilidade da renda mensal dos cônjuges.

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Os planos do casal, tanto profissionais, como fazer uma especialização, ou familiares, como ter filhos, também precisam entrar na equação. "Não estou dizendo que não tem direito de ter uma festa. Faça o seu sonho dentro do possível. Se tem que procurar empréstimo para fazer a festa, tem algo errado", argumenta. 

Pesquisa 'Finanças Regionais'

Além de ser o estado brasileiro onde as pessoas mais procuram crédito para casamento, o Ceará também é onde existe o maior índice de endividamento por emprestar o nome — com um percentual de 32%.

Segundo a pesquisa "Finanças Regionais: as diferenças na relação com o dinheiro entre os Estados do Brasil”, realizada pela Serasa em parceria com a Opinion Box, 54% dos cearenses contraíram empréstimo no último ano. A principal motivação é o pagamento de dívidas, com 31%, seguido da necessidade de limpar o nome (24%) e pagar despesas inesperadas (18%). 

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O levantamento também mapeou as principais formas de parcelamento adotadas pelos cearenses. O principal destaque é o cartão de crédito de terceiros, com 43% usando essa forma de pagamento. Por outro lado, apenas 8% utilizam o próprio cartão. Outras formas utilizadas são boleto bancário (17,5%) e PIX parcelado (16%).  

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