O que as organizações podem aprender com a polêmica dos influenciadores?
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Nos últimos dias, uma planilha com avaliações anônimas de influenciadores circulou pelas redes sociais, gerando intensos debates. A lista, que expunha opiniões diversas sobre a conduta profissional de figuras públicas, reacendeu discussões sobre os limites entre transparência e exposição, o ético e o antiético. Enquanto alguns enxergaram no anonimato uma oportunidade para feedback sincero, outros questionaram a ética e os impactos de tornar essas informações públicas. O que você pensa sobre o assunto?
Embora essa polêmica esteja no contexto das redes sociais, ela traz lições valiosas para as organizações. O caso ganhou notoriedade não apenas pelo conteúdo da planilha, mas pelo formato em que as avaliações foram feitas e divulgadas. As opiniões, compartilhadas sob a proteção do anonimato, variavam de críticas contundentes a elogios vagos, sem contextualização ou responsabilidade pelas declarações.
Nas organizações, práticas semelhantes acontecem em pesquisas de clima, avaliações de desempenho e feedbacks anônimos. Embora úteis para incentivar a participação e captar percepções, esses processos podem gerar resultados ambíguos, prejudicando a confiança e criando tensões entre equipes, principalmente se não forem considerados o nível de maturidade das pessoas envolvidas e o passo a passo necessário para a implementação de ações desse tipo.
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Transparência ou exposição?
Transparência e exposição são conceitos que, embora próximos, possuem diferenças fundamentais. Transparência envolve a troca aberta e responsável de informações, criando um ambiente de confiança. Os papéis dos principais atores envolvidos são bem definidos e as linhas de autoridade e poder, também. Isso é especialmente relevante nas relações entre cliente e fornecedor; líder e liderado; decisores e seus assessores. No ambiente corporativo, líderes têm a responsabilidade de estabelecer e comunicar claramente esses limites.
Já a exposição pode ultrapassar os limites do que é saudável ou necessário, colocando pessoas em situações de vulnerabilidade sem o menor senso de responsabilidade. No caso dos influenciadores, questiono se eles receberam um feedback franco após a prestação de seus serviços. Talvez, fosse muito mais honesto e respeitoso, além de dar ao profissional a oportunidade de rever suas práticas profissionais e seu comportamento.
A transparência deve ser vista como uma ferramenta para construir confiança, enquanto a exposição pela exposição, quando ocorre, causa danos à cultura organizacional e à reputação das pessoas envolvidas.
Já imaginou como seria prejudicial se o conteúdo do seu “um a um” fosse compartilhado com seus colegas de time sem o seu consentimento? Ou se você fosse informado sobre uma planilha circulando entre empresas com comentários sobre sua postura profissional e indicações como: ‘contrate’ ou ‘não contrate’?” Pois é! Isso é grave.
Feedback anônimo: benefícios e desafios
O anonimato no feedback é uma prática amplamente adotada em empresas para incentivar opiniões honestas. No entanto, ele apresenta benefícios e desafios:
Benefícios:
• Reduz o medo de retaliação, incentivando a participação — em algumas organizações, é comum encontrar equipes que não se sentem seguras para expressar suas opiniões. Isso é reflexo de lideranças que atuam como ‘chefes’ ou de uma cultura que pune os ‘questionadores’.
• Ajuda a identificar problemas estruturais que, de outra forma, poderiam passar despercebidos. Isso ocorre porque muitos líderes ainda desconhecem os desafios operacionais enfrentados pelas equipes.
Desafios:
• Comentários anônimos podem ser vagos, subjetivos ou maliciosos, dependendo dos interesses envolvidos.
• A falta de contexto pode dificultar a ação prática sobre o feedback recebido.
• Enfraquece a cultura de diálogo aberto e a confiança.
Uma alternativa é investir em treinamentos que capacitem líderes e equipes a realizarem feedbacks claros e respeitosos, promovendo um ambiente seguro para o diálogo sem a necessidade de anonimato.
Lições para as organizações
A polêmica das avaliações anônimas dos influenciadores traz reflexões valiosas para as empresas:
1. Estruturar processos de feedback: estabelecer critérios objetivos e claros para avaliações reduz interpretações equivocadas e evita ruídos.
2. Promover uma cultura de confiança: quando os colaboradores se sentem seguros para compartilhar suas opiniões, o anonimato se torna menos necessário.
3. Educar sobre transparência e ética: líderes devem ser capacitados a comunicar com clareza, responsabilidade e respeito.
Construir um ambiente de confiança exige cuidado e responsabilidade. Transparência, quando bem conduzida, é um ativo poderoso; já a exposição, quando descuidada, pode se tornar um passivo organizacional. Assim como a polêmica dos influenciadores nos ensina, a linha entre transparência e exposição é tênue, e as organizações precisam ser intencionais ao traçá-la.
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