Saúde mental: como suas ações influenciam o bem-estar no ambiente de trabalho?

Escrito por
Delania Santos producaodiario@svm.com.br
Legenda: A forma como nos comunicamos, lideramos e colaboramos define não apenas o clima organizacional, mas também o bem-estar de todos a nossa volta
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Janeiro Branco convida-nos a refletir sobre a saúde mental e o impacto das nossas atitudes no ambiente de trabalho. Será que estamos contribuindo para um espaço mais acolhedor, onde a empatia, o respeito e o diálogo são valorizados? Ou estamos reproduzindo padrões que aumentam o estresse e dificultam a convivência? Que tal começar o ano olhando para dentro e ajustando o que for necessário para construir relações mais saudáveis e produtivas?

A forma como nos comunicamos, lideramos e colaboramos define não apenas o clima organizacional, mas também o bem-estar de todos a nossa volta. Este texto aborda como atitudes simples fazem a diferença e que é de responsabilidade de cada um de nós. Saúde mental não é assunto só do mês de janeiro, é uma preocupação que precisa fazer parte do nosso dia a dia, e é a partir dos pequenos gestos e de interações que podemos influenciar o ambiente de trabalho.

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Quando estou realizando trabalhos de capacitação e mentoria, presencio alguns comportamentos tóxicos nos ambientes organizacionais. Alguns são ovacionados ou defendidos como brincadeiras, mas, na verdade, são verdadeiros gatilhos para o adoecimento da saúde mental. O relatório global World Mental Health Day 2024 traz percepções e desafios relacionados aos sistemas de saúde do mundo. Três em cada cinco pessoas (62%), em média, em 31 países, afirmam ter se sentido tão estressadas, que isso impactou sua vida diária pelo menos uma vez. Quando questionados sobre “qual o maior problema de saúde enfrentado pelas pessoas em seu país hoje”, a saúde mental foi o maior problema relatado. O Brasil é o nono país da lista com 54% que concordam com essa afirmação.

Segundo estudo da consultoria Gallup realizado em 2024, que entrevistou 128 mil pessoas em mais de 160 países, profissionais mal geridos são 60% mais propensos a experimentar altos níveis de estresse. O Brasil é o quarto país com mais profissionais tristes ou com raiva diária na América Latina, conforme a pesquisa, e em relação às pessoas com raiva, ficou em quarto lugar com 18%. Outros gatilhos, no ambiente de trabalho, também podem desestabilizar o estado emocional dos profissionais e parte deles é responsabilidade de cada indivíduo. São eles:

1. Falta de respeito com o espaço coletivo:

O ambiente de trabalho é um espaço compartilhado, e respeitá-lo é fundamental para o bem-estar de todos. Isso inclui cuidar da limpeza, manter o tom de voz adequado e evitar atitudes que possam incomodar ou prejudicar os colegas, como ocupar espaços alheios, desrespeitar as regras do local ou pegar aquele lanche sem nome no frigobar...(risos).

2. Impor seu comportamento para os colegas de trabalho:

Cada pessoa tem seu próprio estilo de trabalho, e tentar impor preferências pessoais, opiniões ou modos de agir pode causar desconforto e conflitos. É essencial buscar equilíbrio e respeitar a diversidade de perfis, opiniões e métodos de trabalho dentro da equipe. Dizer que só funciona depois das 10h, que ninguém pode falar com você, e que se alguém tentar vai levar uma resposta ‘atravessada’, não é nada engraçado. Este tipo de comportamento prejudica o ambiente de trabalho.

3. Não respeitar os prazos de entrega das atividades:

Atrasos constantes impactam diretamente a produtividade da equipe e podem gerar frustração, sobrecarga e estresse nos colegas. Cumprir os prazos demonstra comprometimento e respeito pelo trabalho alheio, promovendo um ambiente de confiança. Se a finalização do trabalho do seu colega depende da entrega de uma atividade sob sua responsabilidade, demonstre profissionalismo e empatia.

4. Interromper constantemente os colegas sem necessidade:

Interrupções desnecessárias quebram o foco e reduzem a produtividade, além de causar irritação. É importante planejar as interações, respeitar o tempo do outro e priorizar a comunicação organizada, utilizando ferramentas como agendas ou mensagens para evitar atrapalhar. Entender o nível de complexidade das atividades de cada integrante do time ajuda.

5. Promover ou tolerar fofocas:

Rumores e comentários maliciosos geram um ambiente tóxico, inseguro e prejudicial. A prática de fofocas destrói relações, cria desconfiança e afeta a saúde mental. Não demonstre receptividade com esta prática, e se não puder evitar ouvir, não passe adiante. Incentivar a comunicação direta e respeitosa é a melhor forma de evitar esse comportamento nocivo.

6. Desconsiderar o impacto emocional das palavras:

Palavras têm poder e, quando usadas sem cuidado, podem ferir, desmotivar e até gerar impactos emocionais duradouros. Oferecer feedback construtivo, evitar críticas destrutivas e ser empático na comunicação são atitudes que promovem um ambiente saudável e acolhedor.

É improdutivo discutir ações mais robustas dentro das organizações se as pessoas que as compõem têm comportamentos contrários muitas vezes ao próprio discurso. Falar sobre o politicamente correto é diferente de se ver como parte do processo e contribuir para que as relações interpessoais se tornem mais saudáveis.

Esses comportamentos, muitas vezes negligenciados, são verdadeiros gatilhos para o adoecimento mental. Adotar uma postura de respeito, empatia e responsabilidade individual é essencial para transformar o ambiente de trabalho em um espaço que valoriza a saúde mental e a convivência harmônica.

Como transformar atitudes em ações concretas?

Para promover um ambiente de trabalho saudável, é importante adotar ações simples, mas eficazes, que impactem positivamente o dia a dia. Aqui estão algumas práticas que dependem de você e que podem fazer a diferença:

Incentive a escuta ativa e saiba lidar com opiniões e pessoas diferentes:

Dê espaço para que os colegas se expressem sem interrupções. Mostre interesse genuíno pelo que está sendo compartilhado e procure entender o ponto de vista do outro antes de responder. Isso fortalece o respeito e a conexão entre os membros da equipe. Lembre-se: é permitido ser e pensar diferente! As diferenças não podem ser motivo de perseguição e assédio.

Pratique o reconhecimento:

Valorizar as contribuições dos colegas, mesmo em pequenas ações, reforça a autoestima e o senso de pertencimento. Um elogio sincero ou um agradecimento público podem ter um impacto duradouro.

Se você é líder, adote todas as sugestões acima e:

Promova conversas sobre saúde mental:

Inicie diálogos sobre o tema de forma aberta e sem preconceitos. Ofereça espaço para que os colaboradores compartilhem desafios e preocupações, criando uma rede de apoio mútuo. Não desconsidere as limitações e os sentimentos dos outros.

Dê o exemplo como líder:

Seja o modelo de comportamento que deseja ver na equipe. Demonstre empatia, mantenha uma comunicação clara e promova práticas que incentivem o bem-estar coletivo.

Transformar o ambiente de trabalho começa com a mudança de atitudes individuais. Ao implementar essas ações no cotidiano, criamos uma cultura organizacional mais acolhedora, na qual a saúde mental é prioridade e todos se sentem respeitados e valorizados. Que tal dar o primeiro passo hoje? Avalie seus comportamentos e veja como você pode contribuir para um espaço mais saudável e produtivo. Afinal, o bem-estar coletivo começa com as escolhas individuais.

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