Black Friday 2020: lojistas e shoppings cearenses preparam-se para a data

Por conta das restrições impostas pela pandemia do Covid-19, Black Friday deve avançar nas compras online. Em todos as compras é necessário fazer pesquisa de preços para não ser enganado

Escrito por Redação ,
Imagem de medição de temperatura em shopping de Fortaleza
Legenda: Shoppings e lojas prometem rigor nas recomendações sanitárias para evitar aglomerações durante a Black Friday no Ceará
Foto: Thiago Gadelha

Lojas lotadas com consumidores disputando produtos e filas quilométricas nos caixas na hora do pagamento, típicas das edições anteriores da Black Friday, não devem se repetir este ano, pelo menos no Ceará. Por conta da pandemia de Covid-19 e das restrições de acesso às lojas, comerciantes de rua e shoppings se adaptaram e prometem manter as promoções para a data, mas com algumas peculiaridades. 

O destaque é a presença de plataformas de compras online adotadas até por tradicionais marcas cearenses. Isso porque a pandemia abalou as vendas ao longo do ano e alterou a programação para o fim de ano. Alguns shoppings da Capital optaram por deixar a cargo de cada lojista as estratégias de vendas durante a campanha, marcada para 27 de novembro. Ja nas lojas do Centro, os esforços são para campanhas pontuais e para o Natal.

"Esse ano, a Black Friday vai ser muito complicada para nós, varejistas, considerando que nós não temos o que liquidar nesse período. O que tínhamos para liquidar, liquidamos em setembro e nos capitalizamos para as compras de Natal. Então, no fim do ano, vamos ter mercadoria nova para os consumidores", observa Assis Cavalcante, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza.

O que conta o empresário já dito por especialistas: em 2020, a Black Friday vai ser, essencialmente, digital. Ou seja, as plataformas de e-commerce devem ser mais usadas para as compras. Segundo levantamento da Ebit/Nielsen, durante o isolamento social o e-commerce ganhou 7,3 milhões de novos adeptos em todo o País. No online, destacam-se alternativas como entregas rápidas e até frete grátis para algumas regiões.

Mas, no Ceará, há alguns lojistas que apostam, sim, na data típica do varejo americano e já preparam estoque e promoções para captar mais clientes no fim do ano.

Estratégias

Com 18 lojas espalhadas por Fortaleza e Região Metropolitana, a Ban Ban Calçados se fortaleceu com uma das grandes redes varejistas do Estado. Nesta Brack Friday, os descontos prometidos chegam a 70%, segundo adianta Caroline Pontes Monteiro, gerente de marketing da rede. Ela também aponta os meios eletrônicos como o principal meio para as vendas deste ano.

"Já no início da pandemia começamos a fortalecer o nosso e-commerce. Hoje, agregamos mais itens nas vendas on-line e implantamos os combos: o cliente compra dois produtos e ganha desconto no terceiro, por exemplo. Os que preferirem a compra presencial, seguimos todos os protocolos sanitários para garantir a segurança de clientes e colaboradores", ressalta.

E é por meio da plataforma online que a rede de shoppings RioMar pretende garantir as vendas durante a campanha. No ar a partir de 1º de novembro, o 'RioMar Tá ON' vai reunir as ofertas nas mais de 100 lojas presentes nas plataformas digitais dos shoppings.

Para aproveitar as liquidações, o consumidor precisa acessar as plataformas www.riomarfortalezaonline.com.br ou www.riomarkennedyonline.com.br, fazer o cadastro e adicionar tudo ao carrinho virtual. A partir daí, os shoppings RioMar são responsáveis por todo o processo de venda, pagamento, retirada dos produtos nas lojas e entrega final no local escolhido.

Já Grand Shopping promoverá a Black Friday entre os dias 27 a 29 de novembro, com a participação de todas as lojas e descontos de até 70%.

“Muitas marcas aderiram à campanha e irão participar este ano. A Black Friday vem ganhando cada dia mais força no nosso shopping, onde os consumidores encontram a oportunidade de realizar suas compras com descontos reais”, comenta a gerente de marketing do Grand Shopping, Carla Werneck. No dia 27, o Grand Shopping terá estacionamento gratuito. 

O shopping garante o reforço dos protocolos de segurança colaboradores e lojistas, com o uso de máscaras sendo obrigatório em todos os espaços e totens de álcool em gel em diversos locais do empreendimento.

Por outro lado, o Shopping Iguatemi Fortaleza não terá ação própria específica para a Black Friday, segundo sua Assessoria de Imprensa. "O Iguatemi apenas apoiará e reforçará as ações promocionais das lojas durante o período", afirma. 

No Shopping Parangaba, a Black Friday vai se estender por uma semana, no período de 23 a 29 de novembro.  Na "Black Week Parangaba", os clientes poderão conferir os descontos em um catálogo Catálogo Virtual, que estará disponível no site do shopping, para compras online e retirada no drive thru que será instalado no shopping.

O shopping afirma que segue seus protocolos de segurança para garantir o melhor conforto e organização pra os lojistas, colaboradores e clientes.

Já a Ancar Ivanhoe que congrega o North Shopping Fortaleza, North Shopping Jóquei, North Shopping Maracanaú e Via Sul Shopping afirma que vai oferecer até 90% de desconto nos aplicativos dos shoppings da rede. A ação, que esse ano será realizada por meio do Clube Desconteria, programa de cuponagem do grupo, vai contemplar ofertas de cerca de quatro mil lojistas.

Para participar, o cliente deverá resgatar os cupons de até 40% e retirar o produto em loja no mesmo dia para liberar as super ofertas com promoções de até 90%. “Esse ano, os consumidores tiveram ainda mais contato com a venda online e isso mudou a realidade do consumo no País. Nesta Black Friday, vamos utilizar o aplicativo, um dos principais canais do shopping, para tornar a experiência do consumidor ainda mais atrativa, cômoda e segura”, explica Diego Marcondes, Head de Marketing da Ancar Ivanhoe.

Expectativa grande, mas oferta menor

Apesar das limitações impostas pela pandemia, deverá haver um crescimento  de 5% a 7% nas vendas durante a Black Friday, em todo o País, de acordo com projeções de analistas de mercado como a Nielsen e a GFK. 

"E aí nós temos três fatores: o auxílio emergencial que está sendo dado e uma redução muito grande da poupança que vai se viabilizar nessa venda de final do ano. O terceiro ponto é que a percepção dos consumidores é de que teremos oportunidades grandes", explica Chistian Aquino, professor da Faculdade CDL.

Mas essas oportunidades devem se concretizar, segundo ele. Esse ano, a tendência é de oferta menor de itens na Black Friday, com preços preços não tão atrativos. Isso porque como a produção brasileira ficou parada durante muito tempo, de três meses para cá, a paralisação começou a afetar a venda e a distribuição de matéria prima, produtos e embalagens. 

Com a oferta menor que a procura, os preços no atacado subiram. Condição definida também pela dificuldade nas importações, dificultadas pela logística e pelo dólar alto.

"O varejista que conseguiu comprar mesmo com um sobrepreço de 40%, vai conseguir alavancar uma venda superior a 30% em relação ao ano passado. Isso porque as pessoas estão em casa e existe uma demanda reprimida em roupas, calçados, acessórios, eletrônicos e eletrodomésticos. O que provavelmente vai acontecer é que o consumidor vai ter 'tudo pela metade do dobro'", observa Aquino.

Cuidados e Direitos

Uma das datas mais aguardadas do ano por consumidores em busca de boas ofertas, para fazer compras na Black Friday requer alguns cuidados e ações prévias. A primeira dica de especialistas é fazer uma lista sobre o que pretende compra. Isso possibilitará ter uma noção de quanto será possível gastar nas compras.

A segunda, e tão importante, é monitorar os sites e anotar os preços já durante o mês de novembro a fim de ter a certeza de que os descontos são verdadeiros.

De acordo com Cláudia Santos, diretora do Procon Fortaleza, os principais problemas encontrados na Black Friday são publicidade abusiva ou enganosa e ainda o não cumprimento da oferta. A dica, segundo ela, é pagar com cartão de crédito, pois havendo alguma oferta não cumprida ou possível fraude em sites, é possível suspender o pagamento via empresa de cartão de crédito.

Além disso, mesmo comprando produtos com descontos na Black Friday, pela internet, "o consumidor pode desistir do produto em até sete dias da data do recebimento do produto, sem nenhuma justificativa, pois o Código de Defesa do Consumidor (CDC) assegura o direito de arrependimento", ressalta.

Veja as dicas:

  • Verifique os preços cobrados antes da Black Friday e registre-os com prints da tela ou foto. Isto pode ser feito em sites de buscas, além das páginas das lojas participantes;
  • Compre sempre em sites confiáveis. Para verificar a segurança da página, ele deve clicar num símbolo de cadeado que aparece no canto da barra de endereço ou no rodapé da tela. O endereço da loja virtual deve começar com https://
  • Todo site deve exibir o CNPJ da empresa ou o CPF da pessoa responsável, além de informar o endereço físico onde a loja possa ser encontrada ou o endereço eletrônico para que possa ser contatada;
  • Analise a descrição do produto e compare com outras marcas;
  • Imprima ou salve todos os documentos que demonstrem a oferta e confirmação do pedido, como comprovante de pagamento, contrato e anúncios;
  • Se houver divergência entre o preço anunciado com o registrado no caixa, o consumidor deverá pagar o menor valor;
  • Peça a nota fiscal com a discriminação do produto ou do serviço detalhadamente; 
  • Computadores de acesso público não devem ser usados para comércio eletrônico ou com internet banking.

Origem

Diversas teorias apontam a origem do termo Black Friday (Sexta-feira Negra, em tradução livre). Uma delas indica que a expressão surgiu no final do século 19, em referência a um colapso da “corrida do ouro” na Bolsa de Valores norte-americana. 

Outra, de que seu uso foi primeiramente utilizado por policiais da Filadélfia, nos anos 1960, quando descreviam a lentidão do trânsito na data que sucede o feriado do Dia de Ação de Graças, tradicional no Estados Unidos. Aproveitando essa lentidão, os comerciantes passaram a apresentar os produtos com preços mais baixos, nas fachadas das lojas, a fim de alavancar as vendas.

Teorias a parte, a Black Friday se tornou popular nos Estados Unidos durante a década de 90. No Brasil, onde o feriado de Ação de Graças não existe, a data passou a ser incluída no calendário comercial do país quando lojistas perceberam o potencial de vendas do dia. 

A primeira Black Friday do Brasil aconteceu no dia 28 de novembro de 2010 e foi totalmente online, quando a data reuniu mais de 50 lojas do varejo nacional. Na data, diversas marcas oferecem grandes descontos para os consumidores, iniciando a temporada de compras para o Natal.

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