Executivos brasileiros são os mais pessimistas, aponta pesquisa

Pesquisa mostra que o grau de otimismo dos diretores financeiros (CFOs) do País com a economia é o mais baixo da série história, que teve início em 2012

A percepção dos empresários em relação ao Brasil continua piorando. A pesquisa Panorama Global dos Negócios, conduzida pela Fundação Getulio Vargas (FGV), pela Duke University e pela CFO Magazine, mostra que, numa escala de 0 a 100, o otimismo dos diretores financeiros (CFOs) do País com a economia é de 35,7 pontos no trimestre. O resultado do levantamento é o mais baixo da série história, que teve início em 2012. Na última leitura, o otimismo estava em 40,6.

A pesquisa também apontou os brasileiros como os mais descontentes com a economia. Na Ásia, local mais otimista, o indicador está em 63,1. Na sequência, aparecem Estados Unidos (62,9), Europa (60,4), América Latina (57,4) e África (44,4). Há dois indicadores bastante preocupantes identificados pela pesquisa que justificam a piora de humor entre os brasileiros: emprego e investimento.

No mercado de trabalho, segundo o levantamento, os CFOs projetam uma queda de 6,6% para o emprego permanente nos próximos 12 meses. No trimestre anterior, a projeção era de um recuo de 0 8%. A pesquisa também captou um recuo na projeção do emprego temporário (4,2%) e terceirizado (9,6%).

Já os investimentos deverão ter uma redução de 8,3% neste trimestre - um número pior do que o apontado na leitura dos primeiros três meses do ano, quando a redução esperada era de 0 8%. Nesse setor, as principais quedas deverão ser registradas em pesquisa e desenvolvimento (7,2%) e em publicidade e marketing (7,4%).

"A projeção do emprego e do investimento mostra que os executivos estão enxergando um cenário muito difícil pela frente", afirma Gledson de Carvalho, professor da FGV e um dos autores do estudo. A pesquisa também teve a participação do professor Klenio Barbosa.

Na avaliação de Carvalho, os resultados da pesquisa para o trimestre indicam que a retração esperada para a economia tende a ser maior do que a previsão. "Com base nos números que estamos vendo, a retração da economia tende a ser pior do que a projetada", afirma. No relatório Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, os analistas consultados esperam um recuo do PIB de 1,35% em 2015.

O levantamento foi concluído em 5 de junho e foram entrevistados 1 mil executivos de todo o mundo, sendo 32 brasileiros.