Na contramão do Brasil, que gerou 34.253 vagas de emprego formal em maio, o Ceará fechou cerca de 2.940 postos de trabalho, segundo dados divulgados ontem (20) pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Foram 29,7 mil admissões contra 32,7 mil demissões no Estado. É o pior mês de maio desde 2003 na série histórica do Caged. O saldo negativo do Ceará só não foi maior do que os resultados dos estados do Rio do Janeiro (-5,5 mil) e do Rio Grande do Sul (-12,3 mil).
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Em abril, o Estado tinha perdido 675 vagas. Na comparação entre os dois meses, a variação negativa foi de 0,25%. No ano, o Ceará perdeu 14.816 vagas de emprego formal, quando foram demitidas 171,3 mil pessoas. Já em 12 meses, foram fechados quase 30 mil postos de trabalho, com 410,5 mil desligamentos, de acordo com o Caged.
Segundo o analista de Mercado de Trabalho do Sistema Nacional de Empregos/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), Mardônio Costa, o comportamento de maio deste ano está praticamente repetindo o resultado de maio de 2016, quando o Estado perdeu 2.906 vagas de trabalho. "Isso traz alguma preocupação porque nos últimos meses estava havendo saldos negativos cada vez menores. É uma reversão da tendência e é fruto dos humores da economia. Está tudo ainda muito incerto com esse vai e vem da crise política, gerando insegurança nos agentes econômicos", afirmou.
Costa disse ainda que a reversão dessa tendência indica que a economia está se recuperando muito lentamente, afetando os resultados de emprego. "Estávamos em uma outra perspectiva com melhoria de alguns indicadores, como inflação e taxas de juros caindo. Se os juros caírem mais lentamente isso vai ter impacto nos investimentos e vai retardar ainda mais o acesso ao crédito, dificultando o retorno do consumo e impactando na geração de emprego", explicou o analista do Sine/IDT.
Apesar do saldo negativo no Ceará, Costa afirmou que os resultados deixaram de piorar ao comparar maio de 2015, 2016 e 2017. "De fato, nos últimos três anos tivemos saldo negativo, só que a situação deixou de piorar. O cenário piorou em maio de 2016, mas deixou de piorar no mesmo mês deste ano. O mercado não está mais demitindo na mesma velocidade de antes".
Setores
Entre os setores que tiveram saldo positivo de emprego em maio no Estado, os destaques foram construção civil (374), agropecuária (161), administração pública (116) e serviços industriais de utilidade pública (5). Já nos setores que mais demitiram do que contrataram, a indústria de transformação teve o pior resultado. Foram 1.464 vagas a menos, seguida do comércio (-1.209), serviços (-881) e extrativa mineral (-42).
"A construção civil vinha de dois resultados negativos e agora teve um resultado positivo. Mesmo assim é uma reversão de tendência em relação a todos os setores, quando a maioria deles voltou a intensificar esse movimento de demissões", comentou o analista do Sine/IDT.
Mardônio Costa ainda disse que as contratações estão ocorrendo de forma muito pontual. Foi o que aconteceu no setor de serviços, no subsetor de transportes e comunicações, que teve saldo positivo de 119 vagas em maio. No caso da indústria de transformação, que apresentou saldo negativo, os subsetores Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos e Indústria do material de transporte apresentaram resultados positivos de 53 e 46 postos de trabalho em maio no Estado, respectivamente.
Para André Montenegro, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), o resultado positivo na construção ainda é muito pequeno. "A tendência é aumentar o desemprego no nosso setor nos próximos meses. Eu acreditava que o resultado ia ser pior, mas ainda geramos empregos. Números positivos apenas a partir de 2018".
Nacional
O País abriu 34.253 vagas de emprego formal em maio, de acordo com o Caged. O resultado decorre de 1.242.433 de admissões e de 1.208.180 demissões. Esse foi o segundo resultado positivo seguido e o primeiro para meses de maio desde 2014, quando foram abertas 58,8 mil vagas. Nos cinco primeiros meses de 2017, há uma abertura de 48.253 postos de trabalho com carteira assinada. Em 12 meses, há um fechamento de 853.665 vagas. O resultado mensal foi puxado pela agricultura, que gerou sozinha 46.049 postos formais em maio. Em seguida, tiveram desempenhos positivos o setor de serviços (1.989 vagas a mais), a indústria de transformação (1.433 postos criados) e a administração pública (criação de 955 vagas). Por outro lado, tiveram saldo negativo Comércio (-11.254 postos), construção civil (-4.021 vagas), indústria extrativa mineral (-510 postos) e serviços industriais de utilidade pública (-387 postos).
Minas Gerais (22,9 mil), São Paulo (17,2 mil), Goiás (7,4 mil) e Espírito Santo (4,1 mil) foram os estados com os melhores resultados de emprego.