Aldeota e Centro lideram abertura de CNPJs em Fortaleza em 2025; veja por bairro

Capital registrou 46,3 mil aberturas de CNPJs de janeiro a setembro deste ano.

Escrito por
Milenna Murta* milenna.murta@svm.com.br
(Atualizado às 10:09)
Foto panorâmica da cidade de Fortaleza, com diversos prédios altos em cores claras, predominantemente brancos, e, à frente, casas baixas com foco nos telhados avermelhados. Ao fundo, o céu azul limpo, com poucas nuvens brancas ao redor.
Legenda: Apenas três bairros do ranking estão na lista dos mais ricos de Fortaleza.
Foto: Thiago Gadelha.

Até setembro de 2025, a cidade de Fortaleza registrou 46,3 mil novos Certificados Nacionais da Pessoa Jurídica (CNPJs). O CNPJ é utilizado para identificar empresas e outras organizações. Dessa forma, o número representa a quantidade de empresas abertas neste ano na Capital. O valor corresponde a um aumento aproximado de 36% em relação a todo o ano de 2024.

Aldeota, Centro e Mondubim contabilizaram o maior número de novos CNPJs desde o começo do ano, somando mais de 6 mil aberturas de empresas. Os dados são da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SDE), da Prefeitura de Fortaleza.

Entre os bairros da Capital com maior crescimento na emissão de CNPJs, apenas três encontram-se na lista dos 20 bairros mais ricos da cidade: Aldeota, Joaquim Távora e Meireles. Os demais estão distribuídos pelas regionais 4, 6, 8, 9, 10 e 12.

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As atividades econômicas que constam nesses novos registros são majoritariamente classificadas como ambulatoriais, varejistas e de entrega.

O presidente da Junta Comercial do Estado do Ceará (Jucec), Eduardo Jereissati, afirma que o crescimento observado é um reflexo do “avanço da formalização de negócios” e da "agilidade do processo de abertura digital", feito de maneira completamente online.

Confira o ranking dos 10 bairros com maior abertura de CNPJs em 2025

  1. Aldeota: 3.625
  2. Centro: 2.099 
  3. Mondubim: 1.093
  4. Messejana: 978
  5. Joaquim Távora: 956
  6. Passaré: 928
  7. Meireles: 918
  8. Jangurussu: 901
  9. Prefeito José Walter: 792
  10. Parangaba: 759

Confira a atividade econômica mais registrada por bairro 

  1. Aldeota: atividades de atenção ambulatorial;
  2. Centro: comércio varejista;
  3. Mondubim: atividade de malote e de entrega;
  4. Messejana: atividade de malote e de entrega;
  5. Joaquim Távora: atividades de atenção ambulatorial;
  6. Passaré: atividade de malote e de entrega;
  7. Meireles: atividades de ensino;
  8. Jangurussu: atividade de malote e de entrega;
  9. Prefeito José Walter: transporte rodoviário de carga;
  10. Parangaba: atividades de ensino;

Avanço no empreendedorismo

Para Vitor Hugo Miro, professor do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), da Universidade Federal do Ceará (UFC), o aumento de registros reflete um “dinamismo de atividade econômica e crescimento do empreendedorismo”.

A criação de CNPJs representa maior formalização. No contexto cearense e nordestino, marcado pelo elevado nível de informalidade, isso é muito positivo. Obviamente, o valor isolado da criação de empresas precisa ser avaliado em um contexto, e o atual é de baixo desemprego e de geração de postos de trabalho. Então, se trata de uma estatística muito positiva".
Vitor Hugo Miro
Professor do LEP-UFC

Os resultados, segundo o docente, vêm das diversas políticas de incentivo ao empreendedorismo, que contribuíram para o declínio das taxas de desocupação no mercado brasileiro: “Quando [o empreendedorismo] é acompanhado da formalização, demostra que os empreendedores estão confiantes com o crescimento da economia”.

João Mário de França, professor da Pós-graduação em Economia da UFC e pesquisador do FGV Ibre, afirma que a expansão dos novos negócios também está associada ao menor custo de aluguel e de despesas operacionais.

Além disso, ele explica que os empreendedores começam negócios próprios para “suprir suas necessidades, por falta de oportunidades no mercado de trabalho formal e informal”. Estabelecer as empresas em bairros como Mondubim e Messejana, então, vem da vantagem deles "conhecerem a realidade da região e possuírem redes de contatos locais".

Descentralização das empresas

Vitor Hugo traz destaque, também, para a descentralização no registro de novas empresas. Cerca de 16% do total de CNPJs ativos do bairro Mondubim são de novos registros abertos de janeiro a setembro deste ano. Já no Passaré, o número chega a 15,9% do total de CNPJs criados em 2025. 

A situação é similar para o Jangurussu (14,78%) e a Messejana (13,34%). Os quatro bairros, até o mês de setembro, tiveram porcentagens maiores do que as equivalentes à Aldeota (13,72%), ao Joaquim Távora (13,30%), ao Centro (9,71%) e ao Meireles (9,34%).

“Esse movimento pode ser resultado tanto da expansão urbana, quanto da busca por oportunidades mais próximas das moradias”, presume Vitor, trazendo a capacidade desses bairros em reter o consumo local como justificativa para esse ganho de força.

Assim como o especialista, João Mário vê que o movimento se desdobra pelo crescimento populacional desses bairros. Ele também afirma que a facilitação de acesso, devido aos avanços na infraestrutura, transforma-os em “atrativos para investimentos privados”, seja residencial ou de comércio e serviço.

São regiões que têm recebido novos empreendimentos imobiliários, melhor infraestrutura e um fluxo crescente de moradores e consumidores. Se essa tendência se mantiver, a cidade tende a ter um tecido econômico mais distribuído, consolidando diferentes núcleos de atividade comercial".
Vitor Hugo Miro
Professor do LEP-UFC

*Estagiária sob supervisão do jornalista Hugo R. Nascimento.

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