Adriano Pires desiste de indicação à presidência da Petrobras por conflito de interesse

Para assumir a estatal, ele teria que abrir mão de seus negócios, já que possui contratos de longo prazo com petroleiras e empresas de gás

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Adriano Pires
Legenda: Adriano Pires desistiu de indicação à presidência da Petrobras
Foto: Pedro França/Agência Senado

Indicado para a presidência da Petrobras, Adriano Pires desistiu de assumir o comando da empresa depois de o governo Bolsonaro receber informações de que o nome dele não passaria no "teste" de governança da empresa.

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A desistência, comunicada ao Palácio do Planalto, vem depois de o Estadão revelar que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu que Pires fosse impedido de assumir o cargo enquanto não houvesse uma investigação do governo (Controladoria-Geral da União e Comissão de Ética) e da Petrobras sobre a atuação dele no setor privado.

Ele foi indicado pelo governo como o terceiro presidente da Petrobras. Antes do general Silva e Luna, que ainda está no cargo, o comando era de Roberto Castello Branco.

Como sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Pires tem contratos de longo prazo com petroleiras e empresas de gás, como a Cosan. Ele teria que abrir mão dos negócios. Segundo fontes, Pires achou que daria simplesmente para passar para o filho, o que não é permitido pelas regras de governança da estatal.

Com o impedimento, ele decidiu abrir mão do comando da Petrobras.

A checagem do nome de dirigentes por empresas de fora da Petrobras é uma obrigação das regras da estatal, que tem ações na Bolsa. Com o alerta da Petrobras apontado conflito de checagem, os patrocinadores da indicação de Pires no governo foram retirando o apoio.

Equipe econômica apontava restrições

Alinhado com o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, a indicação de Pires também é vista com restrições por integrantes da equipe econômica que participaram das negociações da lei do gás.

Na votação da Medida Provisória que permitiu a privatização da Eletrobras, Pires se aproximou de lideranças do Centrão, entre eles, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que teria pavimentado o acesso dele e de Pires ao gabinete de Bolsonaro.

Em reuniões com representantes do Ministério da Economia, Pires defendeu os interesses das empresas ao patrocinar os "jabutis" (medidas estranhas ao projeto, como a exigência na contratação de térmicas) que foram colocados na nova legislação, o que irritou os negociadores do Ministério da Economia.

Na época da escolha de Pires para o comando da Petrobras, o sentimento foi de perplexidade no time do ministro da Economia, Paulo Guedes. O maior conflito de interesse de Pires é a ligação com o empresário Carlos Suarez, dono de distribuidoras de gás, e Rubens Ometto, da Cosan.

Após decisão de Pires, funcionários da Petrobras comemoram a desistência com a avaliação de que a governança estava sendo suficiente para impedir nomeações que possam complicar os rumos da empresa.

Landim também recusa

Além de Pires, o empresário Rodolfo Landim já tinha comunicado o governo, na madrugada de sábado (2) para domingo (3), que decidiu recusar a indicação para presidir o Conselho de Administração da Petrobras porque também recebeu avisos de que não passaria no teste de governança.

Landim havia sido indicado para o cargo em 28 de março, junto com o nome de Pires para a presidência da estatal. Em carta endereçada ao ministério, Landim, que também é presidente do Flamengo, afirma que, "apesar do tamanho e da importância da Petrobras para o nosso País, e da enorme honra para mim em exercer este cargo", decidiu abrir mão da indicação e concentrar-se na administração do time.

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