Saiba qual o risco de acidente com peixe-leão durante banho de mar nas praias do Ceará

Pesquisadores cearenses monitoram o aparecimento da espécie invasora e analisam os riscos neste momento inicial

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Espécie invasora peixe-leão
Legenda: Espécie invasora se prolifera pelo litoral cearense e representa risco à saúde em caso de contato direto
Foto: Tommaso Giarrizzo/Arquivo pessoal

A proliferação do peixe-leão no Ceará levanta dúvidas sobre o risco de ferimentos com a espécie venenosa durante uma das atividades mais tradicionais no Estado: o banho de mar. Os especialistas explicam que essa possibilidade é muito baixa, mas indicam o que fazer em caso de ferimento e como contribuir com o monitoramento do animal.

O peixe-leão foi registrado pela primeira vez no litoral cearense em março deste ano e no, mês seguinte, causou ferimento em um pescador. Até o momento, 5 cidades já confirmaram a presença do animal. Mas qual a chance de um banhista ser atingido pelo bicho?

“Depende do local: o peixe não é de praia arenosa, então a probabilidade disso ocorrer é muito baixa nesse ambiente. Porém, em banhos de ambiente de rochas e de recifes, aumenta um pouco o risco”, explica Marcelo Soares, professor no Instituto de Ciências do Mar (Labomar), na Universidade Federal do Ceará (UFC).

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Isso acontece porque, em geral, o peixe-leão fica em profundidades entre 6 e 9 metros. Como a espécie não ataca, o risco maior acontece para pescadores.

“Por enquanto, a gente tem detectado mais o animal em currais de pesca, que é uma área muito específica para pescadores, e não turistas ou pessoas que só tomam banho de mar”, acrescenta.

Quem monitora a situação do peixe-leão no Ceará aponta que os próximos meses podem ser mais complicados para a identificação do bicho, já que a visibilidade nas praias diminui.

“A gente tem um problema, principalmente no segundo semestre, porque a nossa água fica muito turva devido a força dos ventos. Então, vai ficar muito difícil controlar em relação ao Caribe, que tem as águas claras o ano todo”, compara Marcelo.

Existe chance do peixe-leão se espalhar?

O animal possui uma capacidade de se reproduzir a cada 4 dias e uma fêmea pode colocar em torno de 2 milhões de ovos por ano. Isso acontece sem que exista um predador desses peixes e, dessa forma, a espécie vai avançando por outros locais.

No Ceará, foi confirmada a presença do animal invasor em Jericoacoara, Acaraú, Camocim, na Praia de Bitupitá e Itarema.

“O animal está só até em Itarema, mas se nada for feito ele vai se espalhar em todo o litoral tropical nordestino se não for controlado”, alerta Marcelo. Uma das formas de controlar o peixe-leão é a caça desses animais em parceria com pescadores.

Peixe
Legenda: Peixe possui toxina danosa à saúde humana nos espinhos
Foto: Tommaso Giarrizzo/arquivo pessoal

Mas, nesse momento inicial, ainda não há nenhum projeto de caça da espécie invasora no Ceará, como explica Luis Ernesto Bezerra, professor no Labomar e Cientista-Chefe de Meio Ambiente pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado (Sema).

“Na última reunião do Observatório Costeiro e Marinho, que reuniu dezenas de especialistas, foi decidido que não se ia estimular ainda a captura porque era preciso informar a população, pescadores e mergulhadores dos riscos e de como deve ser feita a captura e manuseio”, destaca.

Peixes serão monitorados

Pesquisadores cearenses deram o primeiro passo para o monitoramento do peixe-leão com o lançamento de um aplicativo para uso nacional. As informações coletadas com apoio da população, pescadores e mergulhadores devem embasar estratégias de contenção.

Além do canal, o Observatório Costeiro e Marinho disponibiliza um contato de Whatsapp para que a população possa enviar informações sobre o peixe-leão: (85) 3366-7059. Na sexta-feira (6), representantes de 20 municípios do litoral cearense devem se reunir para trocar informações sobre o monitoramento.

“Além de dar maiores esclarecimentos sobre os riscos para o ambiente e para a saúde humana. As secretarias de saúde dos municípios também irão participar, bem como um representante da Secretaria Estadual da Saúde”, explica Luis.

O que fazer em caso de acidente com o peixe-leão?

Embora a possibilidade de banhistas se machucarem com o animal, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) publicou uma nota técnica na última sexta-feira (29) detalhando os sintomas e cuidados em caso de ferimentos.

Quem é ferido por um peixe-leão deve fazer a imersão do local em água quente, entre 40°e
45°C, por 30 a 40 minutos - o quanto a pessoa conseguir manter.

Se isso não for possível, a Sesa orienta que a parte afetada seja aquecida de outra forma, porque o calor desnatura as proteínas do veneno, dificultando sua absorção. É indicado que o paciente busque uma unidade de saúde mais próxima do local.

Saiba quais os sintomas da toxina do peixe-leão em humanos:

  • Dor
  • Edema
  • Vermelhidão
  • Equimose (roxidão na pele)
  • Diarreia
  • Náuseas
  • Convulsões

A Sesa frisa que em caso de acidente com o animal, o envenenamento pode ser doloroso e com outras reações mais severas. Caso o animal seja capturado, não deve ser devolvido para o mar, mas sim reportado aos órgãos competentes.

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